terça-feira, 5 de julho de 2011

Intervalo

Intervalo
Entre a Luz e as Trevas

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A Realidade humana de hoje, aqui e agora, muitas vezes pode deixar de ser real e constituir-se em Templo do Imaginário, assumir compromissos com a irrealidade da consciência e com a irracionalidade da experiência. Nesse Intervalo, entre o real e o racional, entre a luz e as trevas, entre o bem e o mal, entre a paz e a guerra, entre a verdade e a mentira, entre o sonho e a realidade, entre o chão e o teto, entre as portas e as janelas, acontece o nosso cotidiano, o processo da vida, a formação das nossas idéias e conhecimentos, a manifestação dos nossos sentimentos mais profundos e transparentes, o reflexo de nossa mente aparentemente patológica mas que na verdade procura mostrar-se autêntica, identificada com a possibilidade da sua liberdade, produtora de felicidade. Tal processo de criação da vida de cada momento e de todo instante encontra raizes no confronto dialético entre o real e o imaginário, o cotidiano e a nossa estrutura psicológica, viabilizador das idéias que se produzem para o bem ou para o mal, das práticas humanas e seus comportamentos éticos e espirituais, de suas atividades científicas e tecnológicas, de suas ações artísticas e filosóficas, de suas experiências morais e religiosas, de suas atitudes temporais e históricas, políticas e econômicas, sociais e culturais e ambientais. Assim se produz a vida. Através desse intercâmbio paradoxal entre consciência e realidade, sua interatividade ora romântica ou sentimental ora ideal ou reflexiva ora concreta e experiencial. É a dialética da realidade cotidiana. Esse Intervalo onde ocorrem nossos trabalhos de cada hora, nossos conflitos de família, nossas ausências no convívio com as pessoas, nossas dificuldades de bom relacionamento, enfim, os nossos problemas de mente, de corpo e de espírito. Sim, porque a vida é o Intervalo, o movimento de viver, o processo de existir. Com essa mobilidade frequente, faz-se a história de cada instante, o tempo se produz caminhando sempre para a frente e para o alto, de modo progressivo, evoluindo a todo passo, crescendo de acordo com os minutos e segundos que transcorrem, se desenvolvendo para o bem-estar de toda a humanidade, de suas comunidades, grupos e indivíduos locais, regionais e globais. De fato, esse Intervalo em que se verifica a complexidade da vida e o fluxo da história, é a constituição da superação de si mesmo, da ultrapassagem constante de preconceitos e superstições e da transcendência também do tempo para enfim mergulhar no ambiente da eternidade, da vida após a morte, onde se continua para sempre o movimento dos seres e das coisas em direção do Infinito, que é Deus. Deus é o Motor desse processo. Somos consequência disso. Somos efeitos de sua intervenção na história das nossas consciências e das experiências da nossa realidade urbana e rural, psicológica e social, imanente e transcendental. Somos Intervalo.

