quarta-feira, 17 de agosto de 2011

"Ápeiron"

“Ápeiron”
O Princípio dos Princípios

1

Era meados de Inverno na Cidade Maravilhosa. No Centro, final da tarde
de sexta-feira, por volta das 18 horas, o trânsito vivia o caos, as
pessoas iam e vinham velozmente, mais rápidas que o tempo, acelerando
os passos em direção aos seus apartamentos em outros bairros do Rio.
Notei que se preocupavam com alguma coisa. Talvez os problemas da
família ou os conflitos de seus trabalhos e empregos. Quem sabe as
dificuldades de relacionamento com algum parente, amigo ou conhecido.
Ou possivelmente crises de amor com suas namoradas, paqueras mal
realizadas, brigas com suas parceiras de cama ou distúrbios com suas
companheiras de caminhada. Ou ainda as turbulências diárias e noturnas
como pagamento de aluguel e condomínio, dívidas de cartões de crédito,
compras de supermercado mal sucedidas, débitos com IPTU e IPVA,
desequilíbrio nos orçamentos domésticos, falta de dinheiro em suas
contas correntes, poupanças em baixa ou no zero, e até situações de
inadimplência junto aos mercados de ações, do SERASA e do SPC.
Igualmente, transtornos mentais e emocionais, desordens internas,
indisciplina moral e espiritual, ou desorganização de sentimentos,
idéias e atitudes. Sim, observei em todas essas circunstâncias
aparentemente contraditórias, a presença de um Espírito de luta, de
busca por liberdade, fonte da verdadeira felicidade. Um Espírito
Guerreiro, de mentalidade à procura de segurança e estabilidade, mas
cuja ordem interior e equilíbrio externo dependiam desse movimento
permanente de trabalho e família, de rua e supermercado, de
restaurante e shopping, de botequim e padaria, de farmácia e
jornaleiro, de bate-papo com colegas de travessia, de relações onde os
princípios eram contrários e os valores adversos, da interatividade de
conteúdos em forma de pontos de vista novos e diferentes, de
intercâmbios culturais muitas vezes em choque, do duelo de visões da
realidade em constante dialética de pensamentos e ações, enfim, uma
cultura de combate atravessava as consciências daqueles transeuntes da
Avenida Rio Branco, no fim de um dia de trabalho, de compromissos
realizados e de responsabilidades satisfeitas. Sim, era o Império do
“Ápeiron”.

2

Jorge e Paula era um casal romântico, residente na Tijuca, que
trabalhavam no Teatro Municipal, ele como violinista da Orquestra e
ela como dançarina da elite de Ana Botafogo. Um casal como outro
qualquer. De vida simples, de trabalhos intensos e constantes, de
afazeres domésticos carregados de problemas e contradições, de
atividades na rua e em casa plenas das turbulências cotidianas, de
programas de televisão alternativos e notícias e reportagens ouvidas
pelo rádio com bastante atenção, interesse e desejo de participação na
vida da sociedade carioca, em que se inseriam no dia a dia de uma
existência globalizada, de condições naturais e ambientais instáveis e
inseguras, de ambientes também alienantes, presos à irrealidade de um
mundo em mudança e sujeitos algumas horas à irracionalidade de uma
imaginação fértil submetida às intempéries de uma realidade local
tremendamente conturbada, discordante de suas raizes e divergente de
suas normas de conduta quase sempre esquecidas por suas comunidades
envolvidas pela onda de violência e balas perdidas, de confrontos
entre policiais e bandidos, de gente que prefere atitudes agressivas,
a cultura da morte e uma mentalidade em que predominam a confusão das
idéias, as ações impensadas, os erros cometidos em nome da maldade de
quem não dá sentido à vida, é indiferente com os outros, ignora a
solidariedade e a fraternidade, perde-se em verdades relativas e
certezas misturadas com a dúvida, escravos do nada e do vazio
espiritual, de situações indefinidas e comportamentos indeterminados,
revelando de fato o inconsciente coletivo de uma sociedade em
transformação, ocupada ora e outra com as opções negativas de uma
realidade social onde reina o pessimismo das massas, a fome a miséria
dos morros e favelas, a mendicância das ruas e avenidas, becos e
praças, a violência dos marginais e o desrespeito das autoridades, a
ausência de competência das instituições e a insistência de uma ética
prisioneira da luz das trevas, de ódios chamados de amores, mortes
modificadas em vidas, bens transformados em maldades, onde a paz é a
crise da convivência, identificada com crianças que não reverenciam
seus pais, de jovens que não sonham mais, de velhos doentes e no
limite de sua natureza patológica, em torno da qual o universo parece
estar na berlinda entre o bem e o mal, o contexto histórico voando nas
asas do imaginário sem portas nem janelas, sem teto nem chão, o que
demonstra o mal-estar dos humanos que convivem com a guerra constante
nas ruas, o desemprego assustador, o conflito familiar, a carência
afetiva, quadros psicológicos que refletem a ideologia dos céticos, a
indiferença dos niilistas, o relativismo da verdade e dos
conhecimentos, o ateísmo das pessoas, a indefinição das consciências e
o indeterminismo individualista dos que compõem e integram os dias e
as noites e as madrugadas de um Rio sem transparência, precisando de
oportunidades e possibilidades de mudança, de metamorfose rural e
urbana, de transformação da realidade para melhor, a partir de que os
indivíduos e grupos respirem saúde mental, física e espiritual,
bem-estar psicológico e social, e o bem-comum da sociedade seja uma
realidade concreta, onde todos e cada um se sintam bem e em paz com
suas cabeças, com qualidade de vida respeitável, riqueza de conteúdos
existenciais exemplares movidos pelos princípios morais e religiosos
de comunidades comprometidas com valores do bem e da bondade, da
concórdia e da convergência, da interação de pessoas que compartilham
amizades sinceras e amores românticos, de atitudes generosas em seu
entorno, de ações solidárias e fraternas uns com os outros. Esse o
mundo de Jorge e Paula. Nesse universo de alternativas múltiplas e de
possibilidades polivalentes, eles encontraram enfim o “Ápeiron”.

