segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Projeto de uma vida em silêncio

1. Tempo de Silêncio

Hoje, é o dia do silêncio,
dia do vazio,
dia do nada,
dia de nadar nadando no nada nadante.
É preciso nadar,
esvaziar-se,
silenciar,
entregar-se,
abandonar-se no silêncio solitário da solidão.
Então, neste momento, encontrei Deus, o Senhor.
Sozinho,
na solidão,
no silêncio,
no vazio,
no deserto,
no nada, felizmente, fiz meu encontro com Deus, o Senhor.
Escuto a voz do Senhor Deus: é de paz que Ele fala
é do bem que Ele surge,
é na luz que Ele vive,
é com o amor que Ele trabalha,
é pela vida que Ele zela.
No silêncio, o vazio e o nada fizeram-se deserto e solidão:
- Deus apareceu,
o Senhor aconteceu.
Eis que agora meu vazio se encheu.
Meu ser tornou-se plenitude,
ganhei altitude nos céus de Deus
Sim, é tempo de silêncio.
Tempo de Deus..

2. O Discurso do Silêncio

Escuto a voz de Alguém dentro e fora de mim.
Alguém fala,
vive,
existe e insiste,
caminha e se movimenta aquém e além de mim, no interior de mim.
Alguém é linguagem de vida,
caminhada existente,
movimento insistente.
Alguém falante,
vivente,
energético,
caminhante,
insistente,
existente.
O Silêncio fala: eis o pensamento.
O Silêncio fala de Alguém: pensamento do pensamento.
Pensando em Alguém, o silêncio se faz vida, energia, movimento, eternidade.
Refletindo sobre Alguém, no silêncio em mim, de mim e para mim, penso no eterno, na eternidade da vida, no movimento eterno do ser vivente que agora está em mim.
Ele, o fundamento da vida,
o princípio do amor,
a raiz da paz,
a origem da luz,
a fonte do bem.
Alguém justo, direito e verdadeiro.
Alguém livre e feliz, respeitoso e responsável, saudável e educado, bom, a bondade em pessoa, consciente e contente.
A voz do silêncio se faz ouvir.
É de paz que Ele fala.
É do bem que Ele vive.
É na luz que Ele está.
Ele, Deus e Senhor.

3. A Árvore do Silêncio

Na construção do silêncio, vários momentos são percorridos, tais como:
a) A Raiz do Silêncio é a Graça de Deus, o Senhor.
b) O Tronco do Silêncio é o Amor.
c) O Caule do Silêncio é a Vida.
d) As Folhas do Silêncio são a Paz e a Ordem.
e) As Flores do Silêncio são a Reflexão e a Paciência.
f) Os Frutos do Silêncio são o Bem e o Discernimento.

4. Terapia do Silêncio
A Cura pela presença da ausência

Silenciar não é sinal de omissão.
Silenciar pode ser uma necessidade momentânea de reagir contra o mal e a violência.
Silenciar possivelmente é a necessidade de manter-se bem consigo mesmo e em paz com os outros.
Silenciar pode ser um instante de oração onde a criatura se eleva diante de Deus, o Senhor.
Silenciar pode ser também um estado de dor ou sofrimento.
Silenciar pode ser ainda um tempo de loucura, ausência de consciência ou falta de juizo.
Silenciar pode ser igualmente a vontade de manter-se distante de brigas, guerras e confusões.
Silenciar é antes um desejo e uma necessidade.
Desejo do bem e necessidade de paz.

5. Uma Mente em Silêncio

Silêncio é um estado de ordem mental, física e espiritual, vida disciplinada e organização das idéias, do pensamento refletido, do conhecimento adquirido e do discernimento almejado.
Silêncio é a paz vivida e o bem praticado, o amor querido e a vida desejada, a condição para a luz, a base da justiça, o princípio do direito e o fundamento da verdade.
Silêncio é o lugar do planejamento de uma vida, do projeto de um trabalho, da preparação de uma tarefa, do condicionamento de uma atividade e do exercício de uma função.
Uma mente em silêncio – eis o ambiente propício para um sonho ser realizado, um desejo ser praticado, um pensamento ser experimentado e uma vida ser trabalhada no presente e no futuro, aqui e agora, dentro e fora da realidade cotidiana, no dia-a-dia da nossa vida.
Uma razão silenciosa pensa mais e reflete melhor.
Uma atividade silenciosa produz mais e se qualifica melhor.
Um trabalho silencioso é cheio de virtudes, impõe respeito e mantém a responsabilidade, favorece a liberdade e se encontra com a felicidade, abraça o juízo e o bom-senso, tem saúde e bem-estar, é bondoso e pacífico, luminoso, vivo e amante, justo, direito e verdadeiro.
Uma inteligência em silêncio é capaz de grandes momentos e altos empreendimentos, boas projeções de vida e ótimas chances e oportunidades de se dar bem na realidade diária da nossa existência cotidiana.
Silêncio, como disse acima, é a ordem da paz, a paz espiritual, a calma da alma, a tranquilidade do espírito, o repouso do corpo, o descanso de uma vida de trabalho, a disciplina da consciência e a organização dos exercícios e atividades do dia-a-dia.
Uma mente em silêncio – eis a ordem da nossa casa, um ambiente arrumado e com jeito de uma paz que se vive e de um bem que se pratica, de um amor que se deseja e de uma vida que ilumina a todos e a cada um dos que estão ao seu redor.
Deus habita no silêncio.

6. As Raízes do Silêncio

O Nada e o Vazio sustentam a realidade do silêncio refletindo então deste modo a vida do universo e da natureza criadas, seu ser, seu pensamento e sua existência.
No silêncio nada-se no vazio, esvazia-se o ser, pensa-se na existência humana e natural e seu universo mental, corporal e espiritual, seu mundo de matéria e espírito, seus momentos políticos, sociais e econômicos, suas circunstâncias culturais e ambientais, seus relacionamentos individuais, grupais e coletivos, suas situações temporais, reais, atuais e históricas, suas condições e relações de vida e trabalho, saúde e educação.
Nadando no vazio silenciante, ordena-se a mente, disciplina-se a razão e organiza-se o conhecimento.
Cria-se assim um ambiente propício em que surgem novos conteúdos de conhecimento, novas matérias de pensamento, novas tentativas de discernimento onde se separa o bem do mal, a paz da violência, a luz das trevas, o amor do ódio e a vida da morte.
Condiciona-se uma nova cultura do bem e da paz e uma nova mentalidade de não-violência, sem crueldade, sem maldade e sem agressividade, sem divisão, sem exclusão e sem marginalidade.
O Silêncio na verdade proporciona tudo isso.
E quem sustenta o silêncio ?
Quem garante sua realidade ?
Quem fundamenta sua dimensão temporal e eterna ?
Quais são as suas fontes, suas bases originais, seus princípios reais e atuais ?
Sua garantia segura é Alguém que não é ninguém.
É a presença da ausência.
É o nada e o vazio.
No mundo do nada e do vazio, portanto, constrói-se a vida, a natureza e o universo, o tempo e a história, o infinito e a eternidade, o aqui e o agora, o aquém e o além.
Sobre o vazio e o nada ergue-se o edifício da vida, seu ser pleno de graça, seu pensamento cheio de possibilidades e sua existência de temporalidade e historicidade cuja realidade supera os limites do tempo, ultrapassa as barreiras geográficas e transcende a matéria, mergulhando então no oceano da eternidade onde reina feliz, alegre e contente os viventes que na Terra fizeram de Deus seu Rei e Senhor.
No silêncio pois encontramos o Senhor Deus do Bem e da Paz Eternas.
Ele é Alguém que não é ninguém.


7. O Barulho e o Silêncio
O Silêncio terapêutico e o barulho patológico
Quando silenciar é a opção mais correta e saudável

Se possível, faça silêncio em sua vida, cultivando a paz que dele vem, desenvolvendo boas idéias e bons ideais, fugindo do barulho enlouquecedor e ensurdecedor, vivendo a sua realidade cotidiana com a ética das boas virtudes, com o bom conhecimento adquirido até aqui e com uma espiritualidade natural onde Deus, o Senhor, tenha o seu tempo e o seu espaço, a fim de proporcionar-lhe suas graças, favores e benefícios cujos lucros e créditos possibilitarão maiores e melhores condições e relações de vida, trabalho, saúde e educação para todos e cada um dos que vivem e convivem em sociedade.
Cultive o silêncio.
Fuja do barulho.
Tenha boa saúde e bem-estar com qualidade de vida favorecendo o silêncio em sua vida, razão de nossa ordem mental, equilíbrio emocional, organização dos conhecimentos e disciplina moral em nossos exercícios físicos e atividades corporais da vida do dia a dia real e atual em que nos incluimos e inserimos.
Silêncio é o reflexo da saúde mental.
Sinônimo de paz, deve integrar-se em nossa existência diária, para que tenhamos ordem e paz em nossos compromissos e responsabilidades, disciplina e organização em nossos exercícios e atividades, saúde e bem-estar em nosso corpo, mente e espírito.
Silêncio é sinal de repouso.
Descansando em paz, criemos sempre as condições de possibilidade para o surgimento do silêncio cujo fundamento é Deus, o Senhor.
Devemos fugir das doenças, moléstias e enfermidades proporcionadas pela cultura do barulho, abraçando a partir de então a terapia do silêncio, que cura o nosso mal-estar, eleva a nossa auto-estima e desenvolve a nossa boa qualidade de vida de que necessitamos para a vivência de uma existência rica de otimismo, alto-astral e positivismo equilibrados.
O Silêncio é a revelação do equilíbrio.
Equilibrados mental e emocionalmente, tenhamos de fato uma vida cotidiana de saúde e bem-estar individual e coletivo.

8. Silenciar, um bom caminho

No dia a dia, a opção pelo silêncio nos ajuda a equilibrar nossas experiências cotidianas, ordenar a nossa mente e disciplinar o nosso corpo, organizar nossas idéias e conhecimentos, produzir outros, novos e diferentes conteúdos de saber, criar alternativas de trabalho, melhorar o nosso convívio familiar, conquistar grandes amigos, arrumar garotas, namorar com qualidade e satisfação e paquerar realizando nossos desejos e esperanças, anseios e aspirações, qualificar nossos relacionamentos, enriquecer nossas atitudes e atividades, e tornar excelentes nossas maneiras de pensar e gerar valores morais e princípios espirituais, bons orientadores da nossa vivência diária e noturna em sociedade. Então, com o silêncio, temos tranquilidade para pensar e fazer nossas coisas, colocar em ordem a nossa vida, adquirir a paz interior, abraçar uma vida de qualidade ética e rica em espiritualidade natural. Nessa hora, Deus aparece e acontece em nós, passando a ocupar um lugar predileto na nossa vida, a ter voz e vez em nossas práticas de cada dia, noite e madrugada, hora, minuto e segundo. Sim, o silêncio nos faz bem. Ajeita a nossa vida cotidiana. Põe em ordem a nossa vida. Transforma em melhor nossas relações com as pessoas, situações que ignoram a violência interpessoal e a agressividade entre grupos e indivíduos. Prefiro o silêncio. Mais importante é a minha tranquilidade. Quero a minha paz interior. Silenciar, eis um caminho bom e que nos faz bem, diante da correria da sociedade, da velocidade do trabalho e da aceleração da convivência na rua e na família. Prefiro o silêncio.

