segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Imaginação

O Poder da Imaginação
O Complexo Imaginário e
seu fluxo criador de imagens

1) A Imagem e seu Poder de Influência

Eu e os outros mantemos um relacionamento baseado em construção de imagens, que se originam a partir do poder de influência exercido por nós, pelo meu eu e pelos outros eus dos outros, resultando assim em uma interatividade, interdependência, compartilhamento de idéias e imagens, valores e intenções, símbolos e interesses, razões e experiências, teorias e práticas, emoções e atividades, exercícios mentais e concretos.
Dependemos uns dos outros.
Interagimos e compartilhamos interesses.
Em função desta realidade da experiência cotidiana, adquirimos com o tempo, de acordo com o momento, sob determinações da vivência temporal e histórica, conforme o lugar social e cultural, político e econômico, moral e religioso, em que nos inserimos, novas imagens sobre nós mesmos, criando, desde então, preconceitos e superstições, ideais e ideologias, teorias e discursos que vão afetar decisivamente nosso comportamento perante a sociedade onde nos encontramos neste mundo em que vivemos.
Nós somos eu e os outros.
Temos uma imagem sobre nós mesmos.
Eu sou assim, nós somos deste modo, os outros são daquela maneira.
Todos e cada um então constróem seus próprios mundos internos e externos, seus universos interiores e exteriores.
Somos imagem.
Nos imaginamos.
Nos representamos diante da sociedade, perante a mim e aos outros.
A Força desta imagem define o grau, o valor e o poder de influência que podemos apresentar socialmente.
Eu me imagino e imagino os outros.
Os outros se imaginam a si mesmos e imaginam a mim também, o que eu posso ser, o que eu represento para eles, qual o meu reflexo em sociedade.
A Imagem em si só pode existir a partir de uma relação: eu com os outros, eu comigo próprio, os outros comigo e os outros com eles mesmos.
Observa-se assim que a imagem é produto de uma relação necessária, resultado de uma situação real ou ideal interativa, consequência de circunstâncias sociais determinadas interdependentes, efeito de condições gerais e específicas cotidianas que compartilham símbolos, valores e interesses iguais ou diferentes.
Surge deste modo o poder de influência que podemos realmente exercer em sociedade, determinando e sendo determinados pela vida dos outros, condicionando pensamentos, sentimentos e comportamentos uns sobre os outros, definindo regras de conduta, estilos de moda, boas ou más atitudes, ótimas ou péssimas ações.
Neste momento, a ética ou a moralidade social entram em ação, chamando-nos à responsabilidade individual e coletiva, ao respeito pessoal, social e ambiental, às boas virtudes que devemos abraçar, ignorando e rejeitando de fato a violência e a maldade que possam então nos contaminar.
Eis pois o processo real, histórico e atual de construção da nossa imagem, seu valor, poder e importância diante da sociedade em que nos encontramos.

2) O Gerador de Imagens

Diariamente, estamos construindo imagens sobre nós mesmos e sobre os outros, dentro da realidade – quando experimentamos o cotidiano da nossa vida – ou fora da realidade – quando mergulhamos em sonhos, ilusões e fantasias, possuídos pelo poder da imaginação que então nos aprisiona e escraviza total ou parcialmente determinando uma relação de dependência, muitas vezes doentia, entre o meu ego e a minha inconsciência irreal e irracional.
Com efeito, as imagens – representações mentais – são fenômenos da consciência, ou acontecem na consciência em si, de si e para si, dentro de si e fora de si. Tais ocorrências racionais ou irracionais, reais ou irreais, conscientes ou inconscientes, caracterizam e manifestam o poder da imaginação humana, seu complexo imaginário fértil e de inúmeras possibilidades, e seu fluxo permanente de criação de imagens, as quais se identificam muitas vezes ora com o sujeito ora com o objeto, a consciência e/ou a experiência, o pensamento e/ou o acontecimento, a ação e/ou a representação, definindo assim “o motor de imagens”que funciona dentro da natureza do homem e da mulher cotidianamente. Na verdade, essas imagens construidas no meu ego se referem a uma variedade de fatos, reais e atuais, temporais e históricos, ou de modo diferente se relacionam com o meu mundo incrível, fantástico e extraordinário, muitas vezes louco e demente, visto que se isola e se aliena então da realidade do dia a dia da nossa vida em sociedade dentro deste mundo em que vivemos no presente momento. Desde agora, podemos observar que o mergulho ou não na estrutura caótica, indefinida e indeterminada da realidade da experiência cotidiana vai definir os nossos conceitos de imagem, sua função na nossa existência e a boa ou má qualidade de vida que podemos usufruir a partir pois das imagens ou representações mentais que temos de nós mesmos e dos outros, do meu ego e dos objetos que me cercam, do ambiente em que vivo e dos conhecimentos que adquiro constantemente, das informações que recebo dos meios de comunicação social e das manifestações concretas que visualizo quando em contato com os fatos históricos e os acontecimentos temporais do dia a dia. Nota-se ainda que uma imagem gerada revela o grau de relações e relacionamentos que mantenho e estabeleço diariamente e também o nível de estado de vida que experimento durante o dia e a noite sempre em condições que ora se vêem reais ou irrais, racionais ou irracionais, conscientes ou inconscientes. Outrossim, as intencionalidades humanas e seus interesses em jogo refletem a qualidade e a quantidade de imagens ou representações mentais que possuimos dentro de nossa ‘experiência mental”. Somos imagens.

3. O Trabalho da Memória

O Papel da memória no cérebro humano é guardar as imagens criadas diariamente, as quais se identificam com textos, fotos, músicas e vídeos, todas arquivadas nela, armazenadas em seu contexto condicionador de repetições consecutivas, transitórias e permanentes, ou seja, memoriza-se no interior do homem e da mulher todos os dados ou informações criadas, captadas, abstraidas e apreendidas pela sua consciência, de acordo com os seus interesses subjetivos.
As imagens ou informações geradas instalam-se na memória humana por meio de contínuos repetecos, os quais vão se adaptando e condicionando paulatinamente em seu mundo interior até que fiquem solidamente consolidadas nesse ambiente memorizador, arquivador de conteúdos e armazenador de conhecimentos. Deste modo, as imagens que se produzem não se perdem nem são apagadas desse universo interno cujas adjacências cooperam para tal arquivamento e cujo meio-ambiente memorial ajuda no mesmo armazenamento de dados. Esse pois o papel, a função e o sentido da memória dentro da natureza humana.

4. Representações Mentais

Podemos definir imagem como sendo uma figura, um símbolo ou uma representação mental de alguma coisa ou fato dentro da consciência humana. Esse fenômeno que ocorre na consciência e que chamamos de imagem pode ser uma letra ou um número, uma palavra ou uma frase, uma idéia ou um símbolo, um texto falado, ouvido ou escrito, uma foto que se vê, uma música que se escuta ou um filme que se observa. Esse olhar interno observador visualiza essas imagens transformando-as em representações mentais que faço de mim mesmo ou das outras pessoas, da realidade cotidiana ou dos fatos e acontecimentos do dia a dia, dos seres e das coisas, do sujeito que imagina e se imagina ou do objeto observado e imaginado. Tal ambiente de interatividade e compartilhamento de observações diversas e perspectivas diferentes, constituem e produzem, e desenvolvem, a imagem, objeto que imagino mentalmente. Imaginando esses objetos mentais dou origem à imagem, que se refere a mim, ou se relaciona com os outros, dentro ou fora da realidade em si, de si e para si. Assim pois é possível afirmar que imagem é uma realidade para mim, e eu sou uma realidade para essa imagem com a qual mantenho contato nesse momento, observando os caracteres que a definem. De fato, tal interação entre eu e o objeto mental, que chamo de imagem, determina uma terceira realidade ou imagem relacional, fruto do contágio imaginário que se estabelece entre o meu ego e a figura imaginada. Por conseguinte, temos 3 realidades que trabalham e cooperam mutuamente na produção da imagem: o meu eu, a coisa que imagino ou mentalizo e o estado de relação ou relacionamento existente entre todos nós. Dessa comunhão e participação dessas 3 realidades interiores ao sujeito humano nasce o conceito de imagem ou representação mental.

5. A Linguagem e suas
manifestações simbólicas e imaginárias

Símbolo, imagem e linguagem trabalham juntos construindo o discurso humano e seus fenômenos transcendentais, imanentes e transcendentes. Cooperam entre si, interagem uns com os outros, compartilham de seus universos próprios elaborando paulatinamente a racionalidade, a intencionalidade e a realidade da existência e da experiência temporal e histórica, real e atual, do homem e da mulher, que deste modo tornam-se agentes transformadores de seu contexto local, regional e global, de seu ambiente físico e geográfico, renovando pois culturas e mentalidades, e libertando e libertando-se de suas prisões ideológicas e escravidões psicológicas, abrindo-se então à superação de si mesmos, destruindo as barreiras dos preconceitos e os obstáculos das superstições, criando assim as condições de possibilidade para um presente e futuro melhor para a humanidade, com saúde pessoal e bem-estar social e coletivo, com mais fraternidade e solidariedade, gerando portanto uma sociedade humana de bem com a vida, mais ordeira, pacífica e organizada. Por conseguinte, a tarefa dos símbolos e a função das imagens na produção da linguagem humana propicia frutos e consequências resgatadoras da sua verdadeira dignidade, aprimorando seu caráter individual e aperfeiçoando sua personalidade hoje em dia cada vez mais plural e universal, global e integral. De fato, símbolos, imagens e linguagens produzem um homem e uma mulher melhores, livres e felizes, quando é claro caminham unidos com o bem que se faz e a paz que se vive. Em tal processo libertador, certamente Deus, o Senhor, deve ocupar um tempo e um espaço, ter voz e vez, a fim de que a sociedade, a cultura, a política e a economia desempenhem bem suas vocações temporais, gerando então igualmente efeitos positivos e otimistas para toda a eternidade.

6. O Movimento Construtor da Linguagem

O Processo gerador da comunicação se dá com a participação do comunicador, a linguagem do comunicador e o ouvinte, o agente receptor da comunicação. Paea isto, contribuem eficazmente os meios de comunicação social, tais como: o rádio, a televisão, o computador(internet, informática), os livros, jornais e revistas, o CD, o DVD, o telefone celular, mensagens de cartas, ou seja, mensagens ou linguagens de texto, áudio e vídeo, som e imagem, música e cinema, e o teatro também.
A linguagem ou mensagem de comunicação articula o comunicador com seu ouvinte, através sobretudo dos sentidos humanos, como por exemplo a voz, os olhos e os ouvidos.
A Intencionalidade é outro fator importante da comunicação, que usa a consciência humana, a fim de relacionar suas causas com seus efeitos, acrescentando então o bem ou o mal, a boa moral ou os maus costumes, que influenciam o resultado do movimento articulador da comunicação identificado com o pensamento, sentimento e comportamento das pessoas envolvidas com tal processo comunicador.
A interatividade, a reciprocidade, a relação mútua entre falante e ouvinte favorecem a boa comunucação e suas consequências vitais.
Comunicar-se faz bem à saúde.

7. A Luz e a Força
das Palavras

Palavras significam idéias,
Palavras representam coisas,
Palavras são feitas de símbolos,
Palavras traduzem emoções,
Palavras refletem valores,
Palavras identificam vivências.