3

De origem grega, a realidade “Ápeiron” concebida primeiramente por
Anaximandro, discípulo de Tales, filósofo pré-socrático da Escola de
Mileto, na Antiguidade, século VI a.C., designa o fluxo de situações
indefiníveis e o complexo de circunstâncias indetermináveis, os
momentos de crise política, social e econômica que exigem soluções
terapêuticas otimistas, os instantes turbulentos da nossa vida de cada
dia que requerem respostas positivas, o estado caótico de nossa
existência temporal que precisa de resoluções saudáveis e agradáveis a
todos e cada um, os fenômenos que nos contradizem cotidianamente
necessitando de remédios que curem as nossas anomalias mentais e
emocionais, salvem o nosso corpo, mente e espírito de nossos
transtornos físicos e materiais e libertem as nossas almas de nossos
distúrbios psicológicos e ideológicos, oferecendo-nos outras, novas e
diferentes alternativas de mudança em nosso universo interior e
externo, possibilidades de vida e trabalho, saúde e educação,
razoáveis e sensatas, equilibradas e ordenadas, disciplinadas e
organizadas, capazes de dissipar as obscuridades de um contexto
histórico incerto e inseguro, inconstante e insatisfeito consigo
mesmo, dando então aos homens e mulheres de sua época precisa boas
perspectivas presentes e futuras de saúde social, cultural e
ambiental, onde se obtenha vida de qualidade e riqueza de existência,
destruindo assim o quadro de contradições internas que muitas vezes se
apodera de uma determinada sociedade. Sim, o ”Ápeiron” é uma luz para
a humanidade, uma força que a anima, uma energia que a faz crescer,
progredir e evoluir, um Inconsciente Coletivo que se entusiasma no
cotidiano tendo em vista a superação de suas dúvidas e incertezas, a
ultrapassagem de suas dificuldades diárias e noturnas e a
transcendência de seu tempo dialético e crítico, abrindo para as
comunidades motivos para ir além de seus conflitos, e encontrar um
ótimo incentivo para seus sonhos de bem-estar coletivo, de paz social
e de quase perfeita saúde da consciência em caminho para a felicidade.
O “Ápeiron” é realista. Quer mudar para melhor o nosso cotidiano. É o
Espírito da Perfeita Metamorfose circunstancial, que encontra as
devidas respostas para os nossos problemas e apresenta as mais seguras
soluções para as nossas dificuldades. É um Espírito Universal. O
Princípio de uma vida boa e melhor. A Raiz da vida.

4

Hoje, sábado, por volta do meio-dia, o músico Jorge Teixeira das
Neves, 37 anos, e sua esposa dançarina Paula Marques de Souza, 29
anos, sairam juntos para almoçar no Restaurante Caçador, na Rua Doutor
Satamini, na Tijuca, e chegando perto dali, se depararam com um
tiroteio em plena Praça Saens Pena envolvendo policiais do BOPE e
traficantes de drogas que então comerciavam maconha e cocaina para
seus clientes vindos de algumas áreas da Cidade. Houve confronto entre
os marginais e a PM, balas perdidas atravessavam a calçada e o meio da
rua, por onde circulavam pessoas e suas famílias, filhos e netos, e
ônibus e automóveis seguindo pela via expressa da Rua Conde de Bonfim.
Neste momento, sem mais nem menos, os dois acompanhados de seus 2
filhos, se esconderam em uma Banca de Jornal situada na esquina da Rua
Carlos de Vasconcelos também na Praça. Então, uma imensa gritaria
sacudiu o silêncio das ruas, abalou o comércio local, balançou os
transeuntes que por lá passavam, os carros pararam, a confusão se
instalou, o medo tomou conta de todos, alguns se desesperaram e muitos
neste momento aflitos entraram em pânico. Jorge e Paula e seus
herdeiros fizeram silêncio e uma oração. Pediram calma às pessoas que
ali estavam e as mantiveram tranquilas, seguras e atentas, diante do
episódio violento que durou cerca de 15 minutos e deixou 2 bandidos
mortos em cima da calçada junto ao jornaleiro. O casal saiu de si e
foi ao encontro dos outros. Confiando em Deus, pois eram pessoas de
fé, providenciaram um jeito de dar segurança àqueles que ora se viam
conturbados emocionalmente e aflitos em suas mentes e corpos
transtornados com as ocorrências presentes e abalados com o desenrolar
dos acontecimentos. Dirigiram-se a cada um em particular, dizendo-lhes
que ficassem sossegados, não reagissem com agressividade, mantivessem
o equilíbrio e a ordem interior, agissem com bom-senso nesse instante
e aguardassem um final feliz para os fatos consumados. Senti na
verdade a sensibilidade do casal, sua atitude solidária e seu lado
fraterno tentando acalmar os ânimos e levar paz e bem àquele ambiente
de distúrbios inflamáveis e turbulências inquietantes. De fato, Paula
e Jorge, auxiliados pelos seus garotos, pensaram positivamente e
comportaram-se de um modo otimista perante o quadro negro do contexto
contraditório ali insistente. Sim, perceberam a ação do “Ápeiron”,
intervindo nos acontecimentos policiais e interferindo no destino
daquelas pessoas e seus ambientes de vida transformados em filme de
bang-bang, em terror do apocalipse e em fúria de perigosas atividades
onde os contrários falaram mais alto e as adversidades soltaram um
grito de guerra no meio daquela gente inocente, sem opções de
segurança e possibilidades de sair quem sabe ilesas daquele combate
das ruas. Observei portanto a mesma ação do “Ápeiron”, desde sempre e
para sempre ajudando a vida a resolver os seus problemas, mostrando à
humanidade o caminho certo do equilíbrio e do bom-senso, e outrossim
oferecendo a alternativa do otimismo que levanta e anima, da bondade
que acalma e sossega, da atitude pacífica de quem constrói a sua volta
a concordância de grupos e indivíduos separados pela confusão das
balas e o sussurro dos mais corajosos, e levantam entre si a bandeira
da convergência para criar em torno de si as condições cotidianas que
levam o bem às pessoas, a paz aos conflitos e a solução correta para
as dificuldades da vida. Com efeito, o Espírito do “Ápeiron” ali
estava presente, mexendo para o bem no cotidiano, movimentando as
pessoas para a mútua ajuda, a cooperação de serviços e a colaboração
de esforços, trabalhos sem fim e empenhos sem medida, com o intuito de
trazer de volta a paz e a tranquilidade àqueles ambientes
controversos, garantir o bem-estar e o bem-comum da sociedade, e dar
segurança às famílias envolvidas em seus momentos de tensão e
apreensão, de pressão social e incômodo das autoridades. Através de
Paula e Jorge e seus familiares, o “Ápeiron” operou o milagre da
transformação positiva e a metamorfose otimista que sustentou a calma
de todos e a tranquilidade da maioria. Sim, o “Ápeiron” está presente
em nossa realidade cotidiana. Ele nos ajuda a vencer as barreiras da
existência e os obstáculos da vida. Ele é real e atual.

