sexta-feira, 9 de julho de 2010

O Mundo Alheio

O Controle alheio sobre nós mesmos
Mudanças temporárias
Transformações inconscientes
Metamorfoses involuntárias

Parece mesmo que a história da humanidade tem sido desde as suas origens mais remotas uma história de relações de poder, onde um sempre domina o outro, de tal maneira que o que eu penso é o pensamento alheio, os meus desejos já são desejados por outros, minha vontade já não é minha, pois sou manipulado por outras cabeças diferentes e até contrárias à minha, explorado pelos poderes de pessoas diversas que me hostilizam e querem sempre o meu prejuízo, monopolizado pelas adversidades e contrariedades do ambiente em que estou ou vivo a cada momento, dominado pelos pontos de vista de outrem, dependente dos interesses de outros seres que me olham com desdém, ignorando os meus direitos e a minha dignidade de pessoa humana, tornando-se então indiferente aos meus desejos e necessidades, e insensível às minhas dores e aos meus sofrimentos de cada dia, como que tentando roubar a minha alma e assaltar o meu corpo e o meu espírito, “chupando” como vampiros e sanguessugas o meu sangue inocente, destruindo pois a minha vida cheia de energia e estragando os meus talentos plenos de criatividade, capazes de me oferecer uma existência nova e liberta de tiranias de egos e de autoritarismos de poderes, que anseiam loucamente por me escravizar com todas as forças e me aprisionar com todas as covardias possíveis e injustiças cabíveis.
Vejam a que nível pode chegar a maldade humana, a loucura das pessoas que têm algum poder e a ruindade de seus arbítrios inflamados de maus interesses e más intenções.
De fato, o poder corrompe as pessoas.
Nesse processo de dominação, que inconscientemente observo em mim e através do meu eu, vejo mudanças acontecerem ainda que provisórias ou temporárias, sinto transformações que me deixam transtornado, alienado, irracional e irreal, experimento uma espécie de metamorfose interior onde minha vontade não é mais respeitada, minha visão de mundo não é mais aceita, e a consciência dos meus atos não é mais compreendida nem permitida por quem faz de mim objeto de seus desejos egoístas, coisa manipulável, instrumento de exploração e ferramenta capaz de me usar tendo em vista as suas intenções violentas e maldosas e seus interesses obscuros, alienantes e mortíferos, porque ao final de toda essa exploração interpessoal e interdependente, encontro-me “morto”, com a vida acabada, sem chances de recomeçar, sem oportunidades que me possibilitem sair dessa situação escrava cujas circunstâncias prisioneiras e que me carregam de algemas ideológicas e cadeias psicológicas realizam em mim de fato uma verdadeira “lavagem cerebral”, a partir da qual eu não mais existo, não sou nada, não tenho absolutamente coisa alguma, não sou mais uma pessoa comum, como qualquer outra que vem a este mundo.
Dependente dessa outra pessoa cujo poder me explora, manipula e monopoliza, modifico-me internamente, assumindo de ora em diante os conceitos e ideologias dessa pessoa poderosa, que faz a minha cabeça, dominando-me quase que totalmente, exercendo sobre mim com todo o arbítrio possível a força de me transformar em sua boneca de estimação ou em seu cachorrinho vira-latas, mudando desse modo o meu caráter e alterando assim a minha personalidade, a partir de agora sujeita a seus caprichos e interesses, arbítrios e intencionalidades, de tal modo que a minha consciência agora é a consciência do outro, assim como a minha vontade é a sua vontade e os meus desejos os seus desejos mais aviltantes e degradantes ao ponto de me colocar na “lata do lixo” da existência, no “buraco negro” de uma realidade triste e infeliz, e no “fundo sem fundo” do abismo do inferno.
Eis a intervenção alheia na minha subjetividade.
É a sua interferência arbitral, insensível e indiferente sobre o meu ego, a minha pessoa cuja dignidade e liberdade nos são dadas pelo Criador, o Autor da Vida, Deus e Senhor, que durante esse movimento de exploração alheia sobre mim vem observando os meus passos, na tentativa correta e direita de fazer justiça a meu favor oferecendo-me os benefícios de sua Divina Providência.
Tal dinâmica de sujeição, prisão e escravidão de uma pessoa pela outra exige de nós uma atitude comprometida e responsável capaz de derrubar esses limites de dominação e suas fronteiras de exploração de um ego sobre o outro, defendendo os direitos da vida e advogando os seus anseios de liberdade e felicidade em nome do Deus da Vida e Senhor da Justiça.
Que Deus nos ajude a ser justos diante dessa relação de poderosos e escravos, dando vitória à vida dos injustiçados, que como os outros merecem uma existência de dignidade e qualidade de vida cujo reconhecimento deve ser dado pela conjuntura da sociedade e o bom-senso das pessoas perante as quais essas realidades acontecem.
Sejamos justos.
Defendamos a vida.
Exaltemos a liberdade.
E que a vitória seja da felicidade.

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