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Entre o nascimento e a morte a vida se processa, o mundo é construido visando o bem e a paz da humanidade, a realidade se cria em meio a problemas os mais diversos de ordem psicológica ou cotidiana, real ou imaginária, de acordo com os parâmetros de um ambiente político conturbado carregado de tendências variadas, de um contexto econômico às vezes otimista ou bastante turbulento, de um clima cultural fecundo e profundo que tem necessidade da criatividade humana, de seus talentos originais e de seus carismas inovadores, de seus pontos de vista cognoscentes e discernentes, que fazendo a diferença entre os seres e as coisas produz o tempo das mudanças permanentes e dos movimentos transformadores para melhor de situações aparentemente cabisbaixas e deprimidas, tristes e angustiantes, tornando-as então renovadas interna e exteriormente, libertas dos preconceitos de uma sociedade ainda prisioneira de superstições morais e religiosas, desequilibradas socialmente, de indefinições ecológicas e ambientais, de insustentáveis paradigmas que sustentam a cultura da morte, do mal e da violência, devendo ser combatida em nome do bem e da bondade das pessoas que continuam a cultivar a paz e a concórdia em seus relacionamentos e atitudes. Assim se processa a realidade. Cada vez e melhor aumenta a conscientização das populações e sua iniciativa de libertação de prisões psico-sociais, de transtornos físicos e mentais e de distúrbios materiais e espirituais. De fato, a realidade cotidiana é tendencialmente progressiva, caminha evoluindo em todos os sentidos da vida humana, cresce sem parar, e se desenvolve de modo a garantir a saúde e o bem-estar, e a felicidade das comunidades que integram essas sociedades emergentes, em ascensão social e política constante, emancipando-se pacientemente no nível econômico e financeiro, cultural e ambiental. Sim, caminhamos sempre crescendo por dentro e fora. Tal o sentido da vida e a razão da existência. Nessa mobilização evolutiva, vamos superando conflitos, ultrapassando obstáculos que o cotidiano nos impõe seja na família, na rua ou no trabalho, transcendendo limites e dificuldades, mergulhando pois em um universo de bondade próprio do ser humano como tal. Esse otimismo que atravessa o decorrer da história é responsável pela auto-estima dos grupos e indivíduos que constroem positivamente a realidade humana de forma local, regional e global. Nesse intervalo de ocorrências luminosas, o homem e a mulher vão vencendo o lado obscuro do cotidiano, criando as condições indispensáveis para a sua vitória sobre a maldade de alguns e a agressividade de outros. Com efeito, o mundo real tem em sua estrada cotidiana uma perspectiva positiva, que conduz o progresso dos povos e o bem-estar das nações ainda que em meio à miséria e à fome de muitos, à ignorância de grande parte de sujeitos, o que muitas vezes os faz ignorar o seu dever de guiar o tempo e sustentar a história, talvez porque bloqueados em seu repertório cultural de conhecimentos carentes de conteúdos de qualidade, de ética comportamental inferior à necessária e de uma espiritualidade que deveria se comportar como o gerente de suas possibilidades, alternativas e oportunidades reais e atuais. Mesmo assim, continuamos evoluindo das trevas em direção à luz.

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Feito de altos e baixos, de conquistas de sucesso e de depressões sociais e psicológicas, de boas coisas que se produzem e de conflitos gerados com agressividade, de equilíbrios que conduzem trabalhos grandiosos e de carências de sensatez na hora de decidir oportunidades e apresentar possibilidades, o processo humano e natural de viver precisa de uma boa racionalidade que guie com bom-senso atitudes e sentimentos que afetam o convívio de grupos e indivíduos interessados na busca de alternativas de saúde pessoal e bem-estar coletivo para as suas comunidades emergentes, inseridas em sociedades que progridem para a criação de felicidade para seus habitantes, a partir da procura da liberdade, responsável por sua intervenção nos destinos de povos inteiros e interferência em seus empenhos e esforços por uma humanidade mais igualitária, fraterna e solidária, onde todos possam ter voz e vez, cada um caminhe com segurança e estabilidade nesta vida de mudanças contínuas e metamorfoses permanentes, em função da qual a noite das turbulências cotidianas convive com o despertar para a novidade de uma atividade engendradora de progresso para os seus, otimismo que dá esperança de realizações novas e diferentes identificadas com a possibilidade de crescimento para as suas populações, o que significa mais garantias de qualidade de vida para as pessoas, excelência de ações éticas e espirituais, resultando em ambientes férteis capazes de propiciar mais abertura de iniciativas para seus integrantes, renovação de suas tendências de melhoria convivencial e libertação de bloqueios físicos e mentais que são barreiras para o perfeito desenvolvimento de nações interessadas na ótima satisfação de seus desejos por uma existência melhor, produtiva e de aspectos positivos como a construção do respeito mútuo entre seus cidadãos e da responsabilidade social, cultural e ambiental entre seus conterrâneos, moradores e trabalhadores, constituintes de um contexto humano mais carregado das boas qualidades promotoras de condições de vida e trabalho, saúde e educação mais digna, mais vital e mais generosa para todos e cada um. Nesse movimento de construção de novas e diferentes realidades em ascensão, em termos de política partidária, economia de mercado, sociedades emergentes e culturas e mentalidades voltadas para a não-violência e a preferência por uma ética de bondade e concórdia entre seus cidadãos, produz-se o cotidiano, define-se o Intervalo de um existir que se processa entre instantes de guerra urbana e rural e momentos de paz e cidadania entre os componentes dessas sociedades em transformação permanente para melhor, essa aliás a razão de tal mobilidade humana em direção à obtenção da realização de seus sonhos e à satisfação de seus desejos e necessidades humanas, naturais e culturais. Nesse Intervalo, portanto misturam-se bons projetos de vida e a crise de modelos insustentáveis para a produção de uma sociedade mais equilibrada e otimista, de bem com a vida e em paz com a sua consciência.