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Uma semana depois, percorríamos o Largo da Segunda –feira, igualmente
no Bairro da Tijuca, e no caminho conversávamos sobre o “Ápeiron”, a
Origem da Natureza e o Fundamento do tempo e da eternidade, o
Princípio do Universo e a Raiz de todos os seres e de todas as coisas,
a Fonte da Paz e a Base do bem e da bondade, o Sustento da vida
cotidiana, quando, de repente notamos um tremendo engarrafamento que
ia do Supermercados Mundial na Haddock Lobo até a Rua dos Araújos,
bloqueando todo o tráfego da Rua Conde de Bonfim, a essa altura, 10
horas da manhã, bastante lotada de veículos e transeuntes, carros
particulares e ônibus intermunicipais, táxis e vans, e observamos que
os motoristas e as pessoas na rua e na calçada viam-se perturbadas
pelo barulho do trânsito, parado devido a obras de saneamento básico e
consertos de eletricidade em ruas paralelas e transversais, o que
certamente provocou um clima de instabilidade emocional nas
adjacências, fazendo com que pessoas se entreolhassem inquietas com a
mobilidade anormal e a falta de planejamento urbano em situações como
essa, que refletia o estado patológico de mentes desequilibradas, de
consciências insensatas querendo resolver tudo na base do
quebra-quebra e da pancadaria, de inteligências submetidas aos
transtornos das ruas e às intemperanças de grupos que se aproveitavam
da turbulência mental e da confusão generalizada naquelas localidades
para espalhar uma mentalidade cuja ideologia é a briga eo conflito, a
contrariedade e a adversidade, a crítica e a dialética, o ceticismo
das aparências que se contradizem, o choque de pontos de vista
insustentáveis e incompatíveis, enfim, uma rede de complicações fora
da razão e da realidade, que assumiam aquele dia a dia levando-lhe
barreiras psicológicas e sociais que visavam a sua inadimplência real
e a sua insustentabilidade cotidiana. Nesse instante, Jorge Teixeira e
Paula Souza com seus amigos, parentes e familiares que ali se
encontravam, sentiram a energia do “Ápeiron” e tomaram a iniciativa de
fazer alguma coisa por aquele caos urbano instalado em regiões
tijucanas. E o que fizeram naquelas circunstâncias críticas e onerosas
para os cidadãos lá parados, foi lançar as bases da boa convivência de
moradores, vizinhos e trabalhadores em busca de fraternidade entre os
indivíduos e solidariedade entre suas comunidades, desenvolvendo ações
e palavras de conforto e segurança, de equilíbrio e sensatez, de
otimismo e alegria, a fim de que todos suportassem com paciência
aquele ambiente engarrafado, transmitindo-lhes a calma do corpo e da
alma, e a tranquilidade e o repouso do espírito, o que os ajudaria a
conviver bem com o problema gerado, e quem sabe encontrar a melhor
saída para tal congestionamento de vidas, carros e comércio ambulante
em geral. Sim, a força do “Ápeiron” estava lá mais uma vez. Sua luz
nos iluminou e encontramos respostas positivas para as nossas
dificuldades momentâneas. Seu Espírito desceu no meio de nós, e
percebemos que as pessoas se controlavam e se animavam para a vida,
dominavam a si mesmas, se contagiavam umas às outras, sorriam para
todos os lados, para todas as faces e para todos os contextos humanos
e naturais que ali estavam. Era o “Ápeiron” atuando outra vez.
Movimentando a vida. Transformando para melhor a realidade. Salvando
como sempre o cotidiano da existência. Pouco a pouco, o trânsito
fluiu, as coisas voltaram ao normal, a natureza respirou, os
passarinhos cantaram beijando as flores de início da primavera. E a
vida continuou. Os homens seguiram. E as mulheres caminhavam. Jorge e
Paula se abraçaram e se beijaram e se dirigiram para o trabalho no
Teatro Municipal.

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Os gregos me ensinaram que o “Ápeiron” é o Princípio dos Princípios.
Compreendendo-O entendemos que a vida é turbulência, a realidade é
caos e o cotidiano está em crise constantemente, exigindo do homem e
da mulher, em função dos quais giram todas as coisas e todos os seres
da natureza e do universo, a ordenação racional dos ambientes
contraditórios, a maneira disciplinadora dos comportamentos instáveis
e inseguros, o modo organizador das idéias aparentemente confusas, dos
sentimentos quase indefinidos, das atitudes muitas vezes impensadas,
incoerentes e sem lógica, e dos conhecimentos e experiências
indeterminadas, tornando assim esse mundo de complicações ideológicas
e desrazões sociais e psicológicas, de loucuras imaginárias e ações
irreais e irracionais, mais inteligíveis, o que transforma a pessoa
humana em mais responsável por suas descobertas científicas, por suas
intervenções na realidade cotidiana e por suas interferências no
destino de populações inteiras, que dependem de sua boa razoabilidade,
de sua ética comportamental equilibrada e de seu otimismo espiritual,
alegria social e bom-senso em suas atividades de cada dia e de toda
noite. Deste modo, abstraimos do cotidiano o “Ápeiron”, e desvelamos a
sua capacidade de apreender a solução dos problemas da realidade, a
sua potencialidade capaz de fortalecer pessoas e iluminar ambientes
visando a saúde da coletividade e o bem-estar de seus grupos,
comunidades e sociedades múltiplas e polivalentes. O “Ápeiron” é o
Gestor da história da humanidade, a Beleza da natureza e a Grandeza do
universo, a Riqueza de uma criação sujeita aos seus arbítrios
responsáveis e aos seus caprichos comprometidos com as boas relações
humanas e naturais dos cidadãos que integram sociedades emergentes,
políticas alternativas, culturas de respeito e de direito, e
mentalidades que advogam o bem da vida e a paz das consciências. Nesse
campo de convergências que se constroem e de discordâncias que se
apagam, ali está o Espírito do “Ápeiron” respondendo às inquietações
de suas criaturas, resolvendo problemas, conflitos e dificuldades, e
solucionando turbulências, crises de toda ordem e o caos da vida
social em que várias vezes mergulhamos, cumulando-nos assim de seus
créditos sem fim, de seus favores sem medida e de seus benefícios
inesgotáveis. O “Ápeiron” não é um deus, mas é mais do que um deus. É
o Senhor que responde positivamente aos tempos indefiníveis e trata
com otimismo, sorriso e alegria as questões humanas, naturais e
sociais, apresentando-lhes a ótima resolução para suas dúvidas
eternas, incertezas relativas e vazios existenciais. A Energia do
“Ápeiron” conduz a história e o tempo, faz acontecer a bondade, leva a
paz às comunidades e faz do bem o segredo da felicidade e o sucesso na
vida. O “Ápeiron” é bom e nos faz bem.