9. Silêncio é o meu nome

Silêncio...

Momento de solidão e meditação
Tempo de recolhimento
Hora de colocar todas as coisas em ordem
Dia de Deus

Momento de paz
Tempo de calma e tranqüilidade
Hora de repouso
Dia do Senhor

Momento de equilíbrio
Tempo de ordenar a mente
Hora de disciplinar a razão
Dia de organizar os conhecimentos

Momento de superação de limites
Tempo de ultrapassar barreiras
Hora de transcender obstáculos
Dia de Vitória

Momento de possibilidades
Tempo de tendências
Hora do presente em vista do futuro
Dia do amanhã de manhã

Momento de necessidades
Tempo de desejo
Hora da realidade
Dia do cotidiano

Momento oportuno
Tempo necessário
Hora importante
Dia interessante

Momento especial
Tempo espiritual
Hora mental
Dia cordial

Momento de esperança
Tempo de criança
Hora da bonança
Dia de um sonho real

Momento de amor
Tempo de vida
Hora de respeito
Dia da responsabilidade

Momento racional
Tempo natural
Hora de juízo e bom-senso
Dia da consciência

Momento de experiências mentais
Tempo de projetos futuros
Hora da realidade presente
Dia da existência insistente

Momento humano
Tempo divino
Hora cristalina
Dia do espelho

Momento de ordem e progresso
Tempo de crescimento e desenvolvimento
Hora de evolução material e espiritual
Dia do corpo, da mente e do espírito

Momento espiritual
Tempo da alma
Hora da energia mental
Dia de movimento

Momento de processo temporal
Tempo eterno
Hora infinita
Dia da história e da eternidade

Momento do Senhor
Tempo de Deus
Hora Suprema
Dia Superior

10. Quando o silêncio é melhor...

Diante da confusão mental e das complicações irracionais, melhor fazer silêncio.
Perante as situações de conflito na rua, na família ou no trabalho, melhor procurar o silêncio.
Nas circunstâncias de dúvida existencial e incerteza emocional, melhor buscar o silêncio.
Nos momentos de vazio do espírito onde o nada é a verdade mais absoluta, melhor estar em silêncio.
Nos instantes de violência urbana e rural em que a maldade das pessoas é a realidade mais forte, melhor desejar o silêncio.
Nas condições de vida adversa cujo ambiente é contrário à nossa natureza e antagônico em relação à nossa consciência, melhor querer o silêncio.
Na hora da dor alheia ou do sofrimento de um amigo, parente ou familiar, onde as soluções são questionadas e as respostas se transformam em outros pontos de interrogação, melhor se encontrar com o silêncio.
No dia da contradição quando o mal-estar é elevado, a doença se aproxima de nós e os sentimentos contrários parecem querer nos derrubar e destruir, melhor o silêncio que acalma e tranqüiliza a nossa alma.
Porque no silêncio está a ordem da consciência, o equilíbrio da mente e o bom-senso da inteligência.
Porque com o silêncio a paz chega perto, o bem se aproxima, o amor se faz e a vida começa a transbordar.
Porque sem o silêncio não há paz interior, a verdade se afasta de nós, a luz do conhecimento foge da nossa presença, a liberdade não se cria e a felicidade não se constrói.
Porque do silêncio vem a harmonia com a natureza, a sintonia com o universo e a alegria de se estar na presença de Deus.
Porque pelo silêncio a vida se endireita, o homem se torna corajoso e a mulher se transforma na beleza mais pura e mais rara.
Porque para o silêncio nós caminhamos: o silêncio da eternidade.
É, o silêncio é melhor do que o barulho.
Nele, a paz, a vida e a ordem.
Por ele, o bem se faz.
Com ele, se ama os outros.
Dele, vem o equilíbrio e o bom-senso.
Para ele, realizamos o caminho que nos leva a Deus.
É bom fazer silêncio.
O Silêncio é um bem que trazemos dentro de nós.
Um patrimônio humano e divino.
O Silêncio é bom.