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Os momentos de crise no decorrer da história da humanidade têm provocado as reformas necessárias que fazem progredir os humanos, as transformações políticas substanciais para a ascensão e a emergência de sociedades em desenvolvimento, as revoluções científicas e tecnológicas responsáveis pela evolução de comunidades inteiras no campo das idéias e conhecimentos, as metamorfoses sociais, culturais e ambientais que tornam a vida mais renovada e diferente, comprometida com o bem-estar dos cidadãos e a saúde espiritual, física e mental de povos imersos nessa era de globalização das massas populares, interatividade de nações diversas e compartilhamento de suas relações de trabalho e conteúdos de relacionamento mais dignos de viver e que representam o caminho para o crescimento econômico e financeiro das populações mundiais interessadas na qualidade de vida de sua gente e em conduzir dignidade e excelência ética para seus integrantes, aqueles que buscam superar ações agressivas e atitudes violentas em nome de uma existência de ótimas condições de vida e trabalho, saúde e educação, ultrapassar igualmente seus limites ideológicos e suas fronteiras psicológicas que por várias vezes se tornam obstáculos à transcendência de seus próprios preconceitos morais e superstições religiosas, barreiras à emancipação de grupos e indivíduos que possuem a intenção de subir as escadarias do progresso material e espiritual, com consciência elevada e experiência de conduta condizente com suas aspirações de sucesso na vida e no trabalho aqui e agora de forma local, regional e global. Nessa explosão de movimentos emergentes e mudanças em ascensão que caracterizam o processo humano de viver, está a chave da felicidade do conjunto da humanidade, que faz da liberdade a estrada desses instantes felizes que tem a frente, no presente e no futuro.

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As definições do tempo e os determinismos da história, sua finitude natural e seus contextos ambientais e culturais onde acontecem as intervenções divinas e humanas, convivem com o lado doentio da vida e seu quadro patológico de doenças físicas, mentais e espirituais, enfermidades de ordem psicológica e ideológica, moléstias que atingem o real e o imaginário do ser humano como tal, ao mesmo tempo que caminha construindo as coisas boas da vida, tornando o processo humano de viver e existir mais otimista e equilibrado, mais alegre e sensato, mais livre e feliz, ordeiro e pacífico, fraterno e solidário, amigo e contente. De fato, o movimento da vida é dialético e aceita a divergência de opiniões e situações controversas e a discordância de circunstâncias que ora pregam as tristezas e as angústias da existência ora geram condições de vida e trabalho, que favorecem o bem-estar das pessoas e sua saúde mental e emocional, corporal e espiritual, refletindo deste modo que o convívio humano e seus efeitos naturais e culturais convergem no que têm de positivo e se contrariam quando o bem e o mal se encontram, a paz rural e urbana se choca com a violência individual e a agressividade de grupos interessados em espalhar pela sociedade a cultura do mal e da morte contra a qual se processa a mentalidade de pessoas que advogam as causas do bem e da bondade e defendem o valor da vida e seus aspectos otimistas que coincidem com a boa vida de comunidades inteiras e a paz vivida por sociedades em transformação constante, construtoras do progresso material e da evolução espiritual da humanidade, feliz porque seus integrantes, apesas das turbulências cotidianas, ainda buscam por realizar atividades em prol da boa qualidade de vida das pessoas, da sua riqueza de conteúdos éticos a partir de que produzem uma convivência humana mais salutar, agradável e favorável às boas iniciativas de engendramento de instantes libertadores de patologias que lhes são adversas, renovadoras de seu interior e exterior e que se vêem abertas a um grande número de possibilidades, alternativas e oportunidades de trabalho, de bons relacionamentos e de ótimas atitudes que interagem umas com as outras, compartilhando suas riquezas e conteúdos de qualidade no conhecimento, nos sentimentos adquiridos, nas experiências produzidas, onde os valores de vida e suas raizes naturais e culturais, seus princípios de existência e suas normas sociais, ambientais e culturais se identificam com as boas coisas que a vida tem e a paz construida em suas consciências de existir saudável. Sim, a vida é dialética.

