quarta-feira, 7 de maio de 2008

O Discurso do Silêncio

Madrugada de Sexta-feira.
Eram 3 horas.
Dia 17 de Outubro de 2007.
Bangu, entre Senador Camará e Padre Miguel.
Rio de Janeiro, Brasil.

Então, o silêncio falava mais alto que o vento furioso das folhas das árvores da Primavera, que rodavam a rua mais famosa de Bangu. Rua do Desenhista, na Vila Aliança. Gritos intensos de crianças brincando àquela hora. O Baile funk também se fazia presente naquele barulho silencioso da madrugada. O Caveirão da PM circulava pelas ruas e avenidas adjacentes procurando bandidos e traficantes da área. Estávamos entre a Vila Aliança e a Favela da Coréia de um tal de Robinho Pinga, que, antes de roubar e assaltar, enchia a cara de cana, goró e cachaça, pois achava que doidão sua malandragem se dava melhor, tinha bons resultados, alcançava ótimos frutos. Era ele grande amigo de Elias Maluco, do Morro do Alemão; de Fernandinho Beira-Mar, de Caxias; de Marcinho VP, Fernando Inácio, Paulinho Carioca e UÊ, já falecido.
Um clima de violência e um ambiente de maldade e ruindade rondavam as ruas do Rio de Janeiro.
De repente, um personagem surge na história atual de violência nas ruas, becos, praças e avenidas do Brasil.
Paulo Carioca, conhecido nos morros e favelas do Rio como o Caveirão da PM, o Paulão, o Canhão do Alemão, o Amante das Mulheres do Rio.
Paulão, um homem de bem e de paz, que não dava mole nem vacilava com PM ou bandido-traficante.
Era um criador de amigos,
um produtor de idéias,
um construtor do bem e da paz
Na Comunidade da Coréia
Nesta madrugada, 4 horas de sexta-feira, chegou à Favela da Coréia, e, encontrando um grupo de bandidos e traficantes no meio do caminho, que já o conheciam, disse-lhes sabiamente:
“ Colegas, a vida tem 2 caminhos. O Caminho do Bem e o Caminho do Mal. Se você semeia o bem, colherá a paz. Se você produz o mal, encontrará a violência. O Bem e a paz constróem amigos e bons amigos; o mal e a violência, ao contrário, destróem as boas amizades, as boas intenções, a boa consciência e as boas virtudes”.
Na Comunidade do Borel
Paulinho Carioca partiu dali e foi se encontrar com alguns amigos no Morro do Borel, na Tijuca.
Avistando a Rua São Miguel, no Borel, viu alguns meninos e meninas que brincavam na rua, naquela madrugada de sexta-feira, quase manhã. E explicou-lhes: “ A Vida é uma grande Bagunceira e uma verdadeira Casa Desarrumada. Cabe a nós, filhos da Vida, o esforço em arrumá-la, ordená-la, discipliná-la e organizá-la. Na verdade, ela sempre será uma Eterna Bagunceira, contudo ela gosta de ser bonita, ao ser arrumada; ela gosta do nosso empenho em perfumá-la e embelezá-la, dando-lhe ordem mental, saúde física, organização de seus conhecimentos e pensamentos;e igualmente bem-estar espiritual, quando, então, aproximando-se de seu Criador, Autor da Vida, ela fica em paz consigo mesma, fazendo o bem a todos e cada um, e praticando o amor, a fraternidade, a solidariedade e a generosidade, sua vocação natural, humana e cultural”.
Na Comunidade dos Macacos
Depois de agradecer a paciência e a boa-vontade em ouvi-lo, Paulo Carioca foi direto, de manhã, para o Morro dos Macacos, em Vila Isabel, onde algumas pessoas o esperavam para uma reunião da associação de moradores e amigos do local.
Durante a reunião, vendo que o calor aumentava, a discussão esquentava e o grau de complexidade dos problemas e soluções cada vez mais se dilatava, agravando e pondo em risco o destino dos moradores e amigos do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, Paulão pediu a palavra, e interveio corajosamente: “Tudo neste mundo, e aqui também entre nós, deve ser realizado visando o bem-comum de todos e cada um, seu bem-estar saudável, agradável e favorável, a saúde de todos e cada um, o seu progresso material e espiritual, o seu crescimento como pessoa humana e o seu desenvolvimento integral, interativo e compartilhado, ou seja, em outras palavras, dependemos uns dos outros, por isso devemos ajudar-nos sempre uns aos outros, superando os limites da individualidade e favorecendo a comunhão e participação de todos e cada um. Em função disso, creio eu, devemos tomar as nossas decisões, realizar as nossas tarefas e empenhar os nossos trabalhos. Todos devem se esforçar para isso”.
Na Comunidade do Querosene
O Povo dos Macacos, depois de aplaudir de pé Paulão, despediu-se, e cada um voltou para sua casa sabendo o que deveria fazer a partir daquele momento. E Paulo Carioca, depois de almoçar com eles, dirigiu-se para o Morro do Querosene, na Rua Campos da Paz, no Rio Comprido. Lá se encontraria com outros moradores e amigos, com quem discutiria a violência generalizada ali presente, insistente e constante, cujas balas perdidas, tráfico de drogas, pedofilia, turismo sexual de garotas da comunidade, a maconha e a cocaína propagando-se ali intensamente, o desemprego, os menores abandonados, os velhinhos e idosos da comunidade abandonados, as famílias carentes e desassistidas em grande número, entre outros problemas, necessitavam de respostas e soluções urgentes e emergentes, o que aliás eram uma problemática de risco grave que afetava e contagiava não só o Morro do Querosene como também todos os Morros e Favelas do Rio de Janeiro, e suas comunidades pobres internas, externas e adjacentes.