Palavras são canais de comunicação,
ferramentas de interação,
instrumentos de participação, que ligam, relacionam ou fazem a ponte entre eu e o outro.

Palavras podem iluminar e fortalecer,
ou podem matar e destruir.
Portanto, as palavras podem ser boas ou más,
de paz ou violência,
de construção ou destruição.
Bondade ou maldade são valores da consciência humana,
são intenções da pessoa humana,
são práticas de indivíduos ou grupos humanos que vivem e convivem em sociedade.
Logo, as palavras reproduzem o homem e a mulher, e seus vícios e virtudes.
Abençoam ou amaldiçoam,
como também podem bendizer e glorificar a Deus, o Senhor.

Por isso, cuide de sua língua,
zele por sua língua,
administre a sua língua.
Ela é a sua vida ou a sua morte,
o seu bem ou o seu mal,
a sua construção ou a sua destruição.

Salve-se quem puder!

8. Estigmas
Idéias Aberrantes

Estigmas são marcas registradas em forma de idéias, símbolos, valores e palavras, que atingem a consciência humana, desviando comportamentos, deturpando a linguagem e causando erros, falsidades e aberrações na compreensão da verdadeira identidade da pessoa humana.
Essas marcas registradas na consciência da pessoa humana atuam como sofismas, mentiras ou aberrações que maculam, corrompem e destróem a identidade, o caráter, a personalidade e todas as características que representam verdadeiramente o indivíduo, grupos ou comunidades humanas.
Tais aberrações ignoram a verdade, excluem sua autenticidade e sujam e mancham os caracteres próprios do sujeito ou pessoa que vive e convive na sociedade humana.
Portanto, estigmatizar significa desviar, aberracionar, corromper e destruir a verdadeira identidade da pessoa humana.
Digamos “não” aos estigmas.
Sejamos verdadeiros e amigos da verdade.
Contrariemos os apelidos, as palavras sujas, as idéias falsas - estigmas atuais da sociedade humana.
Nos nossos relacionamentos, interações e linguagens inter-comunicativas usemos a pureza da linguagem, a limpidez das palavras, a autenticidade das idéias, a verdade de valores e vivências que correspondam à real, verdadeira e autêntica identidade da pessoa humana, sua insofismática realidade original.
Sejamos insofismáticos, verdadeiros, autênticos em nossas relações humanas, sociais, naturais e culturais.

9. A Natureza do Símbolo

Símbolo é uma representação textual, sonora ou visual que ocorre na mente humana, ou seja, um fenômeno da consciência, cujo acontecimento realiza a conexão simbólica com uma idéia, uma palavra, frase, teoria ou ideologia.
Como representação mental, o símbolo é uma ocorrência relacional, porque reflete algum significado no interior da inteligência humana.
Portanto, símbolo é o significante que traduz algum significado
É também um fenômeno situacional, pois remete a alguma situação, cuja referência é dada na linguagem de comunicação, onde o emissor se conecta com o receptor.
Igualmente é um acontecimento circunstancial, visto que se acha existente e insistentemente presente no cotidiano das pessoas, no dia-a-dia dos trabalhadores masculinos e femininos.
Outrossim, trata-se de uma referência condicional, já que nele, por ele e para ele, e a partir dele, se concretiza todo o processo interlocutor de comunicação.
Por conseguinte, a função do símbolo é permitir a boa comunicação, refletir como significante o significado das palavras ou mensagens, traduzir o ótimo relacionamento que deve existir entre o falante e o ouvinte, o autor e o leitor, o escritor e o receptor, o cantor musical e o povo que o escuta.
Na verdade, o símbolo é humano, natural e cultural, e pode servir aos humanos e a Deus, o Senhor, cuja linguagem divina também se expressa através de símbolos.
Façamos dos símbolos um motivo para fazer o bem e construir a paz no meio de nós.
Ex: a) letra(a,b,c,d,e,f...)
b) número(1,2,3,4,5,6...)
c) códigos
d) gestos
e) sinais
f) texto
g) fotos
h) sons
i) imagens
j) figuras

10. O Ambiente Imaginário
A Consciência em si, de si e para si,
dentro de si e fora de si

O Mundo das imagens, seu tempo, momento e lugar na consciência humana se identifica com os fenômenos mentais constituidores de sua essência e aparência, sentido e significado, os quais designamos como idéias, símbolos, valores, intenções, interesses, vivências, representações racionais ou irracionais, conscientes ou inconscientes das experiências humanas naturais e culturais, configurando assim o ambiente de imagens ou imaginário onde acontecem os “fatos mentais”. Tal espaço imaginário acha-se presente, insistente e existente dentro e fora da racionalidade do homem e da mulher, definindo-se como realidade consciente ou irrealidade inconsciente, quando então os fenômenos da mente têm uma relação direta com a consciência – consciência de si: a consciência de si mesma; a consciência em si: a consciência dentro de si mesma; e a consciência para si: a consciência reflexiva, voltada para si própria.

11. A Linguagem da Imagem
e seu universo de discurso

A Representação mental da realidade interna e externa do ser humano em geral reflete positivamente a linguagem da imagem e seu universo de discurso.
Representar então significa interpretar o real interior e exterior, dar-lhe um sentido racional, compreendê-lo, entendê-lo por meio de símbolos, transformar esses símbolos em idéias, apreendê-las ou abstrai-las, e arquivá-las ou armazená-las, memorizando seus significados e seus significantes, enfim, produzindo imagens. Tal é a linguagem da imagem cujo universo é o discurso da representação ou interpretação da realidade que se oferece à minha consciência, tornando-se realidade em mim, realidade de mim e realidade para mim, realidade dentro e fora de mim. Observa-se desse modo que a imaginação humana tem o poder insubstituível de interpretar ou representar mentalmente a realidade que se dá a mim, abarcando-a em si mesma, “imaginando-a” ou transformando-a em imagem. Esse processo abstraidor ou apreendedor de imagens, sua maneira de interpretá-las ou representá-las, caracteriza o mundo imaginário, seu universo de discurso e de linguagem simbólica.