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Manifesta-se o “Ápeiron” de diferentes maneiras como, por exemplo, na
música de Jorge Teixeira ou na dança de Paula Souza; nas coisas boas
que acontecem na vida, como uma partida de futebol no Maracanã entre
Flamengo e Vasco da Gama ou no desfile da Mangueira ou do Salgueiro no
Sambódromo da Marquês de Sapucaí durante o Carnaval deste ano; nos
acontecimentos positivos do final de semana como a descoberta da cura
da AIDS ou a criação de mais 200 escolas de ensino médio para os
estudantes do Rio; nos fenômenos cotidianos depois de atos de
violência e agressividade quando se tiram ótimas lições para a vida
como o tiroteio de balas perdidas entre policiais e bandidos, a greve
dos professores do Estado, o engarrafamento na Avenida Brasil, a
passeata dos alunos do ensino universitário pela Avenida Rio Branco no
Centro da Cidade, o casamento matrimonial de um homem e uma mulher que
se amam, se respeitam e se valorizam um ao outro, a festa de
aniversário de 15 anos de uma jovem garota de Copacabana, a Copa do
Mundo de 2014 no Brasil e as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro, a
Guerra do Iraque ou do Afeganistão, Shows musicais de cantores e
bandas de rock, eventos artísticos e esportivos de grande porte,
espetáculos de teatro e cinema, rádio e televisão dos quais participam
muitos artistas, atores e atrizes em geral, e assim por diante. Isso
mostra o realismo do “Ápeiron” e seu poder de apreensão de bons
conteúdos de existência e sua força de abstração de circunstâncias
favoráveis ao bem-estar do ser humano, sempre interferindo com o
objetivo de creditar à humanidade mais saúde mental e emocional,
física e espiritual, dentro de suas sociedades humanas e naturais e de
seus grupos e comunidades locais, regionais e globais. O Espírito do
“Ápeiron” é concreto e intervém sempre em benefício do homem e da
mulher, nas diversas situações da vida e nos seres que lhe servem de
instrumentos de bondade e de paz no seu dia a dia, como é o caso de
Jorge o Músico Violinista e de Paula a dançarina do Teatro Municipal.
Eles são ferramentas do “Ápeiron” em nossa sociedade carioca de aqui e
agora.

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Reflexos dessa Luz Eterna ou Força Providente ou Energia Poderosa a
que chamamos “Ápeiron” se encontram fortemente na vida cotidiana de
todos nós, desde os casos reais e acontecimentos atuais envolvendo
família e trabalho, rua e supermercado, rádio e televisão, computador
e internet, até situações extremas ou circunstâncias decisivas quando
precisamos encontrar uma saída para as nossas dificuldades, uma
resposta para as nossas perguntas , dúvidas e incertezas, uma solução
positiva para os nossos conflitos diários e noturnos: esse raio de luz
que nos aponta a resolução correta e imediata para dissolver as
obscuridades da nossa mente, as anomalias do nosso corpo e as
tempestades, inquietudes e instabilidades de nosso espírito, eis a
presença do “Ápeiron”, a cura perfeita de nossos males, a salvação
absoluta de nossas dores pessoais e sofrimentos sociais, a libertação
completa de nossos transtornos psicológicos e distúrbios físicos,
mentais e espirituais. Sem o “Ápeiron”, a insegurança toma conta de
nós, perdemos o equilíbrio interno e a paz interior, ficamos sem as
garantias de Alguém que intercede em nosso favor, intervém em nossa
vida para nos encher de créditos e benefícios, e interfere em nossos
afazeres domésticos e atividades de rua para nos cumular de graças e
luzes, forças e talentos, carismas e poderes, energias e criatividade,
com os quais podemos definir os melhores remédios curadores de nossa
miséria espiritual, pobreza de alma e carência corporal. O “Ápeiron” é
o Médico das consciências, o Fundamento das coisas boas que ocorrem na
nossa vida de cada dia, a Tábua de Salvação que nos socorre dos riscos
e perigos da existência, o Libertador de nossas almas, a Providência
Divina, o nosso Advogado cotidiano, o Banqueiro da Vida que carrega de
créditos e capital humano as nossas contas de todos os dias e todas as
noites. O “Ápeiron” é a Bondade em pessoa. O Amigo dos amigos. Deus e
Senhor. O Autor da Vida. O Criador.

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Quando os gregos antigos, antes de Sócrates, se referiam ao “Ápeiron”,
depois de ouvirem as tradições de outros povos, seus costumes e
lendas, valores e culturas, diziam que Ele era como uma Luz no final
de um túnel. Este é como o mundo a nossa volta, o cotidiano que nos
circula, a realidade que nos envolve, parcialmente obscura, mal
iluminada pelos faróis de nossos carros, carregada de problemas de
toda ordem, que exigem soluções muitas vezes rápidas e imediatas,
emergentes, como insistissem em continuar vivendo a vida ainda que com
as dificuldades do dia a dia e as contradições do ambiente ao nosso
lado e em torno de nós. A Certeza de que no fim da chegada desse túnel
sombrio, de lâmpadas ofuscadas e sem brilho suficiente para conduzir
bem os seus transeuntes, existe uma Luz, já garante a fé e o
entusiasmo dos automóveis, anima a sua corrida, motiva a sua
caminhada, incentiva a sua jornada até essa Luz, o Sol da nossa vida,
que nos fortalece durante o processo de chegada, nos dá a energia
necessária para andarmos até o extremo, fortifica o nosso trabalho e o
nosso movimento rumo ao objetivo final que é atravessar esse túnel
escuro, negro de claridade relativa, preto de dúvidas, transtornos no
camiinho e distúrbios na estrada. Mas estamos certos que existe uma
Luz lá no final. Essa Luz é a nossa salvação. Assim é o “Ápeiron”. A
Providência que energiza tudo e a todos. A Força que nos empurra para
a frente e para o alto. A Estrela que brilha em nosso deserto
espiritual, aquece a nossa solidão e acalora o nosso vazio
existencial, abrasa os nossos nadas reais e atuais, carregando-nos de
saúde e bem-estar, sinais de que Alguém caminha conosco, diante de
nós, fazendo-nos seguir seus reflexos de Luz a conduzir a nossa
estrada de vida. Eis o “Ápeiron”. Que na mistura dos acontecimentos ou
na confusão das idéias, na complicação dos nossos conhecimentos e
experiências, nas indefinições sentimentais e nos indeterminismos
sociais, políticos e econômicos, sempre encontra uma alternativa de
sucesso e uma opção de felicidade para nós e nossos companheiros de
realidade e parceiros de cotidiano. O “Ápeiron” é uma Luz. A Luz.