No Querosene, Paulão deu as seguintes instruções e sugestões, ele que era um líder comunitário, engajado e participante, de forte consciência política, com grande poder de influência em todas as comunidades de moradores e amigos cariocas. Falou então as seguintes palavras: “Respeito é bom e todo mundo gosta. Pois então iniciemos por nós mesmos. Respeito e responsabilidade são as palavras-cheve neste momento e neste lugar, a partir de agora. Com respeito, o bem e a paz podem ser construídos, Com responsabilidade, melhor buscaremos essa paz e melhor criaremos as condições indispensáveis para que o bem se instale, a cooperação entre todos e cada um seja realmente efetiva, a solidariedade contagie a todos, a fraternidade possa ser abraçada individual e coletivamente. Para isto, fé em Deus. E depois muito juizo e bom-senso. Deste modo resolveremos todos os nossos problemas. Sem esquecer, é claro, as pequeninas coisas tão importantes, os pequenos detalhes tão necessários, as diferenças que sempre se sobressaem, trabalhando devagar e com paciência para resolver todas essas perturbações, incômodos e preocupações até mesmo doentias. Acho eu que assim tudo irá bem de hoje em diante. O que vocês acham ?” E ficaram dialogando até a noite o melhor caminho para solucionar essas questões. Em seguida, Paulão saiu, despediu-se, e foi dormir no Morro da Viúva, no Flamengo.
Na Comunidade da Catedral
No dia seguinte, sábado de manhã, 9 horas, foi a um Encontro de Rua com a População de Rua das ruas do Rio de Janeiro, lá, no Centro da Cidade, na Catedral de São Sebastião do Rio de Janeiro. Neste Encontro Real e Rual, tinha de tudo: mendigos, pobres, miseráveis, bêbados, cachaceiros, homossexuais, gays, viados, bichas, bandidos, ladrões, traficantes, alcoólatras, maconheiros, cheiradores de cola de sapateiro, cheiradores de cocaína, heroína, morfina, LSD, prostitutas, meretrizes, mulheres de programa, garotos ou jovens de programa ativos e passivos, menores abandonados e outros mais. Reunidos então na Catedral discutuam como encontrar melhores condições de vida e trabalho diante de tantos problemas e conflitos, contradições, adversidades e contrariedades nas ruas, praças e avenidas do Rio de Janeiro. E, no auge da discussão, Paulão, o Caveirão da PM, o Canhão do Alemão, tomou a palavra, e disse: “ Fé em Deus que a vida vai melhorar. Cada um seja responsável por seus atos. Que haja respeito de uns pelos outros aqui no meio de nós. Porque somos dependentes. Dependemos uns dos outros.Precisamos nos ajudar.Não podemos nos dividir.Confiança em Deus, o Senhor, o Amigo dos pobres. Queremos melhorar a nossa situação ? Desejamos liberdade e mais felicidade ? Então, desde agora, devemos colocar na cabeça que dependemos uns dos outros. Ninguém é feliz sozinho. Somos pobres, mas não somos miseráveis. Somos dependentes. Dependemos de Deus. Dependemos dos outros. Dependemos uns dos outros. Nossa força é a união, a cooperação, a generosidade, a fraternidade, a solidariedade. Precisamos acreditar nisso. A luta continua”.
Na Comunidade de São Carlos
Terminada a reunião, Paulão, sempre muito ativo, dirigiu-se para o Morro de São Carlos, no Estácio. Lá, se encontraria com a Associação de Moradores e Amigos do São Carlos. Chegando então ao São Carlos, uma mulher do local pediu-lhe um conselho acerca de determinado problema. E ele, experiente no assunto, afirmou: “Olha, Margarida, seja uma mulher justa e direita. Seja sempre amiga da verdade. E Deus, o Senhor, estará com você. Tá certo que o mal e a violência estão em torno de você. Todavia, não se deixe atrair. Não se permita envolver nesse tipo de assunto. Viva a sua vida e deixe os outros viverem a vida deles. Seja você, mas não seja os outros. Tenha seu próprio ponto-de-vista. Tenha sua própria visão de mundo e de sociedade. Opte pelo bem e pela paz. Comprometa-se com o amor e a vida. Assuma um compromisso responsável com Deus, o Senhor do Bem e da Paz. E tudo irá bem na sua vida. Fique em Paz”.
Paulo Carioca passou o dia inteiro no São Carlos, resolvendo problemas e solucionando situações graves de risco. À noite, foi a outra reunião, desta vez no Complexo do Alemão, local que é caminho para quem vai para a Zona Norte e Oeste da Cidade.Dormiu por lá.
Paulão, líder comunitário, ganhava seu pão de cada dia ajudando as comunidades pobres e suas associações de moradores e amigos adjacentes, recebendo um salário mensal por suas atividades de mutirão, cooperação e aconselhamento social, psicológico e espiritual no interior destas comunidades de Morros e Favelas do Rio de Janeiro.