12. A Imaginação e seu contexto
fértil gerador de novas realidades simbólicas

Uma das propriedades da imaginação humana é sua capacidade de construir novas realidades simbólicas, representando ou interpretando pois o seu mundo interno e o universo exterior que o cerca. Tal é o poder da imaginação. Ela gera novas tendências imaginárias e novas possibilidades de imagens, que refletem os “acontecimentos mentais” vindos de dentro ou de fora da consciência, produzindo assim um ambiente propício à obtenção do conhecimento verdadeiramente possível, a partir de um contexto racional ou irracional, real ou irreal, onde se criam os fenômenos da mente. Assim nascem os símbolos e as imagens, as idéias e as vivências, as intenções e os interesses da racionalidade humana.

13. Ser e Pensar,
Sentir e Agir,
Viver e Existir
Tudo é Imagem
Somos uma construção permanente de imagens

Sou o que imagino ser.
Penso o que imagino pensar.
Sinto o que imagino sentir.
A Imaginação caminha ligada ao meu ser, meu pensar, meu sentir, meu agir, meu viver e meu existir.
Imagino-me sendo, pensando, sentindo, agindo, vivendo e existindo.
Sou imagem.
Sou uma imagem em permanente construção.
Imagino o meu eu e quem somos nós.
Imagino a minha realidade e a minha racionalidade.
Imagino os meus pensamentos, sentimentos e comportamentos.
Sou imaginação viva, real e atual.
Sou gerado por mim mesmo.
Sou criado por minhas representações mentais.
Sou produzido por minhas próprias imagens.
Sou construido a partir das imagens dentro de mim mesmo, que me fazem ser e pensar, sentir e agir, viver e existir.
Tudo é imagem.
Todos são produtos da imaginação.
A Realidade cotidiana é imaginada para ser vivida e praticada.
Meus atos surgem de imagens que entendo, compreendo e mentalizo, racionalizando assim a experiência real diária.
Da qualidade de nossas imagens dependem nossos bons ou maus comportamentos.
A Realidade é imaginação.
Ou seja, minhas atitudes precisam da racionalização, mentalização, compreensão, entendimento e conscientização das imagens que surgem dentro de mim como fenômenos ou representações mentais.
A Imaginação é o acontecimento mais fundamental da minha vida.

14. O Contínuo processo de
produção de imagens

Em todas as nossas atividades físicas, operações mentais e exercícios espirituais estamos sempre gerando imagens sobre nós mesmos e sobre os outros, sobre a realidade que nos cerca, sobre o ambiente que nos rodeia, sobre os seres e as coisas com que mantemos contato, sobre os nossos relacionamentos diários, dentro e fora da família, do trabalho, da escola, da igreja, do hospital, do supermercado, do botequim, da farmácia, da padaria, da rua, enfim, sobre tudo e todos, que possam refletir nossas representações mentais, revelar nossa identidade consciente ou inconsciente, racional ou irracional, real ou irreal.
Produzir imagens, portanto, é uma vocação da natureza humana. Com elas, constrói a sua vida, forma a sua opinião, informa-se acerca dos acontecimentos do dia a dia, cria novas e diferentes idéias, almeja por grandes ideais, gera seus pensamentos, produz diversos conhecimentos, pode discernir o bem e o mal, optar pela paz e ignorar a violência, abraçar a fraternidade e a solidariedade, excluir de sua existência a cultura da morte e da maldade, e a mentalidade de divisão e marginalização social.
Sem elas, não somos, não pensamos, não sentimos, não vivemos, não existimos.

15. Auto-Imagem
A Construção da imagem de si mesmo

Fatores internos e externos contribuem efetivamente para a construção da imagem de si mesmo.
Dentre esses fatores, podemos citar a educação familiar recebida, a formação cultural obtida, o conjunto de valores, intenções e interesses apreendidos e vividos, o repertório de ideologias abstraidas, o complexo biológico, psicológico e sociológico que se vivencia e experimenta, a ética praticada, a espiritualidade abraçada, o fluxo de idéias e conhecimentos desenvolvidos, a genética mental e corporal, orgânica e fisiológica, somática e psíquica observada, o ambiente natural e cultural no qual se encontra, os ideais sociais, políticos e econômicos abarcados, a sua filosofia de vida, os seus relacionamentos, interatividades e compartilhamento de atitudes, as condições e relações de vida e trabalho, saúde e educação, a existência baseada em situações adversas e em circunstâncias contraditórias, a experiência real cotidiana, o tempo e a história passada, presente e futura consumidos até hoje, a sua visão de Deus, de homem e de mulher, de mundo e de sociedade então assumida, o seu compromisso responsável ou não, consciente ou não, com as pessoas ao seu redor, o estado de saúde em que encontra, enfim, tudo isso define o que eu sou e quem eu sou, determina meus pensamentos, sentimentos e comportamentos, condiciona meus desejos e necessidades, constrói de fato a imagem simbólica que eu tenho de mim mesmo. Assim se fazem minhas representações mentais, minha ética comportamental, minhas ações e paixões, minhas dores e amores, meus trabalhos e sofrimentos. Eis pois a minha identidade, seus fundamentos, limites, tendências e possibilidades. Tal é a minha Auto-Imagem.