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Segundo Anaximandro de Mileto e seus adeptos e seguidores, o
“Ápeiron”, o Princípio da Vida, é constituido dos 4 elementos da
natureza(ar, fogo, terra e água), que, por sua vez, dão origem a todos
os seres e a todas as coisas que formam o universo. Nessa mistura de
elementos naturais, certamente, está o segredo desse Fundamento de
todos os fundamentos, Raiz do bem e da paz, Fonte da vida e da
existência, Base do tempo e da história, e de toda a eternidade.
Portanto, o “Ápeiron” é natural. Está inserido na natureza embora seja
o seu Autor e Criador. Por isso, seguir a natureza, suas leis e
reflexos, seus fenômenos e manifestações na realidade cotidiana, é uma
opção que nos leva de fato ao “Ápeiron”, a reconhecer a sua Presença
divina, humana e natural, real e atual, junto aos nossos problemas de
cada dia, no interior de situações que envolvem o nosso destino
espiritual e existencial, dentro das relações que estabelecemos com os
outros, a partir de que sentimos a sua Providência trazendo-nos
benefícios sem fim, créditos sem limites e favores que não se esgotam.
É a energia do “Ápeiron” operando maravilhas em nossa vida diária,
iluminando-nos diante das dificuldades e fortalecendo-nos perante os
conflitos e contrariedades de todo instante. Ele é o Espírito da Luz,
o Sol da nossa vida interior, o Farol que abre caminho a nossa frente,
levando-nos por estradas seguras e estáveis, conduzindo nossos passos
em direção da felicidade cuja fonte é a nossa liberdade, interventora
da realidade e condutora de nossos planos e metas cotidianas. Somos
livres mas também responsáveis por nossos destinos. Podemos contar com
o “Ápeiron” nessa empreitada, todavia depende de nós as boas coisas
que devem acontecer na nossa vida, da nossa opção real, da nossa
alternativa de trabalho e das nossas possibilidades de ação e de
comportamento no convívio diuturno que mantemos com as pessoas em
torno de nós. Dependemos do “Ápeiron”, porém o “Ápeiron” depende de
nós igualmente.

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A Presença e a intervenção do “Ápeiron” em suas vidas de cada dia e de toda noite, fez com que Jorge e Paula reativassem ainda mais a sua consciência da Providência Divina interferindo positivamente em seus trabalhos e afazeres cotidianos, em suas atividades na família e em seu contato com amigos e colegas de sempre. Foi o que ocorreu ontem quando o casal foi a um casamento de um outro casal de noivos na Barra da Tijuca,amigos seus. Então, participaram da missa do matrimônio e se dirigiram para a festa de comes e bebes logo em seguida ao ato religioso. Tudo ia bem, quando no meio do evento houve a necessidade de mais vinho e mais salgados, sem o que ficaria mal para o casal saber que a festa não poderia prosseguir pois faltava o essencial para satisfazer o desejo e as necessidades das pessoas convidadas. Foi quando Alguém, não se sabe quem, interferiu no desenrolar dos acontecimentos e providenciou mais uma recarga de vinho e salgados para que a festa continuasse e chegasse até o fim. Logo logo a calma voltou e a tranquilidade desceu novamente ao ambiente onde todos festejavam a conexão amorosa e sexual de mais um casal apaixonado e feliz porque Alguém tomou a iniciativa de determinar a chegada de mais bebida e comida para o desfecho feliz daquele episódio envolvendo famílias e amigos, parentes e conhecidos do casal anfitrião. Ora, Jorge e Paula observaram a mão e o braço do “Ápeiron” intercedendo em favor do casal e seus convidados, reanimando a festa, apaziguando os convidados e levando um clima de saúde e bem-estar para aquele contexto festivo de muito coleguismo, relações boas de convivência, relacionamentos saudáveis e agradáveis e intercâmbios sociais e familiares de alto nível de equilíbrio e segurança. Terminada a cerimônia, todos retornaram a suas casas felizes e tranquilos, sabendo que a Providência Divina, o “Ápeiron” realizara mais uma vez maravilhas no meio de nós. Ao final, todos louvavam e bendiziam a Deus por tal desfecho positivo, pelo sorriso e alegria das pessoas e pelo otimismo que ao final tomou conta de todos. Sim, o “Ápeiron” é maravilhoso.

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Muitos questionam há séculos por que o mal existe no mundo, por que existem pessoas ruins, violentas e agressivas, por que têm doenças, moléstias e enfermidades no meio de nós, por que às vezes as pessoas brigam, as famílias entram em conflito internamente, o trabalho não vai bem já que o patrão vive nos perseguindo o dia inteiro, os namorados entram em choque e seus romances em muitas horas não dão certo, os casais quase sempre se desentendem, os amigos discutem na rua por um motivo qualquer, o dia a dia possui dificuldades de transporte, os problemas se introduzem nos ambientes de escola e hospital, enfim, por que o mal, a maldade das pessoas, que atinge igualmente a natureza viva que respira e o universo material e espiritual que nos rodeia... Bem, eu só sei dizer que o “Ápeiron” não é o responsável por isso, porque Ele é bom e amigo das pessoas, providencia tudo para o bem de todos os que são bons e fazem o bem. Por isso mesmo, Jorge e Paula confiam no “Ápeiron”, acreditam em sua Providência humana e divina, mesmo perante os obstáculos da vida e as contradições da existência e as turbulências da realidade cotidiana, ainda que as confusões na cabeça de grupos e indivíduos sejam barreiras para as boas soluções e as ótimas respostas que nossos ambientes exigem de nós, ou as complicações morais e religiosas nos causem preconceitos éticos e superstições espirituais, nos deixando no vazio de nossas privacidades e no relativismo das duvidas e incertezas que atravessam nossos contextos de sociedade em transformação, necessitada de mudanças permanentes e novidades que façam a diferença na vida, nos levando a situações de saúde e bem-estar pessoal e coletivo. Sim, o “Ápeiron” tem uma coisa de bom: é que Ele é bom e amigo de quem é bom e amigo das pessoas, como no caso de Jorge e Paula, que se alegram nas virtudes que praticam e ficam contentes com as boas experiências de convívio que mantêm com as comunidades a que pertencem ou onde se inserem de vez em quando. Como observamos, o “Ápeiron” é o Princípio do bem, da bondade e da amizade, embora indefinido em sua natureza ou indeterminado em suas condições humanas e divinas de viver e existir. Por isso, nos instantes de deserto da nossa vida, lá está o “Ápeiron” nos ajudando a resolver nossas depressões doentias, nossas tristezas e angústias patológicas. Nos momentos de aflição e medo, pânico e desespero, outra vez o “Ápeiron” se apresenta a nós para novamente nos ajudar resolucionar essas transtornos da mente, do corpo e do espírito, e esses distúrbios de ordem material e espiritual. O “Ápeiron” não atua sozinho, Ele trabalha com quem é bom e faz o bem e é amigo das pessoas. Assim é o “Ápeiron”. Talvez por isso os gregos antigos gostavam tanto dEle.