11. E só me restou o silêncio

Na dialética do cotidiano das ruas e diante da crise existencial que muitas vezes afeta as nossas relações com a família e o trabalho, me vejo no limite da natureza, fadigado espiritualmente, cansado no corpo e na alma, esgotado mentalmente, sujeito ao império de doenças que se espalham rapidamente em nossos ambientes de vida, em nossos relacionamentos diários e noturnos, e em nossos intercâmbios culturais que estabelecemos quase sempre cotidianamente com amigos e garotas, parentes e familiares. Perante o assombro das moléstias, a crise de valores, a falta de princípios, a ausência de regras, a carência de normas que restabeleçam nosso equilíbrio e bom-senso, o vazio de raizes que fundamentem nossas atitudes, consolidem nossos passos e estabilizem nossas tarefas do dia a dia, só nos resta o silêncio de quem carece de opções e sofre com a insuficiência de alternativas que produzam sentido em nossas almas e razão em nossos espíritos cercados de problemas por todos os lados, convivendo com conflitos a todo momento e cheio de dificuldades nas relações e interatividades que realizamos a cada hora, minuto e segundo. Sim, só nos resta o silêncio. O silêncio dos limites com que nos chocamos em nossa existência diária, e sua falta de oportunidades para sair dessa crise de valores e princípios, que ora e outra bloqueiam nossas atividades e se tornam barreiras em nosso caminho de ascensão pessoal e social e obstáculos para o nosso crescimento nas virtudes espirituais como o sorriso para as pessoas, a alegria de viver e o otimismo que levanta os deprimidos e encoraja os mais fracos e abatidos. Então, só nos resta o silêncio de quem não sabe o que fazer, qual caminho perseguir, ou a estrada a ser procurada. Vemo-nos nas fronteiras das impossibilidades e nos limites da ausência de alternativas que possam resolver nossas contrariedades e solucionar nossas dúvidas e incertezas. Falta-nos sim espaços para andar, opções para abraçar, motivos para viver, sentido para uma existência agora vazia e sem nada. E só nos resta mesmo o silêncio. Talvez nesse estado sem alternativas e carente de possibilidades eu encontre algo que preencha os meus vazios ou Alguém que dê sentido ao meu ser, pensar e existir. Quem sabe um Deus resolva aparecer e me dar todas as respostas que eu preciso para bem encaminhar minha vida, resolucionar minhas contradições internas e satisfazer meu desejo pela convergência entre pensamento e realidade e a concordância entre consciência e experiência. É possível que surja uma boa idéia. Ou um outro, novo e diferente caminho a seguir. Ou uma via alternativa que alivie minhas tristezas e angústias, apague meus medos e pânicos, dissolva minhas aflições e desesperos, acabe com minha ansiedade, elimine meu estresse exagerado pleno de adversidades interiores e externas.
E só me restou o silêncio.
Que ele seja fértil e apresente-me uma estrada diversa capaz de dar soluções aos meus transtornos mentais e emocionais e aos meus distúrbios físicos e espirituais, materiais e existenciais.
Pode ser que ele abra para mim uma grande esperança.
Renove o meu existir.
E liberte-me das prisões da alma e das escravidões do corpo e do espírito.
E quando esse instante chegar.
Terei paz interior. O Bem e a Bondade me abençoarão.
Respirarei a tranquilidade do ambiente que me envolve.
E apagarei os meus sonhos e fantasias.
E deitarei e dormirei sossegado certo de que Deus me acompanha nesse mundo de silêncio gritador.
Deus, a minha Segurança.

12. Ambiente de Silêncio
Onde se respira o Nada e vive-se o Vazio

Nadar, esvaziar-se, silenciar parecem sinônimos de uma mesma realidade vivencial, existencial, experiencial e espiritual. Tal é a realidade nadante dos seres e das coisas mergulhados em um mundo vazio e silencioso em que os fenômenos acontecem pacificamente e suas ocorrências manifestam ao seu redor ordem e repouso, descanso permanente de seus trabalhos, calma contínua de suas atividades diárias, tranquilidade constante de seus exercícios mentais e físicos cotidianos. Nessa realidade ôca, nadante, esvaziante e silenciante de fato a vida é ordenada, disciplinada e organizada, a existência tem um sentido de equilíbrio mental e emocional, a experiência do dia a dia revela os fatos sociais, culturais e ambientais que refletem os conhecimentos então obtidos, a ética comportamental até aqui e agora adquirida e a espiritualidade natural cujo reflexo positivo e otimista é a Razão Suprema e a Inteligência Superior, Deus e Senhor, o Autor da Vida, o Criador das possibilidades nadantes e das tendências esvaziantes do Silêncio Vivo, de energias fecundas e profundas, cujas raizes fazem surgir novas descobertas do ser, do pensar e do existir, fonte de novidades permanentes, origem de constantes revelações a respeita da vida e seu fluxo energético de novas certezas e novas verdades, novas aberturas renovadoras e libertadoras de seu complexo de surpresas, novidades e descobertas contínuas e progressivas. Esse pois o mundo do silêncio e seu universo de realidades nadantes e esvaziantes, que, na verdade, dão sentido à vida e razão à existência, princípio de fertilidades constantes e origem de profundidades permanentes, de onde brotam novas e diferentes possibilidades de pensamento, conhecimento e discernimento, de idéias que se criam e de ideais que se almejam, de novos desejos que se realizam e novas necessidades que se satisfazem, de outros sonhos que se concretizam e de diversos tipos de esperança animadores da vida real cotidiana. Com efeito, o reino do silêncio é o império das fertilidades possíveis e das profundidades fecundas, geradoras de novas alternativas de valor, novas opções de sentimentos e comportamentos, campo fértil de novas e boas idéias e grandes ideais enraizados na cultura do bem e da paz, do amor e da vida, e em uma mentalidade sem maldade e sem violência, de não-agressão, de não-divisão, de não-exclusão e de não-marginalização social, política, econômica e cultural. Nesse universo, Deus é possível.