16. Sujeito e Objeto
Relações Binômicas e Biunívocas

As relações de imagem sujeito-objeto, sujeito-sujeito e objeto-objeto traduzem certamente a estrutura simbólica de representações mentais próprias da racionalidade humana.
Como fenômenos da consciência pensante, esses símbolos e imagens refletem o estado de transcendentalidade da existência humana, naturalmente racional e culturalmente experimental. Nessa interdependência subjetiva-objetiva, em tal interatividade de relações e no mesmo compartilhamento de tempos e lugares, produz-se a imaginação do homem e da mulher e seu poder de representar a realidade cotidiana familiar, do trabalho, da escola, do hospital, da rua, enfim, de todo o conjunto da experiência real e atual, temporal e histórica. Outrossim, urge afirmar que a imaginação humana, ao produzir essas representações mentais, simbólicas e imaginárias, atua como agente intermediário, intercessor e interventor, possibilitando o relacionamento entre sujeito e objeto, sujeito e sujeito e objeto e objeto. Em outras palavras, quando o sujeito ativo abstrai o objeto passivo ele gera uma imagem de apreensão dentro de si mesmo, o que significa praticamente a transformação do fenômeno real em fenômeno transcendental, ou seja, na consciência a imanência se torna transcendência. Essa função de interferência própria da imaginação criadora age também nos relacionamentos humanos, naturais e culturais, em ambientes específicos, quando se geram imagens de si próprios e imagens das outras pessoas, que se inserem no interior da racionalidade inteligível, comportando-se esta como abstração apreendedora de relações, imagens interativas, compartilhadas e interdependentes. Ainda é possível se verificar a ação da inteligência humana ao propiciar a relação objeto-objeto, da qual entendendo tal encontro simbólico de imagens, passa a compreender seu fluxo possível de interligações produtoras do conhecimento verdadeiramente possível. Esses processos geradores de conhecimento chamamos de abstração ou apreensão.

17. Banco de Imagens

Imagens são dados ou informações simbólicas ou representações mentais interpretadoras da realidade interna ou externa da consciência humana, atuando pois como uma moeda de valor psicológico e ideológico muito grande cujo banco armazenador de seu conteúdo imaginário é a racionalidade dentro da qual realizam-se ocorrências psíquicas reais ou irreais, racionais ou irracionais, conscientes ou inconscientes, identificadas como fenômenos da mente. Tais fenômenos se nos apresentam desenhados ou configurados em forma de símbolos, que são a voz da imagem, seu discurso imaginário e sua linguagem de abordagem representativa ou interpretativa dos acontecimentos interiores ou exteriores relativos à consciência do homem e da mulher. Deste modo, portanto, as imagens, como “fatos mentais”, têm um significado precioso, de valor agregado, cuja importância reflete o nível de possibilidade de construção e compreensão do conhecimento verdadeiramente possível.

18. Armazém de Imagens

A Consciência humana, logo, é o banco armazenador de imagens, arquivos simbólicos que representam ou interpretam a realidade de dentro e de fora da mente, que, então efetua o processo dinâmico de abstração desses símbolos e apreensão dessas imagens, depositando-as na caixa da razão, compreendedora desses fenômenos mentais, arquivando-os com efeito em seu armazém de ambientes imaginários, ideológicos e psicológicos. De fato, as imagens significam operações sensíveis e inteligíveis que ocorrem dentro do eu, depósito da mente humana, caixa de moedas imaginárias de valor importante, arquivo de capitais simbólicos e armazém dos produtos gerados pelo poder da imaginação no interior da consciência.

19. Mercado de Imagens
O Intercâmbio de relações imaginárias

A Vida humana é imagem e um troca-troca permanente de imagens, que se misturam umas com as outras, como significantes que produzem significados referentes à realidade interna e externa de indivíduos e grupos, comunidades e sociedades, em um constante relacionamento de convergências e divergências simbólicas, onde se juntam e se unem a fim de entender a natureza e compreender o universo, viver o dia a dia da existência cotidiana interpretando os fatos e representando os acontecimentos diários, deste modo ajudando o ser humano em geral a pensar, conhecer e discernir a realidade que o cerca, e intervir nela, interferindo em seu processo temporal e histórico, real e atual, causando-lhe progresso material e espiritual, bem-estar físico e mental, crescimento econômico e financeiro, evolução social, política e cultural, sempre em um contexto ambiental de desenvolvimento, o que proporciona ao conjunto da humanidade um certo otimismo, alto astral e auto-estima elevada. Desta forma, o homem e a mulher passam a viver de bem com a vida, amigos e generosos, fraternos e solidários, um com o outro.