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O caso de Paulinho, um menino das ruas de Copacabana,deixou Paula e Jorge impressionados com o modo pelo qual trabalha o “Ápeiron” na vida das pessoas. Dizia Paulinho que em sua comunidade do Borel, na Tijuca, onde ele tinha a sua família,faltava quase tudo, todavia a fé em Alguém Superior deixava-os sempre animados para a vida de cada dia, o trabalho a ser realizado, a escola quando era possível frequentar, e outras coisas mais do dia a dia de Paulinho e seus parentes, amigos e familiares. Dissera Paulinho que em meio às carências diárias e noturnas, diante das necessidades de todo instante e perante as dificuldades financeiras e psicológicas de seus familiares, a presença do “Ápeiron” os fazia caminhar para a frente e para o alto, motivados que ficavam com as maravilhas deste Alguém Supremo em suas existências cotidianas. Paulinho disse que sua mãe sempre encontrava dinheiro na rua para as suas necessidades, sempre achava uma terceira via solucionadora de seus problemas, conflitos e dificuldades de toda hora, minuto e segundo. Quando alguém estava doente, sempre se achava uma resposta que dava resolução àquele distúrbio. Esses e outros transtornos cotidianos e suas soluções e respostas originárias, surpreendentes e aparentemente milagrosas, tornavam a vida e o ambiente existencial de Paulinho e os seus mais convidativo para a fé e a crença no “Ápeiron”, razão de suas vidas e sentido de suas realidades envolvidas pela pobreza e a necessidade que tinham de buscar melhores condições de vida para todos. Paulinho disse ainda que está na rua só de passeio, mas que gosta de ficar em casa e trabalhar de vez em quando. Eis pois mais uma das manifestações do “Ápeiron” em nossas realidades cotidianas.

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O Reflexo do “Ápeiron’ na vida de uma pessoa, grupo ou indivíduos, é observado quando se percebe que tal sujeito é do bem e de paz, e portanto é orientado, guiado e conduzido pelo Espírito de Deus, o Espírito da Divina Providência, que conduz todos os seus atos, ações, atitudes e atividades em sua realidade própria e na realidade de outros, tornando possível a iniciativa em prol da amizade e da generosidade, da fraternidade e da solidariedade, o que faz com que todos os envolvidos nesse projeto de ação social trabalhem para a saúde e o bem-estar de todos e cada um. Esse momento positivo e tal instante de otimismo no ambiente das pessoas revelam a presença do “Ápeiron” conduzindo o cotidiano de homens e mulheres, fazendo a história das sociedades humanas e construindo o tempo e a eternidade de comunidades inteiras constituidoras da humanidade de todos os tempos e lugares. Tal contexto de bondade e concórdia, de alegria e de paz, no interior das pessoas e suas comunidades locais, regionais e globais, mostra e demonstra que Alguém guia tal realidade, transforma para melhor os seus conteúdos cotidianos e produz um clima de bem-estar social e político, econômico e cultural na existência de todos, o que anima o desejo de cada um por dias melhores, melhores condições de vida e trabalho, saúde e educação, para todas essas sociedades ansiosas por metamorfoses positivas e otimistas em sua vida de cada dia e de toda noite. O “Ápeiron”é essencialmente positivo e otimista, e suas respostas aos nossos questionamentos e suas soluções para as nossas interrogações obedecem sempre a esse critério de bem-estar e bem-comum para todos e cada um. O “Ápeiron” é do bem e da paz.

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Que bom que temos esperança de vida e boas razões para vivermos o dia a dia, com o otimismo de sempre, a alegria no rosto e um jeito contente de ser e de se manifestar a todos, poder sorrir para as pessoas ao nosso lado, e transmitir-lhes ótimas perspectivas de existência, garantindo-lhes o bem que devemos fazer e a paz que devemos viver, sustentando atitudes positivas e a bondade das ações, o equilíbrio dos relacionamentos e o bom-senso de sentimentos elevados e comportamentos ricos em conteúdo, de virtudes excelentes e grande qualidade de vida. Foi o que assistimos hoje no velório de um colega nosso no Cemitério do Caju. Pareciam todos tristes diante do Padre que fazia a cerimônia do enterro. Mas após aquele culto de alguns minutos, alguém do meio do povo começou a cantar uma música de vitória em homenagem aos mortos que morrem na esperança do Senhor. Aquela música alegrou e contagiou a cada um ali presente. Percebi a Força do “Ápeiron” se refletindo lá naquele instante. De repente, um movimento na capela, e todos conversavam, alguns sorriam abertamente, outros eram otimistas, mais adiante alguém publicava positividade, e então aquela sala do defunto tornou-se mais festa do que tristeza, mais alegria do que angústia, com mais atividades saudáveis e agradáveis do que ocorrências depressivas e deprimidas. A Esperança brotara. A Vida era mais forte do que a morte. O Cemitério parecia não existir. Todos estavam alegres pois aquela música e a pregação do sacerdote suscitara-lhes esperança de vida após a morte. E de que o Céu era bonito e Deus era bacana e a vida era legal. Esse momento positivo produzido pelo “Ápeiron” cauou-nos felicidade e bem-estar sabendo da possibilidade de felicidade eterna para todos os que acreditam em Deus. Era o “Ápeiron” mais uma vez presente entre nós. Bendito seja a Divina Providência agora e para sempre.

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O Manifesto do “Ápeiron” ocorre muitas vezes em situações de agressividade grupal ou individual ou em circunstâncias de violência urbana ou rural quando em meio a brigas e intrigas, discórdias e divergências, onde quase todos se machucam e se ferem sem saber direito o porquê, há um contingente de pessoas que fazem a diferença agindo contrariamente ao comum das coisas, tomando atitudes de bondade e amizade, solidariedade e fraternidade, generosidade relativa e ações geradoras de saúde coletiva e bem-estar interpessoal, revelando assim a presença da Providência Divina que atua sempre em benefício de todos e cada um, produzindo créditos e favores em forma de ajuda mútua e cooperação recíproca, onde existe a colaboração de quase todos na construção de um ambiente de bem e de paz, de amor e vida, cujos efeitos são o respeito entre as pessoas, a ordem social e pessoal, o equilíbrio das mentes e das emoções, a disciplina na vida cotidiana e a organização das atividades diárias e noturnas da maioria dos componentes das comunidades afetadas cujas sociedades procuram conviver sossegadamente diminuindo as regiões de conflito, superando os contextos de distúrbios físicos e mentais, materiais e espirituais, e renovando as ações em prol do bem-comum desta parcela local, regional e global da humanidade representada. Eis pois a presença do “Ápeiron” entre nós.

