segunda-feira, 5 de julho de 2010

A Lógica do Cotidiano

A Lógica do Cotidiano

A Realidade do dia a dia, plena de conflitos e dificuldades, problemas e turbulências, violências e contrariedades, também tem lugar para a bondade das pessoas, a ordem da sociedade, a paz dos espíritos, a disciplina das mentes, a calma dos indivíduos, a organização das idéias e a tranqüilidade das experiências de amor e vida, geradoras de atitudes fraternas e comportamentos solidários, produtoras de amigos e construidoras de ações generosas em favor das comunidades e grupos que fazem a humanidade.
Parece que há uma ordem no cotidiano.
Uma lógica do concreto.
Uma racionalidade prática.
Em outras palavras, o bem convive com o mal, depois das tempestades vêm as bonanças, após as contradições surgem a harmonia da natureza e a sintonia do universo, o caos cede lugar à ordem, as instabilidades diárias e noturnas caminham juntas com a convergência dos pensamentos, a estabilidade da política, o otimismo da economia, o equilíbrio social e o bom-senso produtor de culturas de bem com a vida e de mentalidades cuja consciência aprova a saúde dos homens e das mulheres e o bem-estar das coletividades.
De fato, existe uma lógica na experiência cotidiana.
Momentos de confusão mental e social convivem com instantes de tranqüilidade das consciências positivas.
Situações de fome, miséria, desemprego e desgraça alheias estão ao lado da riqueza da minoria, da beleza das mulheres e da grandeza da criação de Deus.
São circunstâncias indefinidas, essas que compõem o estado de vida da sociedade em que nos encontramos.
Uma realidade indeterminada, que aceita a ordem do bem e a paz das racionalidades e dos corações ao mesmo tempo que tolera a agressividade da maioria, a intolerância religiosa, o preconceito racista, a ignorância de muitos e a pobreza de grandes populações.
Convivemos com o bem das idéias que constroem e com o mal das violências que destroem a vida, o ser e a existência.
Em torno de nós, o sorriso das crianças e a bandidagem que rouba e assalta no dia a dia da nossa vida.
Ao nosso lado, a sabedoria e a experiência dos mais velhos e a corrupção das drogas e a irreverência dos traficantes e marginais de nossos morros e favelas.
Em nosso entorno, a alegria e o entusiasmo dos jovens que namoram e paqueram as suas garotas e a falta de respeito aos homens direitos e responsáveis e às mulheres bonitas que dão sentido à vida e razão à existência.
Em nossa estrada cotidiana, o conflito das ruas, a bagunça dos meninos que brincam, a seriedade dos homens que trabalham, o sorriso das donas de casa e mães de família, a turbulência dos supermercados, os debates no jornaleiro, o bate-papo no botequim, o aperto de mão na padaria, a compra de remédios na farmácia, a conversa com o patrão, o beijo nas garotas e o abraço dos amigos.
Essa a lógica do dia a dia.
Onde tudo é indefinido.
Onde todos se encontram misturados com o amor e o ódio.
Onde a vida desordenada respeita a disciplina da racionalidade que organiza todas as coisas.
Onde o reino da instabilidade aceita o império da ordem do ser, pensar e existir.
Tem lugar até para Deus.
O Fundamento de todos os fundamentos.
Tal a ordem do concreto.
A Lógica do cotidiano.
A Organização das experiências e dos conhecimentos possíveis, e dos sentimentos prováveis e das atitudes cheias de respeito e equilíbrio.
Eis o cotidiano.
E sua lógica de tendências convergentes e de possibilidades que se distanciam.
É a realidade do dia a dia.
Na escola, o estudo e as brigas de colegas de turmas diferentes.
No hospital, o doente que sofre e o médico que não comparece ao trabalho.
Na igreja, o padre que celebra a missa e o povo que xinga o sacerdote que cobra um dízimo alto da assembléia dos fiéis.
Na empresa, o chefe que manda embora o seu funcionário bastante competente.
Na indústria, a disponibilidade dos empregados e a ausência de respeito dos donos da fábrica.
No comércio, a falta de boas condições de trabalho e o péssimo salário dos trabalhadores.
Na família, a boa educação dos pais e os filhos e filhas que os ignoram e são indiferentes diante dos bons conselhos da mãe e da firme disciplina do pai.
Em tudo, pois, a contradição das circunstâncias, a dialética das consciências e a crítica a quem não reconhece os direitos humanos de quem quer que seja.
Em todos, o respeito e a irreverência, o compromisso e a preguiça, o trabalho e a violência, a ordem e a turbulência, a paz e a confusão, a bondade e a agressividade.
O Cotidiano aceita tudo e respeita a todos.
Compreende a maioria e tolera a minoria.
Nele, o bem e o mal.
Qual a sua opção ?
Tal a sua lógica concreta.
Qual a sua escolha ?
Essa a sua vida real e atual.
Qual a sua alternativa ?

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