20. A Realidade não é imaginação

A coisa-em-si, ou o fenômeno real propriamente dito, não se identifica com o fluxo imaginário de nosso pensamento imaginativo, que, loucamente, produz um complexo de símbolos e imagens dentro de si mesmo, que na verdade não tem nada a ver com a experiência concreta da realidade sensível cotidiana.
O cotidiano, fértil e fecundo, é a voz e a vez da realidade em si, de si e para si, que, com a consciência humana, tem uma relação direta, interativa e compartilhada, interdependente, vital e necessária, ainda que ambos não se identifiquem, tenham seus mundos próprios, excluam-se em seus universos específicos, todavia sem ignorar que possuem cada qual, um relativo ao outro, uma conexão indispensável, uma união indissolúvel, uma unidade de comunhões participantes e plurais, um intercâmbio de comunicações necessariamente vitais para os dois, consciência humana e realidade cotidiana.
Embora mantenham entre si uma correlação de forças e energias interdependentes, é óbvio que cada um possui sua manifestação própria, seu universo de discurso específico, seu mundo isolado um do outro.
Mesmo independentes são porém interdependentes.
Embora isolados, contudo têm uma relação vital e necessária, dependem um do outro, não sabem viver separados, possuem uma conexão de vida indispensável, um relacionamento sexual certamente produtor de novas possibilidades para o conjunto da sociedade e da humanidade.
De fato, consciência e experiência, pensamento e realidade, teoria e prática, razão e concreto, mantêm sempre um relacionamento interdependente embora cada qual possua seu próprio mundo independente.
Outrossim, vale lembrar que a realidade concreta ou a experiência cotidiana não é caos nem é morta, fria e inanimada, mas sim na verdade um efeito positivo do inconsciente coletivo gerador de seu fluxo de concretudes lógicas e de seu complexo de pensamentos reais e práticos, visto que são as atividades humanas que constituem essa mesma realidade, depois transformada em inconsciência coletiva, embora a consciência que a produz seja lógica e ordenada, disciplinada e organizada, racional e consciente.
Assim a realidade também pensa e o concreto igualmente possui sua racionalidade própria consequência clara e evidente da lógica transformadora dessa mesma realidade conexa, vital e interdependente, necessáriamente relacionada entre si, no conjunto de seus fenômenos reais e pensantes, lógicos e concretos, teóricos e práticos, reais e racionais, conscientes e experientes.
Ainda assim ambos mantêm seus universos próprios.

21. No fundo da realidade,
o imaginário

Quando, em Copacabana, às 5 horas da tarde, ocorre um choque ou uma batida entre 2 automóveis no meio da rua; ou uma bala perdida atinge uma criança no Rio Comprido ou na Tijuca; ou acontece um assalto seguido de homicídio na Avenida Brasil perto de Bonsucesso; ou um movimento de greve dos trabalhadores do Metrô do Rio paralisa as ruas e avenidas do Centro da Cidade às 6 horas da tarde: em todo esse processo de ocorrências reais da experiência cotidiana existe um fundamento imaginário, uma base de racionalidade humana produtora desses acontecimentos, um pensamento ativo que proporcione esses fenômenos do dia a dia que essencialmente são sustentados pela força da imaginação do homem e da mulher, geradora das energias reais e atuais, temporais e históricas, locais, regionais e globais, que conscientemente ou não atuam na produção desses fatos concretos, resultado pois da interferência humana dentro dos acontecimentos de cada dia.
Basta portanto analisar os acontecimentos acima sugeridos para se verificar que por trás dessas ocorrências reais e cotidianas há certamente a intervenção humana propiciando suas manifestações na realidade concreta do dia a dia das pessoas que vivem e convivem em sociedade neste mundo em que vivemos.
Com efeito, no interior da realidade há uma racionalidade.
Dentro da experiência concreta da prática cotidiana existe e insiste uma consciência humana, ou podemos chamar de “inconsciente coletivo”, definidor das práticas do dia a dia e determinador das ocorrências diárias, fruto, efeito e consequência é claro do movimento de relações humanas realizadas cotidianamente na rua e no supermercado, na família e no trabalho, na escola e no hospital, no botequim e na padaria, na farmácia e no jornaleiro, no dia a dia das pessoas que interagem e se comunicam efetivamente através do fluxo de silêncio e palavras, som e vídeo, símbolos e imagens textuais, sonoras e imaginárias, configurando assim o cotidiano, repleto de atividades humanas transformadas em operações reais, cuja identidade pode ser chamada de “inconsciente coletivo”.
Obviamente, o “inconsciente coletivo” é uma racionalidade social, ou um imaginário comunitário, ou uma consciência plural, variada e diversificada, distribuida em momentos humanos de atividade consumida pelos mesmos seus agentes produtores, uma situação tal que revela como o homem e a mulher, no fundo, no profundo de suas manifestações cotidianas, intervêm nesses fenômenos do dia a dia, interferem pois em suas circunstâncias reais e racionais, conscientes e experientes, subjetivas e objetivas, pensantes e acontecentes.
Tal conscientização real ou racionalização do cotidiano preferimos denominar de “inconsciente coletivo”.

22. A Realidade é Imagem

A Realidade humana, natural e universal, social e cultural, política e econômica, não é imaginária é verdade, contudo é imaginativa, ou seja, é feita de um movimento de imagens que se interconectam, se relacionam entre si, interagem e compartilham interdependentemente de suas formas e conteúdos simbólicos, de modo textual, sonoro e visual, articulando o silêncio e o barulho das palavras, teorias e ideologias que se concretizam cotidianamente a fim de gerar o processo de globalização das sociedades humanas espalhadas pelo mundo inteiro, o que lhes propicia progresso material e espiritual, evolução física e mental, crescimento interior e exterior, e desenvolvimento de suas capacidades e potencialidades naturais e culturais, buscando sempre outras, boas, novas e diferentes alternativas de vida e trabalho, saúde e educação, geradoras de bem-estar social, político e econômico, bom convívio com o meio-ambiente natural e ecológico, bom relacionamente entre as pessoas, grupos e indivíduos que mantêm entre si um estado de vida positivo e otimista, produtor da cultura do bem e da paz, e de uma mentalidade baseada na bondade e na concórdia entre as comunidades humanas, o que transforma a convivência humana em um ambiente mais gostoso de se viver e existir, mais saudável e agradável, mais amigável e favorável à construção de um clima mais amigo e fraterno, solidário e generoso no interior da humanidade.
Desse modo, o movimento de imagens interativas produz e é produzido critica e dialeticamente, eustática e insofismavelmente, pelo fluxo de relações sociais e pelo complexo de relacionamentos humanos, que definem assim o modelo de sociedade em que vivemos e determinam subjetiva e objetivamente sua configuração interna e externa e seu processo articulador de uma boa realidade humana e cotidiana em que é possível existir com qualidade de vida sustentável, excelente nível de conscientização moral, existencial e espiritual, e perfeito processo produtivo de trabalho e organização dos membros de uma certa coletividade humana.