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Inseridos em um mundo globalizado como o nosso onde se misturam o bem e o mal, a saúde e a doença, a paz e a violência, o amor e o ódio, a luz e as trevas, a verdade e a mentira, eis que o “Ápeiron” se manifesta na bondade das pessoas, na construção de boas idéias e ótimos conhecimentos, na prática das virtudes, na experiência de bem-estar na sociedade, na família e no trabalho, na vivência de bons sentimentos em relação aos outros, no compromisso responsável com a geração de fraternidade e solidariedade no meio de nós, na produção de valores e princípios que bem orientam para a vida, no equilíbrio de indivíduos e no bom-senso dos cidadãos, na alegria das crianças, no bate-papo dos idosos no meio da rua, nos homens trabalhadores que sustentam suas famílias, no namoro e na paquera entre rapazes e moças, nas mulheres bonitas e elegantes que passam por nós, no comércio que funciona em nosso bairro, nos supermercados, restaurantes e shoppings da Cidade, no bom governo do Presidente da República, no bom andamento da economia de mercado, na cultura fértil de músicos e artistas, na realidade social em vias de desenvolvimento, na cura de doenças e assim por diante. O “Ápeiron” é sempre positivo e construtor de boas possibilidades. Na confusão de balas perdidas, no meio urbano e rural, lá está o “Ápeiron” articulando ações de boa vontade e ajuda às pessoas. O “Ápeiron” é o Fundamento de quem é bom e amigo de todos e cada um.

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Em meio à turbulência de campos e cidades, aos transtornos da mente, do corpo e do espírito, aos distúrbios da realidade cotidiana, à violência e agressividade das pessoas, aos conflitos de grupos e indivíduos na rua, na família e no trabalho, eis que surge o “Ápeiron” para dar soluções a problemas sem definição aparente ou apresentar respostas para as interrogações mais inquietantes do ser humano em geral, resolvendo situações de dificuldade financeira e indeterminismos sociais, aberrações éticas e políticas, e distorções na área ideológica e psicológica. Então, o “Ápeiron” aparece com favores espirituais, créditos de bondade e amizade, benefícios em forma de solidariedade e fraternidade humanas, agindo sempre de modo positivo e otimista, alegre e festivo, feliz e contente, ora colocando a liberdade como fundamento das resoluções encontradas ora atuando pela ajuda mútua entre cidadãos e seus talentos e carismas a serviço uns dos outros. O “Ápeiron” ou a Providência Divina opera sempre construindo a vida e destruindo a cultura da maldade e da morte e toda e qualquer mentalidade pregadora da divisão entre comunidades e divergência entre sociedades e discordância perante a conjuntura da humanidade. Diante do “Ápeiron” tudo é possível desde que favoreça o bem e a paz da existência humana e natural. O “Ápeiron” quer a tranquilidade da alma e a calma dos espíritos, o repouso do corpo e o descanso da mente. Ele é a paz.

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Nas coisas boas que fazemos, quando ajudamos o próximo ou algum necessitado, ao orientar uma pessoa no caminho do bem e da virtude, ao solucionarmos dificuldades alheias ou resolvermos os problemas dos outros, quando diminuimos os conflitos sociais e a violência urbana e rural, ao cultivar a paz e a harmonia entre os cidadãos da cidade, na solidariedade com os amigos, parentes e familiares, na experiência de fraternidade com comunidades, grupos e indivíduos, no bom-senso das coisas e no equilíbrio de nossas atividades, relacionamentos e atitudes, práticas e comportamentos, ao iluminarmos alguém que vivia na confusão da mente e nos distúrbios da consciência e nos transtornos da inteligência, ao inserimos otimismo e alegria na vida da família e no ambiente de rua e trabalho, ao tranquilizarmos uma situação de agressividade e falta de juizo, ao acalmarmos as pessoas na rua depois de uma briga entre transeuntes ou um choque de pontos de vista entre conhecidos, ao agirmos com respeito e responsabilidade no meio da realidade social e cotidiana, ao enfraquecermos mentalidades que cultivam a discórdia e culturas que pregam a divergência em nome da liberdade construtora de felicidade, ao fazermos uma oração pelos vivos e mortos, ao inserirmos Deus na nossa vida dando-lhe voz e vez em nossos trabalhos e convívio diário e noturno, enfim, quando o “Ápeiron” nessas horas se manifesta a nós e aos outros, então podemos acreditar que a Providência Divina zela por nós, cuida de nossos afazeres públicos e privados, tem a boa vontade de nos ajudar a levar um cotidiano melhor com mais saúde interpessoal e bem-estar social e coletivo, contribuindo assim para uma sociedade de paz e justiça e uma humanidade democrática, bem organizada, feliz e pacífica, ordeira e solidária, onde todos se sintam bem uns com os outros. Nesses instantes, observa-se as ações do “Ápeiron”. O “Ápeiron” é sempre positivo, está sempre construindo, e não destrói nada nem ninguém. Ele é bom com todos e cada um.

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Hoje, mais uma vez, observei no silêncio da madrugada a ação do “Ápeiron”. Eu estava refletindo na sala do meu apartamento quando percebi que da confusão mental em que me encontrava e da mistura de conceitos e definições em minha cabeça foi surgindo uma luz orientadora de meu cotidiano, uma força capaz de ordenar a minha consciência e uma energia vital que transformava para melhor meus complicados conhecimentos, então indefinidos e sujeitos à indeterminação das coisas. Nesse silêncio repousante, calmante para o meu corpo e tranquilizador da minha alma, consegui disciplinar as minhas idéias e organizar minhas atividades para o dia seguinte, trazendo assim paz para o meu espírito agora mais descansado. No mesmo instante, fiz uma oração de ação de graças ao “Ápeiron”, pois sabia que Ele era o responsável por essa harmonia interior que ora se instalava em mim. Nesse silêncio pacífico e ordeiro, refiz as minhas necessidades físicas, mentais e espirituais, e reordenei meus desejos de felicidade, a partir da construção mais uma vez de meu ideal de liberdade, passando então a fazer as melhores escolhas para a minha vida, as opções mais razoáveis para mais um dia de trabalho, as alternativas mais viáveis para um mundo de atitudes e relacionamentos em que mais tarde me envolveria. Senti que Alguém ordenava a minha inteligência, dissipava as trevas do meu ser, pensar e existir, iluminava o meu interior e fortalecia as minhas decisões e possibilidades mais acertadas. Sim, cresci internamente. Progredi espiritualmente. Evoluí mentalmente. Era o “àpeiron”.