Muito trabalho, é verdade, mas ao lado de uma grande problemática social nas ruas, morros e favelas cariocas: a exclusão e marginalização social, a divisão de classes, exploração sexual de mulheres, garotas e meninas de programa, o homossexualismo,a pobreza e a miséria, a maldade e a violência, a cultura da morte, o choque constante entre polícia e bandidos, além do preconceito, a ignorância e a imcompreensão da sociedade.
No entanto, Paulinho Carioca, continuava a sua luta, ajudando os outros a lutar também.
Era domingo, dia do Senhor. E Paulão foi à missa conversar com Deus e rezar pelos amigos.
Na Comunidade da Formiga
Depois da missa na Igreja do Bom Jesus do Calvário, na Rua Conde Bonfim, n. 50, na Tijuca, Paulão foi direto para o Morro da Formiga almoçar com alguns colegas de trabalho. Na ocasião, fez o seguinte comentário: “A vida é dura para quem é mole.Saber viver todo mundo sabe. O mais importante é saber conviver, conviver com as pessoas que estão ao seu lado e perto de você, na família, na igreja, na escola, no hospital e no trabalho, ou em qualquer tempo e lugar em que nos encontrarmos. Conhecemos as pessoas quando vivemos e convivemos com elas Por isso, não devemos ficar julgando uns aos outros. Cada um tem a sua vida. Cada um faça o que quiser, mas também o que se deve. Porque não somos ilhas nem ninguém é ilha neste mundo em que vivemos. Vivemos em sociedade. Dentro dela temos cargos e funções, que, quando bem trabalhados, produzem um bem enorme à comunidade local, regional e global. Por tudo isso, vejam uma coisa: cada ato responsável que você fizer visando o bem e a paz da sua comunidade, tem uma repercussão grandiosa nos seus vizinhos, na Cidade, no Brasil e no mundo inteiro. Se errarmos, o mundo inteiro erra conosco. Mas se acertarmos, todo o Globo Terrestre acerta conosco. A partir dessa realidade, percebemos e observamos como é importante respeitar as pessoas e ter responsabilidade no meio de nós. Nossas boas atitudes fazem um enorme e grandioso bem à humanidade”.
Na Comunidade da Tijuca
Depois do almoço com seus amigos, Paulo Carioca caminhou até o Morro do Turano, no Rio Comprido, passando pelo Morro do Salgueiro, na Praça Saens Pena, e depois pelo Morro do Chacrinha, na Tijuca. No caminho, conversou com algumas pessoas que cruzaram com ele. Nesse diálogo, expressou a seguinte opinião: Movimente-se sempre. Ande e caminhe diariamente. Quanto mais devagar a caminhada, melhor para a saúde física, mental e espiritual. Siga sempre as leis da natureza. Seguindo a natureza e movimentando-se constantemente, você sairá da rotina facilmente, abraçará novas alternativas de trabalho, renovará suas atividades permanentes, abrir-se-á para um novo mundo de idéias e ideais e, ao mesmo tempo, se libertará de preconceitos e superstições que só estragam e destróem a sua vida. Cuide de sua saúde pessoal sim, mas não se esqueça também do bem-estar dos outros. Pense em você, mas pense nos outros também. E não se esqueça dAquele que é o Fundamento de tudo e de todos, Deus, o Senhor. Dialogue sempre com Ele. Ele gosta de nos ouvir, de saber a nossa opinião sobre determinadas coisas da realidade.Ele é o nosso Deus e Senhor”.
Na Comunidade da Maré
Após sua visita à Tijuca e ao Rio Comprido, Paulinho Carioca, um grande pensador no meio de nós, partiu para a Favela da Maré, Vila do João, perto da Ilha do Governador, junto à Avenida Brasil, acompanhado, desta vez, de suas 2 lindas namoradas, mulheres cariocas, Valéria e Madalena., de 26 e 28 anos respectivamente.
Na Vila do João, surgiu o seguinte debate de idéias, junto à comunidade local: “A gente precisa aprender a crescer, progredir e evoluir nesta vida”, disse Valéria, abrindo o diálogo. “E, igualmente, desenvolver nossas idéias e talentos, e realizar nossos sonhos e ideais”, completou Paulo Carioca..”Eu acho também que a gente tem que ter uma profissão neste mundo. Para isto, é preciso descobrir nossa vocação. Pra quê que a gente serve ? O que eu gosto de fazer ? Se o salário compensa nosso esforço de trabalho ?”, explicou um morador da Maré. “Eu, porém, acho o seguinte:Deus nos deu dons, graças e carismas, para que a gente seja livre e feliz nesta vida, e na vida que continua depois da morte.Quando a gente descobre isso, a vida melhora pra nós, e para os outros também. A comunidade cresce. Os vizinhos evoluem. E a sociedade e o mundo inteiro progride, desenvolvendo seu trabalho e suas atividades sociais, políticas, econômicas e culturais. Felicidade para todos e cada um, e pra mim também”, replicou Madalena. Insistindo no fluxo de idéias apresentadas, Paulo Carioca mais uma vez suplementou:”Deus ajuda a quem trabalha, a quem é bom e faz o bem nesta vida. Deus ajuda a quem gosta de ajudar o próximo. Deus ajuda a quem constrói a paz e vive em paz uns com os outros. Tudo isto são as consequências de tudo que falamos aqui e agora. Trabalhando, o mundo é mais feliz”.
Finalizada a reunião na Comunidade da Maré, todos foram de volta para suas casas.