23. O “Inconsciente Coletivo”

A Síntese que fazemos em nossa racionalidade do conjunto dos fenômenos e conteúdos da inteligência pensante, discernente e cognoscente, oferecendo-nos então uma visão global e diferencial da realidade social, política, econômica e cultural em que vivemos, eis pois o “Inconsciente Coletivo”.
Trata-se de resumir em nós, por nós, de nós e para nós, o que se passa na “mente” da realidade que nos cerca, ao nosso lado e em torno de nós, de tal modo que possamos olhá-la sinteticamente, com suas idéias e ideais mais comuns a todos, cercados de símbolos e imagens, valores e vivências, intenções e interesses, que na verdade nos ajudam a entender e compreender nosso estado de vida social, nosso compromisso ético e político, nossa responsabilidade econômica e financeira, nosso desejo humano de saúde pessoal e bem-estar coletivo, nossa necessidade de construir uma sociedade mais justa e fraterna, ordeira e pacífica, solidária e transparente, generosa e construtora de bons conhecimentos e experiências, bons sentimentos e comportamentos, bem adequados à nossa maneira otimista de perceber as coisas.
Nesse sentido, o “inconsciente coletivo” nos ajuda a colaborar para o progresso da sociedade e o desenvolvimento da humanidade.
Compreendendo a mentalidade coletiva, a racionalidade social e o imaginário comunitário temos mais e melhores condições de trabalhar bem para o bem de todos e cada um.

24. Alguém pensou,
e tudo existiu

Existe uma Razão no universo que dá existência aos seres e a todas as coisas ?
Há uma Inteligência na natureza que possibilita, origina e constitui todos os objetos, os seres e as criaturas ?
Insiste na criação Alguém que define a ordem natural das coisas e determina o movimento e o repouso de todos os seres que habitam o Globo Terrestre ?
Acredito que sim.
O Pensamento antes, e a realidade depois.
A Racionalidade humana produz e consolida a experiência cotidiana.
Nossa mente é a fonte dos fatos e a base dos acontecimentos.
Para existir alguma coisa, é necessário que alguém pense essa coisa anteriormente.
Logo, o nosso pensar é a causa da nossa realidade interior e exterior.
E acima de nós está a grande Razão Suprema e Superior a tudo e a todos, que nos “pensou” e nos deu ser e existência, nos propiciou um corpo material e espiritual, uma mente de idéias, valores e intenções, e uma alma imortal, eterna, perpétua e infinita, capaz de um dia estar diante do seu Criador e Autor da Vida desde que é óbvio tenha tido uma vida boa, feito um pacto com o bem e a paz, praticado a justiça e o direito entre nós, usado o juizo e o bom-senso em seus atos, atitudes e comportamentos, vivido o amor pelos seus semelhantes e sobretudo louvado e glorificado o Senhor Deus no meio de nós.
Com efeito, a realidade é constituida por pensamentos gerados antes da experiência concreta dos fenômenos cotidianos.
Pensando o real, o real torna-se racional, a inteligência se concretiza e a consciência se transforma em prática de valores e vivências, intenções e interesses que configuram a sociedade humana.
Assim, aquela cadeira ali diante de mim, foi resultado de um projeto do pensamento de alguém, que ao pensar a cadeira deu-lhe ao mesmo tempo existência, a partir de objetos materiais como a madeira, o verniz ou a tinta que pintou a cadeira, o serrote e o formão que serraram e formataram a madeira, o papel de desenho que planejou a execução dessa mesma cadeira.
Portanto, a realidade é fruto do pensamento.
Penso, por isso tenho existência.

25. Não imaginemos a realidade

Pensamento, realidade e imaginação têm mundos diferentes embora muitas vezes interconexos e interdependentes.
Realidade são os acontecimentos atuais, históricos e temporais vistos a partir de si mesmos.
Pensamento não é imaginação.
Pensar é algo racional, inteligente, quase sempre lógico, e poucas vezes dialético.
Imaginar é uma articulação de idéias, símbolos e imagens desconexas entre si, indefinidas e irreais, inconscientes e indeterminadas, irracionais e desordenadas, indisciplinadas e desorganizadas dentro de nossa atividade mental.
A Realidade em si não precisa ser imaginada pois ela existe independentemente dos pensamentos lógicos e das articulações imaginárias, tem seu mundo próprio, seu universo específico, caótico, diverso e variado, diferente e independente, indefinido e indeterminado, plural, global e diferencial, atual, temporal e histórico.
Por isso, não imaginemos a realidade, do contrário cairemos na loucura da mente ou na demência da consciência, fugiremos do tempo e nos isolaremos da história, adoeceremos na desrazão patológica, na aberração doentia, na enfermidade inconsciente ou na moléstia irreal e irracional.
Sejamos realistas.
Pensemos, antes de realizarmos nossas tarefas cotidianas.
Contudo, não deixemos que a imaginação nos feche, prenda ou aprisione, excluindo-nos do tempo ou alienando-nos da história.
Sejamos reais.