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Depois de um dia inteiro de trabalho intenso e exaustivo, cheguei cansado em casa e fui direto pra cama sem falar muito direito com minha família. Deitei-me fadigado. E foi então que eu caí em uma fossa daquelas de deixar a pessoa no fundo do poço, sem praticamente chances de se recuperar e sem alternativas prováveis de superação e recuperação. Dormi profundamente. E foram muitas horas de sono intenso e extenso. Sem forças, quase não conseguia me levantar. Fez-se noite a minha vida. Não falava com ninguém. Não mais ia à rua. Faltava ao trabalho quase que constantemente. Minhas energias desapareceram. Isolei-me de tudo e de todos. Queria me animar e não conseguia. Nada me motivava interior e externamente. Não tinha incentivo para coisa alguma. Desci ao mais profundo da depressão psicológica, e meus dias então eram tristeza e angústia, aflição e desespero, pânico e medo. Não mais era aquele cara entusiasmado de sempre. Todavia, de repente, sem eu esperar, uma luz foi me animando, Alguém começava a me erguer e empurrar para a frente e para o alto, me oferecendo conselhos cotidianos, ajudando-me a subir de novo os degraus da escadaria da existência, agora impulsionado por um poder estranho e uma força esquisita que anseiavam de qualquer maneira levantar-me daquele abismo da alma e do chão do meu espírito. Sim, minhas forças se reanimaram, minhas energias subiram ao mais alto da montanha espiritual, e outra vez consegui refazer minha vida de casa e do trabalho. Consegui ir tomar um café e uma água no botequim da esquina. E assim eu outra vez de volta, novamente de pé, com mais saúde mental e bem-estar físico e espiritual. Retomei então a minha vida. Obrigado, “Ápeiron”.

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Os Gregos antigos tinham razão quando diziam que o “Ápeiron” diante da mistura dos acontecimentos cotidianos, nas fadigas e nos cansaços, no esgotamento mental e emocional, físico e espiritual, era o socorro dos necessitados, o auxílio dos pobres, o benefício na hora certa, a solução menos esperada, a resposta mais adequada, a tábua de salvação que nos garante e tranquiliza, a porta da libertação de dificuldades, problemas e conflitos internos e externos, o grito de liberdade, o instante eterno de felicidade, o momento novo e diferente que nos surpreende com a ajuda imprescindível, a situação de saúde e bem-estar que experimentamos, o bem-comum da sociedade, as circunstâncias de vida, bem e paz que invadem a nossa existência interior, a calma da alma e a tranquilidade do espírito, o repouso do corpo depois de um grande dia de trabalho, o equilíbrio de uma pessoa virtuosa, o bom-senso das coisas, o otimismo de quem está de bem com a vida e em paz com sua consciência, a alegria de viver, o sorriso aberto para a família e os amigos, o respeito e o direito, o compromisso responsável, a animação para quem está triste, abatido e deprimido, o incentivo de um colega de trabalho, a motivação para ir à rua, o entusiasmo da juventude, enfim, todas as manifestações de bondade, concórdia e convergência da Providência Divina perante as suas criaturas. O “Ápeiron” é o Fundamento de todos os fundamentos. O Senhor.

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Hoje, ao enfrentar um engarrafamento na minha rua aqui na Tijuca percebi a ação do “Ápeiron” mais uma vez. O Trânsito parara às 10 horas da manhã. As buzinas começaram a tocar, os motoristas gritavam uns com os outros, nas calçadas as pessoas se entreolhavam inquietas e sem entender nada, os camelôs atravessavam a pista da Rua Conde de Bonfim causando mais confusão ainda no meio da rua, enquanto que bicicletas e motos tentavam driblar os carros e conquistar um espaço mais cômodo no meio da avenida, os faróis piscavam, os sinais e semáforos alternavam-se sem sentido algum, o comércio estava inseguro e intranquilo, pessoas olhavam das janelas de seus apartamentos querendo saber o que estava acontecendo, enfim, uma algazarra geral que misturava o ruído dos automóveis com o barulho do povo parecendo insatisfeito com a situação encontrada, até que de repente um milagre ocorreu: começou a chover neste lugar, e a bênção da chuva acalmou a multidão.Os gritos de transeuntes e o choque de pontos de vista cederam um tempo para o silêncio repousante que tranquilizava as almas e descansava os espíritos mais violentos e agressivos. E sem saber, por acaso, dali a 20 minutos, o tráfego começou a andar, os automóveis e pilotos a circular, tudo se movimentou e todos respiraram descansados. Tal alívio físico e mental, psicológico e espiritual, inconsciente e emocional, animou a todos, e cada um seguiu adiante em direção ao centro da cidade. Essa paz interior, tal calma da alma e a tranquilidade do espírito, era a manifestação do “Ápeiron” dando solução aos problemas lá efetuados, uma resposta positiva diante de tantas interrogações nos ares, que alteravam o ambiente de aparente equilíbrio e modificavam um contexto de vida cotidiana bastante otimista até então. Eis o “Ápeiron” mais outra vez, fazendo a alegria da sociedade e imprimindo um sorriso aberto no rosto dos indivíduos. O “Ápeiron” é positivo. Ele vê a existência e a criação, o universo e a natureza, de modo otimista. Deus realmente é muito otimista.

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“Ápeiron” em grego quer dizer “Deus que mistura”, “Princípio misturado”, “Da mistura para a luz e a vida”. Em outras palavras, em todas as situações confusas da sociedade onde possam reinar a violência das pessoas e a agressividade de grupos e indivíduos, os transtornos mentais e emocionais e os distúrbios psicossociais, e nelas buscamos soluções capazes de nos fazer a novamente acreditar na vida, então eis o “Ápeiron”, que de circunstâncias complicadas do cotidiano sabe tirar coisas boas para a nossa realidade de cada instante e de todo momento, nos iluminar com ótimos conteúdos de saber e nos fortalecer e animar para que nossos relacionamentos e atitudes, trabalhos e afazeres, ganhem a energia necessária que levanta os tristes, abatidos e deprimidos, refaz a saúde dos doentes e motiva-nos outra vez para ações solidárias uns com os outros, o que nos leva a uma experiência em sociedade de otimismo sensato e positivismo equilibrado, tornando nossa existência de cada hora, minuto e segundo, mais incentivada e alegre, cheia de grandes alternativas de vida e trabalho, plena de oportunidades de fazer o bem e viver em paz, e carregada de possibilidades que se identifiquem com o bem-estar da sociedade e o bem-comum da coletividade. Como se observa, o “Ápeiron” acontece sempre que perante ambientes desequilibrados, instáveis e violentos, podemos responder com a fraternidade recíproca e o compromisso respeitoso e responsável de construir um contexto de vida mais saudável, agradável e feliz para todos e cada um. Isso é o “Ápeiron”.

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