13. No meio do silêncio,
um grito

Hoje, acordei disposto a me calar, a não falar com ninguém, a não soltar a voz em defesa de alguém ou em seu benefício.
Quero silenciar.
Ouvir o que o silêncio tem a me dizer.
Quem sabe os passarinhos cantem para me ensinar que a música é amiga da vida e da arte.
Ou talvez as violetas me manifestem o seu odor de viúvas negras querendo me iluminar com o seu odor de cemitérios ambulantes.
Ou pode ser que os bombons de chocolate que tenho aqui em casa me digam que a realidade precisa de energia capaz de fortalecer os fracos e levantar os deprimidos.
É possível ainda que o bife a rolé com batatas que hoje irei comer me ajude a entender que o silêncio é como os alimentos que gostam de ocupar os nossos espaços vazios na barriga para que não sintamos falta do nada que nos amedronta e das coisas ocas que nos afligem e fazem desesperar.
Ou também pode acontecer que o próprio silêncio igualmente se cale a fim de que as pérolas azuis da nossa consciência nos falem dos compromissos diários que temos e das responsabilidades que não podem estar ausentes do nosso cotidiano.
Ou será que a voz dos que se calam é mais forte que o barulho dos ventos, mais quente que o fogo do sol, mais brilhante que a luz da manhã, mais saudável que o suco de uva que ocupa as ausências do gelo da minha geladeira e perfuma a noite do frio e embeleza com vida as minhas interioridades ardentes que incendeiam como o fogão da cozinha ou as brasas calorosas do verão carioca.
Hoje, quero sentir o silêncio, e tentar descobrir o que ele aqui e agora tem a me dizer.
Irá ele ordenar as minhas idéias que se complicam e se confundem umas com as outras diante dos gritos das ruas e das fofocas dos vizinhos e dos trovões e tempestades que ocorrem nas adjacências dos supermercados aqui perto ?
Pode ocorrer o fato do silêncio gritar dentro das nossas cabeças enlouquecidas pela irrealidade da imaginação ou da irracionalidade dos nossos pensamentos que ainda não surgiram.
Dizem até que calar é mais barulhento que as palavras que saem da nossa boca.
Porque nesse conflito interno e nessa bagunça de símbolos e imagens interiores que se chocam alguém quem sabe decide se manifestar e gritar bem alto que nossas ausências estão pedindo paz, a calma da alma e a tranqüilidade do espírito.
Só sei que há muito tempo tenho escutado o grito do silêncio dentro de mim pedindo-me insistentemente uma chance para sobreviver ou uma oportunidade para expressar a sua voz delirante clamando por vez em nossas vidas de cada dia e de toda noite.
Espero que alguém, não só eu, deixe o silêncio gritar, os vazios do ego se manifestarem e os nadas da existência fazerem o barulho necessário para que todos acordem de seus sonhos metafísicos e abram-se de vez ao discurso dos que se calam para que Deus fale e a vida grite os segredos da realidade e vocifere os mistérios do ser, do pensar e do agir.
Sim, hoje quero escutar o silêncio.
Pode ser que ele descubra algum problema que ainda não percebi, ou me revele que as avenidas da vida estão cheias e cansadas das cargas pesadas dos que não têm tempo para si mesmos, ou talvez mesmo não puderam se encontrar, ou se apagaram da existência através dos pesos da consciência e das contradições diárias que a realidade sempre nos apresenta.
Talvez o silêncio me conte uma história de onde eu possa tirar uma lição de vida.
Ou narre para mim a minha jornada pela Terra até agora e torne a partir de então a minha caminhada dentro da sociedade tão elegante como as passarelas da moda de Paris, de Roma ou de Berlim, ou tão elevada como as montanhas que cercam o Rio de Janeiro, ou tão excelente como as jóias das princesas de Lisboa, ou tão preciosa como as pérolas vermelhas e azuis dos colares e brincos da Rainha da Inglaterra.
Pode ser.
Mas ainda prefiro as minhas ausências do ser, os vazios aquecidos do meu pensamento sempre fértil, fecundo e profundo, ou os nadas nadantes da minha consciência ocupada pelos barulhos das idéias que se criam em mim misturadas com as imagens do meu eu inquieto, instável e inseguro.
Só assim consigo escutar a voz do silêncio e seu grito de liberdade me pedindo uma chance de felicidade e uma oportunidade de saúde mental e bem-estar social, cultural e ambiental.
Decidi.
É deste modo mesmo que eu quero ficar.
Contemplando as minhas carências afetivas e vislumbrando as minhas ausências ocupadas pelo barulho do nada e pelos gritos do vazio.
Então silenciei.
E logo ouvi um grito.
Senti que era o grito de Deus.
Deus tentava sobreviver.
Aí sim acordei.
Acordei escutando o divino em mim.
E fiquei mais humano.
E me achei mais bonito.
E me tornei mais grande.
E virei um gigante.
Nesse silêncio gigante,
me encontrei com Deus.
E dormi.
E descansei em paz.

14. O Silêncio nos faz bem

Ao entrarmos de automóvel em um túnel, notamos a escuridão iluminada pelos faróis dos carros, o ruido dos motores atravessando a pista e o barulho do vento soprando no silêncio de nossos olhos e ouvidos, atentos ao clamor do vazio que perpassa nossos corpos, mentes e espíritos. Sim, apesar do estrondo dos veículos que vão e vêm, o silêncio interior parece falar mais alto, gritar sussurros espirituais como se a voz de Deus acontecesse nesse momento em nossa intimidade. Nosso interior então faz uma prece, pede a tranquilidade da alma, a segurança do corpo e o repouso do espírito. Aquela interioridade silenciosa nos faz bem, nos dá a paz de que precisamos nesse dia a dia violento, onde as pessoas vivem a turbulência das atividades cotidianas e a confusão das consciências diárias e noturnas em busca de descanso para a alma. Agora, nós rezamos, pedindo ao Senhor que nos dê o silêncio que tranquiliza esse cotidiano complicado de atitudes impensadas e preocupantes, de riscos que ameaçam e perigos que amedrontam, de medos transformados em pânicos, de aflições que se fazem desesperos, de tristezas que mudam para as angústias alarmantes, sinalizando que devemos dar uma parada no tempo e no espaço, abraçar o vazio que nos rodeia e beijar com amor o nada que nos circula, neutralizando ora nossos comportamentos agitados, em função da paz interior que o silêncio agora nos apresenta. De fato, o silêncio nos faz bem. É o refrigério da alma. A calma do espírito. A tranquilidade do corpo. A ordem interior. A disciplina das virtudes elevadas. A organização de nossas idéias e conhecimentos, sentimentos e experiências. De vez em quando, precisamos silenciar, a fim de pôr as coisas no lugar, encontrar instantes de repouso e momentos de descanso para a cabeça e o cérebro, como se eles suplicassem a nós uma parada para ajeitar a vida, consertar os erros e melhorar as boas ações, caminhando sempre à procura do Bem maior e melhor que é Deus. Tal o presente vivo que o silêncio nos dá. O Encontro com o Transcendente. O Mergulho na Eternidade. O Jogar-se na vida interior onde a paz deve reinar e o bem se fazer o império da alma. Com efeito, o silêncio é indispensável. Silenciar é necessário. É bom e nos faz bem.

15. Monitorar o Silêncio

Monitorar-se, controlar a sua consciência, dominar-se a si mesmo, acompanhar seus momentos de silêncio, zelar pela sua interioridade e cuidar de seu mundo interno, a cada hora, minuto e segundo, todos os dias, noites e madrugadas, é algo que exige disciplina ética e ordem espiritual, organização das atividades cotidianas, bom desempenho das ações e o trabalho de fazer de suas atitudes uma estrada de firmeza de personalidade e fortaleza de caráter, abraçando valores e princípios orientadores da ótima experiência de virtudes elevadas, de riqueza de conteúdos de espiritualidade e excelência de comportamentos onde a regra é uma vida regulada pela fé em Deus e seus efeitos de vivência psicológica e praticamente espiritualizada. Assim controlamos nossa cabeça e tornamos nossos instantes de silêncio alternativas de ordenamento interior, disciplinando nossa racionalidade e organizando nossa compostura inteligente cujas raizes são o bem que fazemos em toda situação vivida e a paz que vivemos em cada circunstância experimentada, sempre tendo como enfoque a conduzir nosso convívio a tranquilidade física e mental, o repouso do espírito e a calma do corpo e da alma. Desta maneira, controlamos o nosso silenciar, transformando ele em possibilidade real de disciplina interior. E vamos assim construindo nossa vida debondade, de convergência de idéias e concordância de pontos de vista ainda que as contradições e as turbulências nos pressionem, perturbem, incomodem e possam nos atrapalhar nas horas de aperto, nas ocasiões de risco e nas incertezas e dúvidas onde reina o perigo e o abismo da morte, a nos rodear como uma louca desejosa por nos prejudicar e arrebentar. Eis como devemos nos monitorar a cada tempo vivido.

16. Quando tudo emudece e todos se calam

Ao subir os montes mais altos das montanhas do Everest ou descer ao fundo mais fundo dos Oceanos Índico, Atlântico e Pacífico, a tendência é que tudo se cale, todos fiquem mudos e o silêncio se torne o grito mais forte dos Alpinistas ou o vociferar mais firme dos Marinheiros de plantão. Em outras palavras, diante do poder do silêncio a força das palavras se abafa e a energia dos trovões e relâmpados se enfraquece, para que o discurso do Criador dite as regras dos homens e das mulheres, comande suas tarefas, trabalhos e atividades, dirija suas atitudes e comportamentos, gerencie suas ações cotidianas e administre seus empenhos e esforços por um mundo melhor. Assim, perante o reino do silêncio as idéias se concentram, a linguagem se ordena, as teorias se disciplinam e as práticas se organizam. Tal a importância do silenciar na hora de se fazer um bom trabalho, se desenvolver um grande princípio e se fazer desabrochar gigantescos valores e normas orientadores da nossa compostura social e familiar. Sim, o silêncio é muito importante. Ele é a regra da vida interior. A música que encanta as tardes da primavera e as manhãs de sol de verão das praias e suas areias brancas e amarelas do mundo inteiro. O perfume suave que embeleza os homens direitos e as mulheres românticas de bem com a vida e em paz com sua consciência. O pão doce que alegra os lanches e manjares das crianças de cada dia de lazer e de toda noite de brincadeira. Pois ele está presente em todos e insiste em ficar no alto das montanhas ou no fundo dos mares. Todavia, sua preferência é a consciência humana onde a paz acontece e o bem se faz presente cada vez mais e melhor. Então, eu me calei. Fiquei mudo. E ouvi a voz do silêncio a orquestrar as canções da madrugada em que suas raizes se instalaram para aperfeiçoar a noite e felicitar cada manhã que chega. Nele, o azul da razão e o vermelho da inteligência a fazer as orações a Deus a fim de que o Senhor nos carregue de maravilhas sem fim, de favores imediatos e de benefícios sem conta. No silêncio, encontrei a paz que procurava. O Bem se apossou de mim. Glorifiquei a Deus. E adormeci no Senhor.

17. Garanta a sua paz interior

Na vida de cada dia, lute por manter a sua paz interior, garanta a sua calma interna e sustente a sua tranqüilidade mental e emocional, em meio aos contrários da existência, os maus relacionamentos , os conflitos familiares, as discussões no trabalho, as intrigas dos vizinhos, as controvérsias de conhecidos, a violência de inimigos e adversários, a maldade e a ruindade de certas pessoas, as contrariedades urbanas e rurais, as adversidades psicológicas e sociais, as contradições da vida e da existência, o ambiente hostil e dialético em torno de você, as brigas de parentes ao seu lado, a crítica de colegas do emprego, a gritaria das ruas, a confusão dos supermercados, a desordem da mente, a indisciplina racional, a desorganização dos conhecimentos, a falta de discernimento espiritual em algumas ocasiões, a ausência de sentido para o que se está fazendo no momento presente, os antagonismos cotidianos, o pessimismo de vários grupos e indivíduos, o negativismo de outros setores da sociedade, a carência afetiva, o vazio espiritual, o nada existencial, a dúvida e a incerteza de diferentes atividades, a tristeza e a angústia, a solidão e a depressão, o isolamento e a exclusão social, a divisão interpessoal e a marginalização das cidades, as complicações no dia a dia das escolas, a rejeição amorosa, a ignorância religiosa, as superstições e os preconceitos, os bloqueios da inteligência, a relatividade das coisas, o indeterminismo dos seres, a indefinição da racionalidade, a indeterminação de suas relações, o lado desumano dos poderosos, a hipocrisia política, a alienação psico-social, o desemprego e o comodismo, as dificuldades econômicas e financeiras, as dívidas e a inadimplência, a falsidade moral, a crise ética e espiritual, a bagunça das crianças e o desrespeito dos filhos, a traição do marido ou a infidelidade da esposa, o pagamento do aluguel e do condomínio, o conserto do automóvel e da televisão, os débitos do IPTU e do IPVA, os compromissos não-assumidos, as atitudes irresponsáveis, o respeito ignorado, o desequilíbrio da cabeça e o seu descontrole com a falta de domínio de si mesmo, o desejo insatisfeito e as promessas não cumpridas, as necessidades irrealizadas e os sonhos que não se cumprem, a vocação incompleta e a profissão sem idoneidade, a incompetência física e mental, a não-habilidade nos negócios, a ausência de criatividade quando indispensável, a dependência patológica, as doenças e as enfermidades em geral, as moléstias viróticas e bacterianas, o clima cruel e o ambiente cheio de indiferenças e insensibilidades a sua volta, a fixação ideológica, o quebra-quebra entre polícia e bandidos, a pancadaria e o tiroteio com balas perdidas entre os marginais, enfim, toda sorte de problemas e circunstâncias produtoras de inimizades e destruidoras de intimidades, privacidades e familiaridades, de origem material ou espiritual, genética ou ambiental, biológica ou psicológica, consciente ou inconsciente, racional ou social, real ou imaginária, ilusória ou experimental.
Em tudo isso, defenda-se, batalhe por sua segurança pessoal, pela sua luz interior, por sua paz espiritual, combatendo sempre sem cessar os elementos estranhos e esquisitos que anseiam por estragar sua boa cabeça de bem com a vida, invadindo o seu ser, pensar e existir como querendo destruir seu repouso psicológico e sua bonança garantida por sua fé em Deus.
Lute pelo bem de sua interioridade.
Seja guerreiro.
Um soldado do cotidiano.
Um batalhador incansável.
Um combatente ativo e sempre de pé, sempre fazendo o bem e vivendo a paz, tornando a sua bondade em ajudar as pessoas e a sua concórdia que mantém as boas interatividades, um caminho para o amor, fonte da vida.
Sim, salve Deus na sua vida.
Advogue os dons, talentos e carismas que Ele lhe deu.
Liberte a sua criatividade.
E abra-se para as novidades da existência.
Faça de seus comportamentos diários e noturnos um complexo de possibilidades e de alternativas capazes de fundamentar a sua boa vida neste mundo e o seu ótimo bem-estar carregado de saúde mental, física e espiritual.
Seja pacífico.
E bom.

18. A Vida Interior

Dentro de nós existe um universo vivo de luz espiritual, de força psicológica e energia ideológica, onde as idéias circulam, os valores de vida perambulam e os princípios de existência regem a vida interior, ditam as regras de conduta, monitoram a intimidade das pessoas, definem comportamentos positivos e determinam as regras e normas que governam as atitudes de grupos e indivíduos na sociedade. Em nossa interioridade, Deus habita, faz sua voz ser ouvida e seus planos serem executados. Em nosso íntimo, a claridade da consciência e seus fenômenos vitais em forma de representações mentais, letras e números, palavras e teorias, práticas e experiências, símbolos e imagens, sons e silêncio, toda uma vida a serviço do bem da alma e da paz do espírito. Assim acontece a vida interior. Ela rege nossos passos no cotidiano, presidencia nossos trabalhos, esforços e empenhos por um mundo melhor, de mais qualidade física e mental, de riqueza de conteúdo cultural e de excelência de virtudes éticas e espirituais. É a vida aparecendo em nós e transbordando para os outros, para a glória, honra e louvor do Senhor nosso Deus. Ele, no silêncio, constrói o nosso progresso espiritual e ordem interior. Deste modo, gera-se um campo vital de alternativas variadas e polivalentes, de possibilidades outras, novas e diferentes, e de potencialidades multifuncionais e diversas e até contrárias umas às outras. Desta maneira, crescemos no convívio social, no acompanhamento familiar, nas operações de trabalho e emprego, na ideologia política que abraçamos, no repertório cultural que adquirimos com o tempo, e nos determinismos econômicos e financeiros que administram o nosso pão de cada dia e de toda noite, os nossos desejos e esperanças, os nossos anseios, necessidades e aspirações. De modo criativo, gerenciamos esse espetáculo interior. Nele, empreendemos talentos e carismas, dons e aptidões que comandam o nosso cotidiano. Eis nossa vida interior, carregada sempre de evolução livre e consciente, e respeitosa, e comprometida responsavelmente com o bem que devemos fazer uns aos outros e a paz que precisamos viver para a felicidade comum. Eis a nossa interioridade que se produz a toda hora, minuto e segundo. Nela, a presença humana da Divindade. É o que nos faz bem.