Valéria, Paulo Carioca e Madalena, e mais alguns amigos, continuavam visitando as comunidades cariocas das ruas, morros e favelas do Rio de Janeiro.
Na Comunidade do Caju
De repente, uma guerra de quadrilhas de traficantes, seguida de tiroteio e balas perdidas, tiro na cabeça e bala na idéia, no Complexo de São Carlos, entre o Morro da Coroa e o Morro da Mineira, fizeram diversas vítimas, que morreram no meio do fogo cruzado. Alguns mortos eram conhecidos nossos. Seriam enterrados mais tarde no Cemitério do Caju. E fomos ao enterro.
No Velório em uma das capelas do Cemitério do Caju, fazíamos o acompanhamento dos mortos – eram 4 defuntos – quando umas das garotas, a Scheila Mattos, parente de uma das vítimas, já bastante resignada e tranquila, perguntou ao Paulinho Carioca: “Paulo, você acredita na Eternidade ? Na vida-além ? No futuro dos mortos ?” Paulão, olhou pra ela, refletiu um pouco, e disse-lhe, visualizando a todos:”A Eternidade é a Casa de Deus. Os mortos não morrem...continuam para sempre. Acho que lá, junto do Senhor Deus, a gente convive melhor com os nossos problemas e dificuldades. Convivemos em paz uns com outros. Convivemos fazendo o bem uns aos outros. Convivemos amando-nos uns aos outros, ajudando-nos uns aos outros. Na Eternidade, a palavra certa é Convívio. Convivemos com Deus, o Senhor, o Criador, o Autor da Vida, e com suas criaturas humanas e naturais. Convívio divino e humano. Convívio de amor e paz. Convívio de bem com a vida. Deste convívio eterno, participam aqueles homens e aquelas mulheres que fizeram o bem nesta vida, viveram em paz uns com os outros, abraçaram a cultura do amor e da vida neste mundo, e, vivendo e convivendo assim aqui no Planeta Terra, colocaram Deus, o Senhor, em primeiro lugar em suas vidas. Quem fez e faz assim, cá entre nós, quando morrer será livre e feliz eternamente. Pois junto de Deus há paz e tranquilidade, liberdade e felicidade, alegria e contentamento. Para sempre, eternamente, felizes, alegres e contentes, ao lado do Fundamento de tudo e de todos, Deus, o Senhor”..
Na Comunidade Universitária
Saimos dali, após o enterro de nossos amigos de comunidade, e partimos para Universidade Estácio de Sá, onde um grupo de estudantes nos aguardavam para um novo debate de idéias e questões sociais e políticas, econômicas e culturais, a partir da realidade das comunidades pobres das ruas, morros e favelas do Rio de Janeiro. Desta vez, o debate seria com os estudantes universitários dos cursos de história e sociologia.
Discutiríamos sobretudo o silêncio aparente das comunidades, dentro do qual tudo acontece, mas quase ninguém o sabe.
Um silêncio gritante, enlouquecedor, doentio, marginal, violento, o qual muitas vezes a sociedade procura ignorar, não escutar, não ouvir os seus apelos, o seu discurso inflamante, cruel e infernal. O Discurso do Silêncio. Até aqui e agora, ouvimos a loucura calorosa e a realidade silenciosa do inferno carioca: o real e o rual da realidade marginal e social das comunidades pobres das ruas, morros e favelas do Rio de Janeiro.
O Silêncio é o grito da realidade.
A Realidade é o grito do silêncio.
O Silêncio Real é a Marginalização Social.
Alguém precisa fazer alguma coisa .
Quais são as causas e as consequências de tanta maldade e violência ?
Por que a guerra entre traficantes ?
Por que o choque e o conflito permanentes entre polícia e o BOPE, e o Caveirão da PM, de um lado, e as quadrilhas de bandidos e traficantes de outro lado ?
Como ficam o Povo Trabalhador e suas famílias destas comunidades sociais e marginais ?
É possível andar tranquilo nas ruas do Rio de Janeiro ?
A Paz é possível ?
O Amor resolve ?
Vale a pena continuar fazendo o bem ?
E Deus, o Senhor, onde está ?
Deus, ó Deus,
Onde estás que não respondes ?
Tudo isto, relatado acima, foi o conteúdo do debate de idéias acerca dos fenômenos sociais e marginais discutido com os estudantes universitários da Universidade Estácio de Sá, no Rio Comprido, perto do Túnel Rebouças, nesta quarta-feira, à noite, 20 horas, dia 22 de Outubro de 2007.
Na Comunidade da Prefeitura
No dia seguinte, Valéria me telefonou dizendo que teve a idéia de nós levarmos nossas reivindicações à Prefeitura do Rio, diante do então Prefeito César Maia.
Todas as comunidades aprovaram a idéia.