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O que faz a vida acontecer é a exigência real e psicológica de satisfazer os nossos desejos humanos e realizar as nossas necessidades naturais, o que dá origem ao trabalho e aos nossos esforços e empenhos por produzir conteúdos de conhecimento, ética e espiritualidade, além de matérias de cultura e economia, política e sociedade, constituindo assim o nosso universo de relações e interatividades, intercâmbios interpessoais e compartilhamento de idéias e ideais, valores e princípios, orientadores das nossas ações sociais, das nossas intervenções na realidade cotidiana, de nossas interferências no destino de quem vive ao nosso lado e em torno de nós e depende de nossas iniciativas em prol do bem-comum da sociedade, em favor da saúde das pessoas e em benefício do bem-estar de nossos parentes, amigos e familiares. Deste modo, construimos o nosso cotidiano, definimos as nossas atitudes e determinamos o nosso convívio diário e noturno e o nosso comportamento e sentimentos uns em relação aos outros. Desde então, nos tornamos responsáveis pelo processo humano no qual colocamos nossas mediações individuais e coletivas, gerando sociedades de bem e de paz, em luta constante contra a violência urbana e rural, a agressividade de muitos e as balas perdidas resultantes do confronto entre policiais e bandidos nos campos e nas cidades. Desta maneira pois se faz a vida, o cotidiano e a existência, com momentos que ora advogam as luzes do discernimento da consciência positiva ora defendem o apagão das mentes e dos espíritos, fazendo-nos conviver diariamente com o dia que nos oferece esperanças de vida e saúde e com a noite da depressão quando passam a nos persaeguir as contradições da natureza e as turbulências do universo em forma de doenças e enfermidades em geral, o desemprego que nos assusta, os distúrbios mentais e emocionais e os transtornos de um dia a dia carregado de problemas familiares, dificuldades financeiras e conflitos na rua e no trabalho. Mas assim é a vida. Esse movimento dialético onde a luz convive com as trevas, a paz duela com a violência e o bem e a bondade se confrontam com a discordância dos relacionamentos e a divergência de atitudes. Desse jeito se faz o nosso cotidiano: de paz e guerra.

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Os movimentos sociais, as transformações políticas e econômicas, as inovações culturais, científicas e tecnológicas, os eventos esportivos como as Copas do Mundo de Futebol e os Jogos Olímpicos, os shows e espetáculos artísticos e musicais, de dança e teatro, as redes de comunicação via rádio e televisão transmitindo noticiários e reportagens do mundo inteiro, a teia virtual da internet conectando todos e cada um entre si, as greves e as passeatas mobilizadoras das sociedades, a dinâmica da juventude e dos trabalhadores em geral reivindicando direitos humanos e sociais, o trabalho móvel de comunidades inteiras lutando por melhores condições de vida e trabalho, saúde e educação, para todos e cada um, enfim, toda essa metamorfose ideológica de realidades concretas mexendo com a conjuntura da humanidade, ilumina os ambientes e fortalece os contextos de vida onde acontecem as mudanças para melhor na história dos homens e das mulheres, aquecem as economias ainda vacilantes e fazem mergulhar em uma onda de sustentabilidade social e ambiental todos os grupos humanos interessados em qualidade de vida para seus projetos de existência, em riqueza de conteúdo para seus conhecimentos acumulados com o tempo, e em excelência de virtudes para seus programas de ética e espiritualidade baseados no respeito mútuo e na responsabilidade recíproca, o que na verdade colabora para a dissipação das trevas no meio das sociedades, que então progridem com o novo e diferente sol que passa a brilhar em suas realidades cotidianas fazendo melhorias em suas regiões de vida buscando pois outras alternativas de trabalho, novas oportunidades de emprego e diferentes possibilidades de atividades que ajudem a tornar melhor suas situações de vida e existência, sempre à procura de circunstâncias favoráveis ao seu crescimento e desenvolvimento mental, físico e espiritual. A Evolução dos povos e nações do Globo Terrestre ressalta essa passagem das trevas para a luz em que se envolvem os humanos e terrestres em busca de uma vida melhor para todos. A História caminha. E o tempo evolui.

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É de certo modo tranquilizador o fato de sabermos que somos permanentemente mudança de estado de vida, transformação de momentos, metamorfose de instantes cotidianos. Ora passamos do medo para a coragem, da tristeza para a alegria, do ódio para o amor, do pessimismo para o otimismo, do mal para o bem, da escuridão para a luz do sol de cada dia. Somos mudança. A História e o tempo são esse processo metamórfico onde percorremos vários estados de vida e de morte, diversas situações de equilíbrio e inconstância, diferentes circunstâncias de consciência e imaginação, o que faz movimentar a sociedade, evoluir os povos e desenvolver as nações no mundo inteiro. Parece mesmo de fato que fomos feitos para a mudança. