terça-feira, 22 de maio de 2012

Incógnita

Incógnita O Gosto e o sabor do mistério acompanham muitas pessoas, grupos e indivíduos neste início de século XXI quando elas se vestem de coisas e situações ocultas, se escondem em circunstâncias aparentes do cotidiano, assumem esconderijos temporais em vários momentos do seu dia a dia, comprometendo-se com o obscuro, o irreal e o irracional em suas experiências de trabalho no escritório, de atividades no gabinete particular, de relações no botequim da esquina ao se encontrar com colegas da rua, de convívio diário no shopping do bairro ou na hora do almoço em algum restaurante da cidade, sempre buscando em suas atitudes e relacionamentos algo novo e surpreendente, interrogações que causam espanto em outros, uma série de questionamentos que seus parentes e amigos passam a achar que tal sujeito ou está maluco, ou ainda não se encontrou, ou mesmo está sob condições que refletem sua noite sem estrelas, ou sua eternidade sem Deus, ou seu caminho sem luz, ou sua estrada sem guias. Assim vive muita gente hoje em dia. Abraçam a escuridão existencial para não serem vistos pela sociedade, ou não aparecerem nos compromissos assumidos, ou se excluirem das rodas sociais e de eventos importantes, ou desaparecerem nos instantes que mais precisam delas ausentando-se quando deveriam estar presentes, insistindo em sumirem da realidade e viverem nos esconderijos de uma vida sem problemas, onde as dificuldades não existem, sem conflitos para se ocupar ou se preocupar. Vivem sim uma noite sem lua e sem estrelas. Escondem-se de si mesmos e dos outros. Sua regra é a obscuridade. Ser incógnitas perante a existência de cada minuto e segundo. Fugirem de encontros interessantes, evaporarem em casos onde suas decisões são muito necessárias. Tornam-se no cotidiano indivíduos e sua noite de obscuridades. Não querem aparecer porque não gostam de ser incomodados por outros, seus colegas de trabalho, seus amigos da rua, ou seus parentes e família. Deste modo vivem hoje muitas pessoas, que insistem em só existirem na noite da vida ou nas madrugadas da existência porque não querem ser vistos pela sociedade nem descobertos por algo ou alguém que ameacem a sua privacidade, o seu silêncio quem sabe omisso ou sua paz talvez escondida. Pessoas que adoram uma vida misteriosa, sem compromisso com alguém, longe dos espetáculos do dia a dia, fugindo dos shows de quem não é seu ídolo ou indivíduo importante para si. Preferem ser incógnitas. É possível que algo positivo haja nesse comportamento não comum todavia que se integra nos apartamentos fechados da zona sul e norte do Rio, em casas e empregos em que não se vê o compromisso com o bem do próximo, nas casas onde a noite é mais forte do que a luz. É a obscuridade que reina nessas vidas noturnas de madrugadas inseguras e não tranquilas, instáveis e insustentáveis. Prefiro eu o compromisso que ajuda e a responsabilidade que faz o bem e vive em paz. Nesse caminho fujo da incógnita ainda que ela seja um remédio para os que fogem da vida, ou uma injeção curadora para quem não simpatiza com a realidade, e prefere se instalar no mundo imaginário de sua cabeça sem compromisso, muitas vezes irresponsável, ou sem qualquer contato com o cotidiano. São pessoas frias, geladeiras. Prefiro ser fogão, ter uma garota para conversar ou um amigo para compartilhar minhas idéias e meus pontos de vista. Gosto de mulheres que me tiram da solidão e dão ordem e sentido à minha vida. Nessas horas de incógnita, para um homem solitário nada melhor que mulheres românticas e apaixonadas, capazes de dar razão a suas existências sem chão nem teto sem portas nem janelas. Aprecio as mulheres que eu amo e respeito. Elas me dão valor. No mesmo instante, a escuridão evapora, a noite some e a incógnita desaparece.É bom ter mulheres e amigos assim, e poder contar com sua família nessa situação. E então fugimos de nossos esconderijos cotidianos e caimos na real. E eis que o sol brilha outra vez. Tudo se aquece. A Vida nasce novamente.

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