E então no mês seguinte dia 14 de Novembro de 2007 fomos até o Prefeito César Maia e colocamos diante dele nossas justas reivindicações, que foram as seguintes:
Reivindicações dos Amigos, Moradores e Trabalhadores das Ruas, Morros e Favelas do Rio de Janeiro:
Queremos saúde, educação e transporte para todos
Queremos atividades de lazer, arte e esporte em nossas comunidades
Queremos trabalho e emprego para os necessitados
Queremos mais escolas e hospitais
Queremos de cada um segundo as suas possibilidades
e a cada um conforme as suas necessidades
6) Queremos respeito à nossa dignidade humana
7) Queremos paz em nossas comunidades
8) Queremos cumprir com os nossos deveres
9) Queremos compreensão com os nossos direitos
10) Queremos fazer o bem e viver em paz
11) Queremos amar a vida e praticar o amor
12) Queremos a Justiça a nosso favor
13) Queremos fraternidade e solidariedade
14) Queremos ajudar a sociedade
15) Queremos Deus, o Senhor
16) Queremos que todos sejam livres e felizes
17) Queremos saúde e bem-estar para todos
18) Queremos respeitar e ser respeitados
19) Queremos ser responsáveis por nossos atos
20) Queremos que o juizo e o bom-senso prevaleçam
em nossas atitudes, decisões e conversações
Queremos que as diferenças sejam entendidas e respeitadas
Queremos dizer “não” à maldade e violência
Queremos dizer”sim” à cultura do amor e da vida
Queremos viver em paz uns com os outros
Queremos fazer o bem uns aos outros
Queremos ajudar-nos uns aos outros
Queremos depender uns dos outros
Queremos fazer tudo direito,
trabalhar com alegria e
realizar bem todas as coisas
Queremos a glória, a honra e o louvor para o nosso Deus e Senhor,
por seus benefícios e maravilhas realizados até agora no meio de nós.
O Prefeito do Rio César Maia recebeu estas nossas 29 reivindicações e disse-nos que a partir de então iria tomar as devidas providências para que elas sejam realmente observadas no dia-a-dia da realidade cotidiana das comunidades pobres das ruas, morros e favelas do Rio de Janeiro.
Depois do nosso encontro com a Prefeitura do Rio, Valéria e Madalena começaram a nos explicar a função do Estado e da Prefeitura dentro da sociedade
onde estamos inseridos: “Prefeito, Governador e Presidente da República são Poderes Públicos de primeira instância, os mais importantes perante toda a sociedade, de natureza política, cujas características se identificam com a possibilidade de gerar ordem social, estabelecer uma hierarquia de valores, organizar politica, social, economica e culturalmente o conjunto da sociedade tendo em vista garantir-lhe paz existencial, equilíbrio emocional e estabilidade e crescimento físico, mental e espiritual. O Poder público é um cargo político cujas funções visam estabelecer a ordem das instituições sociais, a ordem do ambiente natural e humano, a ordem da sociedade em geral.O Prefeito e todo poder publico, politicamente estabelecido, tem que oferecer as condições indispensáveis para que a ordem social seja garantida, a ordem política seja mantida, a ordem econômica seja eficaz e a ordem cultural seja aceita, entendida e respeitada”.
Na Comunidade Católica
Tendo mostrado a importância do Poder Público politicamente estabelecido, saimos dali e demos uma caminhada até a sede da Igreja Católica do Rio, a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, lá, na Glória, Palácio São Joaquim, onde o Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Eusébio Oscar Sheid,
nos aguardava para uma entrevista com a presença de toda a imprensa carioca.
Na ocasião, João Guedes, que fazia parte da nossa equipe de trabalho, falou-nos da seguinte maneira: “A Igreja do Rio deseja cooperar, colaborar ativamente e participar generosamente do nosso enpenho e esforço em lutar por garantir realmente melhores condições de vida, saúde e trabalho para todas as comunidades pobres do Rio de Janeiro, presentes sobretudo nas ruas, morros e favelas cariocas, para isto juntando e unindo o Povo de Deus nesta luta diária, real e rual, cotidiana”.
E o Cardeal do Rio, Dom Eusébio, mostrou-se bastante interessado em nos ajudar.
Na Comunidade da PETROBRÁS
Em seguida, nós, os representantes do Povo de Deus pobre, carente e marginalizado das ruas, morros e favelas do Rio de Janeiro, nos dirigimos até a sede da PETROBRÁS, na Avenida Chile, Centro do Rio, onde seu Presidente Sérgio Gabrielli, desejava falar-nos sobre a real colaboração da PETROBRÁS junto às nossas atividades comunitárias. Neste momento, explicou-nos Joaquim Mendes de Almeida, uma das lideranças comunitárias ali presentes: “ A Energia brasileira vem em socorro de nossas comunidades carentes com o objetivo de favorecer sua inclusão social, sua emergência econômica e sua conscientização política, incentivando junto a elas ações esportivas e atividades artísticas, além de proporcionar, dentro de seus limites operacionais, tempo e espaço para o lazer, em que as crianças, jovens e idosos, e todas as famílias reunidas, abram-se a novas possibilidades de saúde e bem-estar, renovem-se interior e exteriormente e libertem-se das prisões físicas, psicológicas e comportamentais, criando-se deste modo um clima agradável, um meio saudável e um ambiente favorável cujas consequências naturais, humanas, reais e vitais são o progresso material e a evolução espiritual
deste povo tão sofrido, constantemente em luta, empenhando-se em seus labores diários, esforçando-se em seu trabalhos cotidianos, tentando-se assim usufruir dos favores, maravilhas e beneficios da Providência Divina, que trabalha sabiamente junto aos homens e mulheres de boa-vontade deste mundo que é o Brasil”.
Na Comunidade da OAB
Mais tarde, fomos para a OAB – Ordem dos Advogados do Brasil, para uma reunião de apoio e incentivo às nossas atividades trabalhistas.
Animados e motivados, ouvimos então de um advogado, ali representante da OAB: “O bom-senso é a luz do direito e a força da justiça.