26. Imagens que se produzem
e realidades que se manifestam
Conflitos e Interatividades

Imagem não é realidade.
As imagens pois que nascem em mim não tem nada a ver com a realidade cotidiana.
Podem parecer reais, ou ainda recordar a experiência cotidiana, todavia são produtos da imaginação humana e seu fluxo natural de possibilidades e seu complexo cultural de tendências e alternativas.
De fato, podem representar algum fenômeno real ou objeto ou mesmo fato ou acontecimento cotidiano, contudo sua origem é a imaginação do homem e da mulher, que trabalha construindo representações mentais que podem ou não se identificar com a prática de cada dia.
As imagens e símbolos que aparecem na minha consciência portanto possuem originalmente uma relação direta com a minha imaginação e indireta com os fatos do dia a dia da nossa vida.
Nem sempre pois minhas imagens em mim são reais, ou pertencentes ao cotidiano, ainda que aparentemente possam se referenciar ao meio-ambiente em que vivo.
Minhas imagens em mim, logo, podem ser minhas ou do cotidiano, internas ou externas, mas sua produção é de origem imaginária, se inicia interiormente, através da minha própria capacidade e potencialidade de criar imagens, reais ou irreais, racionais ou irracionais.
Cabe a nós, seres inteligentes, conscientes e racionais identificar o valor, a qualidade e a importância de cada imagem, relacionando-a com todas as imagens que se geram em mim, dentro de mim e fora de mim, de mim e para mim, a partir do poder mental que possuimos de diferenciar a realidade da imagem construida no meu eu da realidade cotidiana que serve de fundo para a mesma produção e constituição, consolidação e estabilidade dessas imagens no interior de mim próprio.
Portanto, a imagem pode ser real ou imaginária, entretanto sua origem é a mente humana, produtora de imagens ou reprodutora da realidade.
Por conseguinte, temos a realidade da imaginação e a realidade da experiência cotidiana.
Façamos a devida diferença entre as duas.
Desse modo, saberemos determinar a origem das imagens na nossa consciência.

27. PIA
Princípio da Imaginação Alienante

Outro dia, durante a tarde, fui a uma LAN HOUSE na Tijuca, e ao chegar lá, por volta das 17 horas, encontrei aquele clima turbulento em sua parte interna, onde o barulho de rádios online e músicas virtuais se chocavam com o bate-papo ensurdecedor dos internautas e a gritaria dos companheiros de internet, criando então um ambiente aparentemente alienante, ou fazendo daquela mesma realidade de confusão de palavras e complicações imaginárias uma verdadeira atividade alienadora do cotidiano comum das pessoas que vivem e convivem em sociedade neste mundo em que existimos.
Havia cerca de 30 indivíduos no interior daquele estabelecimento de conexão com a internet.
Além do quadro musical extravagante que achei, muitos ali, jovens e adolescentes, jogavam games, acessavam redes sociais como o Orkut, o MySpace, o Facebook e o Twitter, ou enviavam emails para os seus amigos, ou mergulhavam em sites e blogs, todos completamente conectados, ao ponto de não perceberem de fato na verdade quem estava do seu lado ou ao seu redor, parecendo inconscientes em meio a tantas conexões, quase que totalmente alienados do real pois seu mundo lá agora era justamente o irreal e o irracional, o fluxo imaginário de idéias e atitudes circunstancialmente fora de si, como se estivessem em uma “outra” realidade, desligados do dia a dia cá fora, imersos naquela situação de sonhos e fantasias misturados com relações cibernéticas e interatividades digitais, compartilhamentos eletrônicos e ambientes virtuais, o que de certo modo me fazia refletir dentro de mim próprio: “Esses caras, totalmente apagados da realidade, ausentes do cotidiano, fora de si, mergulhados em turbulências alienantes e ambientes alienadores, teriam de fato consciência do que estão fazendo nesse instante quase final da noite de um fim de semana frio aqui no Rio de Janeiro ? E suas famílias, e seus empregos na sociedade, e seus relacionamentos diários, e o seu dia a dia como estavam e como seriam ?
Segundo as estatísticas recentes do IBGE, essas pessoas sofriam do PIA, Princípio da Imaginação Alienante, que caracteriza comumente uma situação patológica, em que a imaginação do sujeito em exercício ativo e conflitante se torna doentia, ao ponto de cair na loucura da alienação da realidade da experiência cotidiana, fazendo o indivíduo ou o grupo submetido às suas demências imaginárias “voar” e ignorar o atual e real ambiente em que vive, isolando-se da família, fugindo dos seus relacionamentos diurnos e noturnos, escapando do seu dia a dia, mergulhando pois dentro de si mesmo, e acabando por esquecer o que se passa no momento fora de si, alienado por completo pois das condições reais do mundo lá fora.
O PIA atinge muita gente.
Não somente nas LAN HOUSEs da vida, como também no dia a dia da sua família ou do seu trabalho, às vezes andando sozinho ou acompanhado pela rua, ao pegar o ônibus ou o metrô, ao assistir um programa de televisão ou escutar as notícias do rádio, ao trabalhar no computador ou acessar a internet, ou até conversando com colegas mas não dialogando com eles, ou junto com amigos todavia não unidos a eles, ou ao lado das pessoas porém sem conscientizar-se de que elas estão ali ao seu lado e ao seu redor, vivendo-pois alienados de si mesmos, alienados da realidade em torno de si, alienados do mundo e da sociedade em que estão.
Na maioria das vezes, o PIA se transforma em doença mental, em enfermidade física e até moléstia espiritual.
Devemos acordar para essa realidade quase sempre patológica em nosso dia a dia existencial.
Saber medir as coisas.
Manter o equilíbrio necessário.
Usar o bom-senso em meio a essas ocasiões.
Controlar-se.
Dominar-se a si mesmo.
Sobretudo rezar e pedir a Deus que o ajude nessa hora grave e difícil.
Voltar à realidade.
Reviver o seu cotidiano.
Redescobrir o seu dia a dia interior e exterior.
Interar-se dos fatos concretos e dos acontecimentos de cada dia.
Enfim, retornar à vida, e existir de verdade.
Dessa maneira, fugiremos do PIA.
Caiamos pois na real.

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