sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Insofismática

Insofismática
A Ciência das Certezas Relativas

1. A Escola dos Sofistas

No período pré-socrático da Antiguidade Grega(séc.VI a.C.), surgiram os Sofistas, pessoas contratadas por reis e imperadores da época para, por meio da retórica e da argumentação, defenderem os interesses do império e da monarquia, para essa finalidade recebendo grandes volumes de moeda(dinheiro), não importando então a verdade ou a mentira de suas palavras, ou a lógica de seus raciocínios, já que o que interessava era garantir a vitória dos reinados e dos imperialismos ainda que se tivesse que falsificar os argumentos, corromper a verdade, elevar o erro e a mentira, sujar as idéias de seus adversários, ou manchar os ideais de seus inimigos.
Assim nasceu os Sofismas(argumentos cheios de erros com obscuras intenções, muitas vezes com maldade nas palavras, com o objetivo certo de advogar ou defender os interesses das principais autoridades das Cidades gregas e suas circunvizinhas).
Logo, como se observa, a palavra sofisma, a partir daquela data, passou a significar erro, falta, mentira, raciocínio aberrante, argumentação falsa, retórica mentirosa, palavra que contrariava o sentido da verdade.
Ao mesmo tempo, veio ao mundo o movimento filosófico contrário aos sofismas e antítese dos sofistas chamado de Insofismático cujo significado manifestava o interesse de defender a verdade do ser, do pensar e do existir, garantir as certezas relativas e absolutas, dar autenticidade às nossas idéias e conhecimentos, discursos e retóricas, raciocínios e argumentações.
O Processo Insofismático deseja pois ser um advogado da verdade, defender suas boas intenções e seus bons interesses, lutar a favor dos bons conhecimentos produzidos, favorecer as boas idéias e os bons ideais, autenticar enfim nossas palavras retas, certas e corretas.
Eis a origem da Insofismática.

2. Verdades e Falsidades

Na tentativa bem-intencionada de vencer os sofismas e derrubar os sofistas, que anseiam por corromper a verdade, dar insegurança às pessoas e instabilidade aos ambientes, produzindo então a confusão mental e as complicações irracionais, irreais e inconscientes, construindo assim a desordem da razão, a indisciplina da inteligência e a desorganização dos conhecimentos adquiridos, a Insofismática procura criar as condições necessárias à boa criatividade de indivíduos e grupos, a partir da qual gerem o edifício das boas idéias e dos bons conhecimentos, da boa ética comportamental e da boa espiritualidade natural, do bom discernimento intelectual, dos bons pensamentos construtivos e dos bons sentimentos de paz, de bondade e de concórdia.
A Verdade pois junta-se à Bondade das pessoas para lutar contra a falsidade das palavras, o erro da retórica, a mentira dos argumentos, a falta de lógica dos raciocínios e a ausência de honestidade e sinceridade por parte daqueles que ousam manchar a boa ciência e os bons conhecimentos obtidos até aqui e agora.
Observa-se portanto que a verdade se une ao bem e à paz para se libertar dessas prisões ideológicas e de tais escravidões psicológicas.
Tal é o processo insofismático de articulação da defesa da verdade e de suas certezas relativas e absolutas, para isso usando ferramentas pensantes, discernentes e cognoscentes que garantem sua autenticidade, dando-lhe segurança em suas atividades de pesquisa e em seus exercícios constantes de trabalho intelectivo, sem excluir é óbvio sua aliança perene com a experiência da realidade cotidiana, de onde retira seus instrumentos de luta, seus esforços de guerra e seus empenhos de batalha.
A Insofismática logo combate os maus conhecimentos, a ética ruim e a péssima espiritualidade cujos interesses contrariam as boas intenções de quem advoga a verdade e defende o que é certo e correto.

3. Um processo em construção

A Ciência Insofismática entende a verdade como um processo em construção permanente e progressiva, desde a criação de seus conteúdos de pensamento passando pela análise do discernimento até a constituição do conhecimento realmente possível, o que significa em outras palavras a produção de outras, novas e diferentes idéias, símbolos e valores, virtudes e vivências, sons e imagens, onde a busca da sua transparência de palavras e autenticidade de significantes e significados se identifica com a tentativa de refletir bem a nossa racionalidade operante e a nossa inteligência articuladora de intenções e interesses correspondentes com a realidade da experiência cotidiana.
Desse modo se observa que a verdade é relativa, que se constrói no tempo e na história, aqui e agora, caminhando com o sujeito que pensa, discerne e conhece, produzindo crescentemente a sua essência renovadora e libertadora, condicionando assim a liberdade existencial e sua consequente felicidade física, mental e espiritual.
De fato, a verdade é processo, um processo em constante evolução.
Tal processo sempre em construção aponta para a sua relatividade temporal cuja história revela a substância da natureza humana em função da qual giram o universo e a criação, a vida e a existência, o tempo e a eternidade, a consciência e a experiência, a realidade dos fatos e os fenômenos do dia a dia, os acontecimentos reais e atuais e o cotidiano insistente no passado, presente e futuro da humanidade.
Sim, a verdade é um processo em construção para o qual concorrem o pensamento criativo, os detalhes e as diferenças oferecidos pelo discernimento e os conteúdos de qualidade do conhecimento produzido, possibilidades que se constroem com o homem e a mulher em seu ambiente real sem distúrbios imaginários ou patologias irreais, inconscientes e irracionais.

4. A Realidade como manifestação da verdade

Na experiência real cotidiana, o mundo insofismático tem a sua identidade privilegiada, a base fundamental de onde se eleva e se constrói o edifício da verdade, a raiz original a partir de que se produzem os nossos conteúdos de conhecimento de qualidade e excelência, a fonte principal de nossas certezas relativas, reflexo de nossos princípios de consciência, intencionais e experienciais que se caracterizam por sua natureza autêntica e transparente, sustento de nossas racionalidades equilibradas e de nossas vivências de controle mental e emocional e de domínio de nós mesmos, o que nos revela de imediato a importância vital e central do papel do cotidiano na busca de saúde física e bem-estar social de indivíduos e grupos participantes da sociedade dentro da qual estamos inseridos atualmente.
Essa função curadora e remediadora que exerce a realidade do dia a dia em nossas vidas de cada momento demonstra o fato de que a verdade real é saudável, remédio para os nossos males e salvação de nossas inconsciências irreais e irracionais que vez ou outra nos perseguem diariamente.
Observa-se portanto que a realidade é um dos grandes critérios de medição da verdade, além de outros como os valores positivos da nossa consciência, as virtudes morais e religiosas como o bem que fazemos e a paz que vivemos, as vivências psicológicas e espirituais que nos envolvem onde muitas vezes Deus, o Senhor, é a Fonte da verdade e da realidade diurna e noturna, as experiências pensantes, discernentes e cognoscentes que adquirem uma base segura de conteúdos de conhecimento que garantem a nossa estabilidade mental e consolidam os nossos princípios éticos e espirituais, e assim por diante.
Quando o chão da realidade tem uma garantia segura de subsistência, então a verdade sobressai, se reflete em nossos sentidos e inteligências, se concretiza na prática de nossos comportamentos equilibrados e razoáveis, conscientemente definidos e eticamente determinados.
Então, se diz que a realidade é verdadeira.

5. Devemos ser autênticos

Os valores éticos e espirituais autenticamente vividos são a razão de nossas verdades bem geridas e de nossas certezas bem dirigidas.
Quando assumo o compromisso sério e responsável com a minha autenticidade, então eu me torno transparente, claro e lúcido, e evidencio diante de tudo e de todos a minha verdadeira identidade, sem máscaras e sem múltiplas faces, sem pluralidade de cabeças e sem variedade de pontos de vista, de tal maneira que eu sou o mesmo em qualquer tempo e lugar, perante a Deus e aos outros, refletindo em mim mesmo os meus conhecimentos, princípios e virtudes, que caracterizam a minha personalidade e revelam o meu caráter.
Então, sou eu mesmo.
Sou o que sou.
Sou o que penso ser.
Meu pensamento faz o meu ser.
Minhas idéias descobrem a minha verdade.
Minhas certezas desvelam a minha liberdade.
Essa liberdade é a minha autenticidade, a minha verdade existencial, a minha felicidade espiritual.
Livre, sou autêntico.

6. A Verdade é Relativa

Toda e qualquer verdade construida no interior da experiência real humana e cotidiana é sempre relativa a mim. Pois então não existe a verdade, mas a minha verdade.
Observamos assim que os nossos conhecimentos obtidos no dia a dia da nossa vida, as idéias criadas e os valores concebidos, as imagens produzidos e os símbolos gerados, os interesses em jogo e as intenções propostas, as virtudes éticas e as vivências espirituais, existem sempre em função de mim mesmo.
Até o Sol, astro celeste, que brilha e esquenta o tempo e os espaços em volta de si próprio, têm sua luz e calor voltados para a minha pessoa, porque sou eu, cada sujeito em particular, que percebe que o Sol ilumina a mim e para mim, me abrasa e me fortalece, e nessa percepção de cada eu e de todos nós tem sentido a Fogo do Sol, cuja energia de vida funciona para mim e para cada ego, transformados em nós, razão da luz do Sol e sentido do seu Fogo enérgico.
Como também um determinado acontecimento social ou um definido fenômeno cotidiano, como por exemplo uma partida de futebol no Maracanã entre Flamengo e Vasco da Gama, no próximo domingo de tarde, somente existe ou tem razão de ser em referência ao meu eu, na relação que o jogo tem comigo, e generalizando a todos nós torcedores do Vasco e do Flamengo.
De fato, a verdade é relativa.
Ela é relativa a mim.
Ela se relaciona comigo.
Mentém sempre uma referência ao meu ego, a nós, aos nossos egos.
Tal o sentido da verdade e suas certezas dependentes da visão que eu tenho delas, pois precisam da minha interpretação de seus “fatos conscientes” que se dão a mim e a nós, que necessitam do meu olhar sobre elas, a fim de que eu as examine e avalie e então as considere ou não realidades autênticas e transparentes.
Logo, a verdade depende de mim.
Da minha racionalidade interpretadora de suas ocorrências em minha mente.
Da minha ótica interpretativa, portanto, depende a verdade da realidade e suas certezas fenomenais que se ligam a mim e de mim recebem a devida aprovação no que se refere a sua autenticidade real e transparência racional.
Com efeito, o que na realidade existe é a ideologia de Karl Marx, o niilismo de Nietszche, a teoria da relatividade de Einstein, o existencialismo de Sartre, a fenomenologia de Heidegger, o governo de Lula, o presidencialismo de Getúlio Vargas, os massacres de Hittler, o incêndio de Nero, a psicanálise de Freud, a teoria do inconsciente de Young, a filosofia de Deleuze, o realismo de Aristóteles, o iluminismo de Rousseau, o musical de Bethoven, e assim por diante.
De certo modo, as idéias antes são individualistas, personalizadas, e depois se tornam plurais, globais e universais.
Como também surgem de debates e discussões críticas e dialéticas.
Todavia, sobretudo são pessoais.
Relativas a mim.
Assim pois se constitui e sobrevive a verdade em nosso contexto social, político, econômico e cultural.
Depende por conseguinte do nosso ponto de vista.
Igualmente, Deus tem também a sua própria noção de verdade e visão da realidade.
Existem as verdades de Deus.
Relativas a Deus.
Em referência ao Senhor.
Desse modo, funcionam a vida, a natureza e o universo.

7. Verdadeiros, autênticos e transparentes

A Essência da natureza humana é a sua autenticidade, o seu desejo ser verdadeira, a sua realidade comprometida com atitudes transparentes, que revelam a verdade do seu ser, pensar e existir.
É próprio do homem e da mulher buscarem a sua verdade interior, agirem autenticamente, fazerem de suas vidas um reflexo da verdade maior e melhor, identificada com sua substância real e atual, mental e espiritual, biológica e social, material e transcendente.
Na verdade, estamos na luz da consciência, no farol da existência, no Sol que fundamenta a nossa vida de cada dia.
Descobrimos então que somos reflexos desse Sol maior e melhor, que é o Deus Criador e Autor da Vida.
E nos tornamos assim verdadeiros em nossas idéias, valores e atitudes.
Ficamos mais autênticos.
A Transparência de vida toma conta de nós.
Nossos conhecimentos agora nos iluminam e fortalecem.
Descobrimos a verdade da realidade.
Transformamo-nos em pessoas reais.
Somos o cotidiano.

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