Seguindo as regras do juizo reto e do bom-senso legal e legítimo, desejamos a partir de agora somar esforços e multiplicar empenhos, no sentido de trabalhar juridicamente em prol da garantia dos direitos e deveres, e suas justas reivindicações, das comunidades pobres e carentes das ruas, morros e favelas do Rio de Janeiro, sabendo desde já que é nossa obrigação ajudar os menos favorecidos, torná-los conscientes dos seus direitos e livres em seus deveres cujo cumprimento trará favores e benefícios a toda populaçao carioca, brasileira e do mundo inteiro”.
Na Comunidade da ABL
Depois, já de noite, fomos até a ABL – Academia Brasileira de Letras, reivindicar ajuda da ABL em favor do Povo de Deus identificado com as comunidades pobres e carentes do Rio de Janeiro. Foi então que um escritor da ABL refletiu no meio de nós: “Ser bom e fazer o bem é o sentido da vida humana, natural e cultural. A Bondade de Deus é uma luz no nosso caminho. Quando seguimos essa luz, imitando o Criador, o mundo fica mais bonito, a vida fica mais feliz e o homem e a mulher, juntos e unidos, atingem a liberdade maior.Praticar o amor e a caridade, a fraternidade e a solidariedade, torna-nos bem melhores do que já somos. Por isso, nós, aqui e agora, da Academia Brasileira de Letras animamos e valorizamos, motivamos e incentivamos a todos os que hoje, neste momento, representam as comunidades pobres do Rio de Janeiro, suas lideranças responsáveis, para que continuem até onde for possível este trabalho, esforço e empenho de ajudar a ajudar, ajudar na obtenção das condições favoráveis ao bem-comum e bem-estar, cada vez maior e melhor, de todo este Povo de Deus então por vocês liderados e representados. Deus os ajude e abençôe”.
Na Comunidade do BANCO DO BRASIL
Na manhã seguinte, fomos ao BANCO DO BRASIL.
Os Banqueiros, na voz do seu Presidente, nos disseram:”O Dinheiro é necessário para movimentarmos nossas vidas, cumprirmos nossos desejos e satisfazermos nossas necessidades, realizarmos nossos sonhos e sustentarmos nossas esperanças.
O Dinheiro é como a Política. Politizados, buscamos o bem de todos e cada um.
Com dinheiro, o bem-estar é mais acessível e o bem-comum é mais realizável. A Política do dinheiro é ajudar-nos em nossas necessidades. Deste modo, podemos crescer, progredir e evoluir, com estabilidade. Estabilidade e crescimento são imprescindíveis quando queremos controlar a inflação, sustentar a moeda e valorizar o câmbio. A moeda fortalecida propicia avanços financeiros e qualidade nos empreendimentos. O sonho da prosperidade torna-se real, o real tem seu valor fortificado. Assim, a política econômica do BANCO DO BRASIL trabalha favorecendo o fluxo valorativo do capital investido, a consciência ambiental e a responsabilidade social, somando esforços e multiplicando empenhos no sentido de proporcionar a todos e cada um que usufruem de seu capital e sua economia forte um verdadeiro desenvolvimento sustentável, onde as comunidades pobres e carentes das ruas, morros e favelas do Rio de Janeiro encontrarão o tempo, o momento certo e o espaço necessário para realizar seus desejos e satisfazer suas necessidades”
Na Comunidade da CAIXA
De tarde, nos dirigimos à CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, onde ouvimos o seguinte discurso: “O Dinheiro tem suas origens nas relações de troca de objetos comerciais entre os burgueses da Idade Média, que, desenvolvendo o comércio, causaram o Mercantilismo no início da Idade Moderna, que, por sua vez, com suas teorias de mais-valia, propriedade privada, livre iniciativa, empreendimentos e prosperidade, moeda comercial, economia de mercado, qualificação do trabalho profissional e pluralidade de matéria-prima, principiaram o que chamamos de Capitalismo Primitivo, depois o Capitalismo comercial e industrial, a seguir o Capitalismo Selvagem, o Capitalismo Financeiro e Cambial e, finalmente, o Capitalismo local, regional e internacional. Temos hoje também o Capitalismo Democrático. O que é importante ressaltar é que o Sistema Capitalista Mundial, atualmente, quer trabalhar fortemente com os trabalhadores, seus partidos e sindicatos, e com os grupos políticos e sociais das sociedades modernas em geral.Trabalhar igualmente com os pobres e carentes, e suas comunidades de ruas, morros e favelas. Deste modo, a demanda de mercado aumenta, o capital cresce, o progresso e o bem-estar evoluem, a economia progride e o país desenvolve-se sustentavelmente, com consciência ambiental e responsabilidade social. Por todos estes motivos, a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL apóia, motiva, anima e incentiva as lideranças e representantes das comunidades pobres do Rio de Janeiro, tendo em vista o crescimento e o desenvolvimento material e espiritual de todos e cada um dos envolvidos nestas comunidades. A CAIXA e o Brasil estão com vocês”.