19. Cuide de sua Interioridade

Zelar pelo que de bom e de bem existe em nosso interior, eis um dever de nossa parte, uma obrigação que precisa custar todo o nosso empenho e esforço por cuidar deste tesouro que é a nossa interioridade, a nossa consciência moral e espiritual, os nossos valores sociais e culturais, os nossos princípios éticos, as nossas normas de vida psicológica e as raizes que fazem de nosso ser, pensar e existir fenômenos importantes para a nossa experiência de construção da essência da nossa juventude espiritual, essa pérola preciosa que é a nossa liberdade em busca da felicidade temporal e eterna, da saúde física e mental e do bem-estar material, do corpo e da alma e do espírito. Tal busca e zelo pela nossa realidade viva interna tornará nossas vivências cotidianas mais qualitativas, ricas de virtudes e boas ações e valiosas quanto à beleza das atitudes respeitosas e responsáveis, à grandeza dos comportamentos identificados com a bondade, a fraternidade e a solidariedade, e à riqueza de ideologias, culturas e mentalidades em que o bem é a regra do jogo e a paz e a tranquilidade as normas de conduta nesse espaço de diretrizes que só fazem bem à nossa espiritualidade. Pois bem. Essa a vida interior que temos necessidade de defender e amparar sempre, garantindo a ordem de nossa inteligência, a disciplina de nossa racionalidade e a organização de nossas idéias e pontos de vista, conhecimentos e pensamentos, sentimentos e experiências. Deste modo, geramos uma vida interior de qualidade incomparável. Que Deus nos ajude nesse sentido.

20. Por favor, um minuto de silêncio,
em nome da nossa tranquilidade

Ainda que o barulho das cidades e os rumores agressivos dos campos sufoquem minhas iniciativas de equilíbrio interno e de paz interior, mesmo assim farei silêncio, para garantir a calma da alma e a tranquilidade do corpo e do espírito.
Ainda que o sol deixe de nascer algum dia, fechado pelas cinzentas e tenebrosas trevas das nuvens do inverno, mesmo assim chamarei o silêncio para mim, a fim de sustentar meu entusiasmo e pôr ordem em minha interioridade, disciplinar minha consciência e organizar minha liberdade, minhas idéias e conhecimentos gerais e específicos.
Ainda que os sinos das igrejas deixem de tocar, e as músicas e as flores da primavera não mais possam colorir a beleza das mulheres e o encanto dos passarinhos, mesmo assim invocarei minha atitude silenciosa, para salvar minha natureza em festa e o universo em sua grandeza espetacular e em sua riqueza gigantesca junto às criaturas.
Ainda que o grito dos loucos abafem a sensatez dos homens e o bom juizo das mulheres, mesmo assim optarei pelo silêncio, a fim de me libertar da violência das pessoas e da agressividade de quem faz da vida uma alternativa de gritaria e barulho incessantes, sem as regras da disciplina interior ou sem os fundamentos de uma vida de paz e de tranquilidade interna.
Ainda que os ruidos das ruas desgastem meus ouvidos ansiosos por repouso ou as gritarias das avenidas destruam a luz dos meus olhos, mesmo assim terei como alternativa o silêncio, como garantia da minha tranquilidade e paz interior, fundamento da minha boa interioridade, de uma consciência saudável, de uma liberdade sem traumas, pressões e prisões, e de uma felicidade cuja saúde e bem-estar é o bem que fazemos e a pazque vivemos em sociedade.
Ainda que o estrondo dos aviões e os foquetes que vão para a lua estraguem a exterioridade silenciosa, corrompendo o ar com suas investidas barulhentas, ou a turbulência urbana e rural causem violência à minha inteligência positiva, otimista e equilibrada, mesmo assim abraçarei o silêncio e beijarei seu conteúdo e essência, para sobreviver em meio a todo esse caos, que faz da violência a sua norma de vida e a sua regra de conduta.
Ainda que queiram impedir a minha tranquilidade, indagarei a possibilidade do silêncio, como remédio para a minha alma, repouso para o meu espírito e calma para o meu corpo.
Porque mais importante que tudo e todos, é a nossa tranquilidade.
Obrigado, Senhor meu Deus, por garantir, sustentar e fundamentar a nossa tranquilidade interior.

21. É Madrugada!

Nas ruas, a ausência do barulho dos automóveis e a carência de pessoas circulando em suas adjacências nos reflete o silêncio de uma madrugada cujos ruídos são o grito da consciência e a voz de uma liberdade em busca da paz interior e da tranquilidade interna. Pois é justamente isso que nos guarda e reserva cada madrugada vivida em nossa vida temporal: o silêncio de quem ordena os conhecimentos, sentimentos e experiências dos momentos experimentados até aqui e agora; o calar de situações que no dia anterior foram violentas e agressivas conosco; o emudecimento de circunstâncias que confundiram a nossa inteligência e que agora nesse madrugar pedem o silêncio que organiza todas as coisas e disciplina todos os seres, a fim de que a vida caminhe com o otimismo de quem constrói a existência de modo positivo e progressivo, e com o equilíbrio e o bom-senso de quem sabe o que quer e o que faz tendo em vista o seu crescimento interior e a evolução de sua consciência de valores preciosos e princípios valiosos que fazem do silêncio a estrada de sua liberdade, saúde e bem-estar, bases de sua felicidade neste mundo em que vivemos em sociedade. Nesta e em toda a madrugada, a chance e a oportunidade para criarmos ordem interior, renovarmos nossa calma interna e gerarmos a tranquilidade necessária para viver bem cada instante do dia seguinte. Na madrugada, a casa do silêncio, a origem da nossa repousante paz interior e a fonte de ordenamento de nossa racionalidade, antes perturbada pela confusão do cotidiano e complicada pelas turbulências e violências da vida diária e noturna, no campo e na cidade. Precisamos da madrugada!

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