Na Comunidade dos CORREIOS
No dia 20 de Dezembro de 2007, às 14 horas, estávamos dentro da sede dos CORREIOS, no Rio de Janeiro, diante de toda a Imprensa, Rádio e Televisão do país chamado Brasil, para uma entrevista de caráter nacional e internacional. Neste momento, Paulo Carioca, homem bom que só fazia o bem, representando nossas lideranças comunitárias, falou nos seguintes termos:”Agradeço a Deus, o Senhor, em primeiro lugar, e a vocês, meios de comunicação social aqui presentes, e também à sociedade carioca e brasileira, por nós termos chegado até aqui, em nossa mobilização diária de vários anos, movimento permanente de construção e abertura de tempo e espaço para as comunidades pobres do Rio de Janeiro. Com criatividade, paciência, auto-estima e alto-astral, movimentando-nos constantemente, com consciência política, respeito pessoal e responsabilidade social, fomos devagar sem pressa criando as condições necessárias para o atendimento e o compromisso com as nossas reivindicações comunitárias. De bem com a vida, construimos este momento. Que as autoridades competentes e suas instituições e organizações possam realmente nos ajudar a ajudar. O resultado é o bem-estar, a saúde e a paz para todos. Que Deus nos abençôe. Que o Senhor nos recompense a todos nós, beneficentes e beneficiados
por nossas lutas, empenhos, esforços e trabalhos. Que a glória do Senhor nosso Deus se manifeste a todos. Obrigado”.
Na Comunidade do Souza Aguiar
Dois dias depois, também à tarde, estávamos no Hospital Souza Aguiar, quando então seu Diretor falou-nos do seguinte modo: “Se a cabeça do homem vai bem, então tudo ao seu redor vai bem igualmente. Se a cabeça do homem vai mal, então tudo em torno de si vai mal também. A cabeça (o cérebro, a razão, a consciência) é o centro fundamental de controle de onde saem as atividades humanas bem ou mal ordenadas, disciplinadas e organizadas, para onde se dirigem as informações transformadas em conhecimento, ética e espiritualidade, onde se formam o devido respeito e a séria responsabilidade, a liberdade condicionada e a felicidade relativa, o juizo e o bom-senso, a saúde pessoal e o bem-estar dos outros. Boas idéias e boas imagens, boas intenções e bons sentimentos, bons pensamentos e bons comportamentos, significam uma cabeça bem formada e informada, saudável e agradável, forte e luminosa, livre e feliz. O contrário disto tem consequências que estamos cansados de ver, saber e viver. Por isso, cuidar da nossa saúde é zelar pela nossa boa cabeça, a fim de que seus frutos produzam o bem e a paz, o amor e a vida, o progresso e o bem-estar, o crescimento e o desenvolvimento dos povos e nações. Em função de tudo isto que foi dito, queremos nós diretor, coordenadores, chefes de setor e de serviço, médicos, pacientes e funcionários deste Hospital Souza Aguiar nos solidarizar e abraçar as lideranças representativas das comunidades pobres e carentes das ruas, morros e favelas do Rio de Janeiro, cujo movimento trabalhador e construtor de alternativas, oportunidades e possibilidades é o produto consequente de uma cabeça boa com ótimas idéias, intenções e ações, a qual certamente proporcionará no seu devido tempo e lugar os frutos formidáveis e admiráveis de uma sociedade baseada na justiça e na solidariedade. Tomara que nós, da nossa parte, possamos contribuir eficaz e responsavelmente com esse projeto comunitário para que os pobres sejam mais ricos, crescendo em qualidade social, política e econômica, como também em qualidade moral, cultural e espiritual. Paz a todos”.
Na Comunidade do Daltro Santos
Às 17 horas do dia 26 de Dezembro de 2007, estávamos nós no C.E.Daltro Santos, em Bangu, para mais um novo debate de idéias e vivências cotidianas sobre educação e sua relação necessária com as comunidades pobres do Rio de Janeiro. Então foi-nos dada a palavra, e falamos o que se segue:”Educar bem o povo é oferecer-lhe as condições indispensáveis para assumir um compromisso responsável com a obtenção e produção do conhecimento, da ética e da espiritualidade humana, em função de que deve construir sua vida, destruindo preconceitos e superstições, abrindo-se a uma permanente renovação interior e exterior, libertando-se de fato da cultura da violência e da morte, da maldade e da ruindade, afastando-se de vez de prisões ideológicas e escravidões físicas, mentais e espirituais. Deste modo, nossas comunidades pobres do Rio seguirão comprometidas social, politica e economicamente com melhores situações de vida e saúde, maior bem-estar individual e coletivo. Que Deus seja louvado e que o Senhor seja bendito”.
Na Comunidade do Metrô
No dia seguinte, fomos convidados pelo Sindicato dos Metroviários do Rio de Janeiro – Trabalhadores do Metrô – para uma entrevista coletiva onde seriam abordados assuntos de interesse de nossas comunidades e ligados precisamente às nossas reivindicações comunitárias. Na ocasião, foi dito o seguinte: “Vivemos atualmente no Rio de Janeiro, no Brasil e no mundo inteiro, um processo de enlouquecimento generalizado, produzido pela constante prática da violência e da maldade, matando-se e morrendo-se absurdamente. A loucura social e marginal invadem nossas casas e famílias, nossos trabalhos e escolas, nossas igrejas e hospitais, nossas instituições e organizações, nossas ruas e avenidas, nossos morros e favelas, nosso cotidiano, nossa realidade do dia-a-dia. A maldade enlouquece. A violência enlouquece. Os sonhos e a fuga da realidade também enlouquecem. Para onde vamos ? O que estamos fazendo aqui e agora ? Que caminho tomar ? Existem soluções para isso ? O Bem e o Mal lutam entre si, Deus e o diabo estão em guerra, a Paz e a violência se chocam, a luz e as trevas duelam um combate indefinível, o amor e o ódio travam a batalha final, a vida e a morte entram em um conflito duradouro. Quem vencerá ? Quem ganhará esta partida decisiva para a humanidade ? Que Deus, o Senhor, nos possibilite o juizo e o bom-senso nesta hora de decisão.
Devemos escolher o caminho do bem e da paz. Que o Senhor Deus nos ajude e nos abençôe”.
Até aqui este momento, a voz que começou no silêncio tem se manifestado, libertando nosso grito de justiça diante de uma realidade antes opressora e oprimida,
e agora mais solidária e mais fraterna. Crescemos bastante até agora. Desenvolvemos talentos e habilidades, dons e graças, carismas e competências. Articulamos um novo processo de abertura, renovação e libertação, em que evoluimos material e espiritualmente. Com o progresso até então adquirido, nossos sonhos têm se tornado realidade. O Silêncio e seu discurso parecem estar sendo ouvidos.
No início de 2008, fundamos a CASA DO POBRE, para o nosso trabalho e serviço de atendimento e ajuda social às comunidades pobres. Igualmente, criamos a ACOPO – Associação das Comunidades Pobres do Rio de Janeiro. E também estabelecemos os Direitos e Deveres do Cidadão Pobre Trabalhador, com o objetivo de facilitar, melhorar e aprimorar o atendimento das reivindicações das Comunidades Pobres das ruas, morros e favelas do Rio de Janeiro perante as Instituições e as Autoridades Competentes.
Na Comunidade da GLOBO
Quando, em Janeiro de 2008, fomos à Rede Globo de Televisão, no Jardim Botânico, divulgamos então para todos ali presentes os Direitos e Deveres do Cidadão Pobre Trabalhador do Rio de Janeiro. Ei-lo: 1) Direito à vida, de viver e existir; e Dever de ajudar os pobres e necessitados. 2) Direito de realizar e satisfazer seus desejos humanos e suas necessidades naturais; e Dever de ser responsável por seus atos. 3) Direito à saude e ao bem-estar; e Dever de respeitar aos outros, a si e a Deus, o Senhor. 4) Direito ao estudo, à pesquisa e à obtenção de novos conhecimentos; e Dever de agir com juizo e bom-senso. 5) Direito ao silêncio; e Dever de usar de paciência na hora das adversidades e contrariedades. 6) Direito a andar, caminhar, movimentar-se; e Dever de destruir seus vícios e construir suas virtudes. 7) Direito de usar a criatividade quando indispensável; e Dever de propagar, difundir e publicar as boas idéias e os bons pensamentos, os bons sentimentos e as boas ações, atitudes e comportamentos. 8) Direito de ser ajudado quando necessário; e Dever de ajudar a ajudar. Estes os Direitos e Deveres de um homem bom que só faz o bem que se identifica com o Cidadão Pobre Trabalhador de nossas comunidades de rua, morro e favela.
Na Comunidade de O DIA
Em Fevereiro de 2008, durante o Carnaval do Rio, a Editora do Jornal O Dia S.A. convidou-nos a publicar um livro cujo conteúdo seria o seguinte:
AUTOR: Paulo Carioca Gonçalves de Oliveira
TÍTULO: Um Homem bom que só faz o bem
CONTEÚDO: a) Ser bom e fazer o bem
b) Ser responsável
c) Respeitar e ser respeitado
d) Usar o juizo e o bom-senso
e) Ter saúde e bem-estar
f) Ser livre e feliz
g) Crescimento e estabilidade
h) Crescer, progredir e evoluir
i) Abrir-se, renovar-se e libertar-se
j) Limites, tendências e possibilidades
k) Zelar pelo corpo, a mente e o espírito
l) Andar, caminhar, movimentar-se
m) Cultivar o Silêncio
n) Ser paciente
o) Qualidade de vida alimentar
p) Consciência Ambiental
q) A Boa Educação
r) Amar a Deus, o Senhor
s) Trabalhar com alegria
t) Fazer bem todas as coisas
u) Propagar a fraternidade e a solidariedade
v) Ter uma cabeça saudável, agradável e favorável
w)Fugir da maldade e da violência que enlouquecem as pessoas que vivem e convivem em sociedade
Este o conteúdo do nosso primeiro livro a ser lançado em 2008.
Na Comunidade TUPI
Dois meses depois, em Abril de 2008, fomos convidados para mais uma rodada de debates e diálogos na Super Rádio Tupi do Rio de Janeiro. Os assuntos então abordados em síntese foram os seguintes: 1) A Fé em Deus, o Senhor, e sua relação com a luta dos pobres trabalhadores por melhores condições de vida 2) A Filosofia de vida da ACOPO e da CASA DO POBRE 3) O Poder político e econômico e sua influência sobre as comunidades 4) Emergência Social e luta dos pobres trabalhadores 5) União e participação popular entre as comunidades 6) Progresso e desenvolvimento comunitário.
E assim permaneceu durante muitos anos a luta de ascensão social de nossas comunidades pobres.
Crescemos e evoluimos bastante.
Estabilizamos a nossa jornada.
De agora em diante, vamos colher os bons frutos de nossa caminhada emergente.
Do silêncio da marginalidade
Pelo silêncio da justiça
Para o silêncio da estabilidade.
Hoje, a luta continua.
E a vida permanece.
E continuamos a fazer do silêncio a voz permanente da nossa caminhada.
A Justiça venceu.

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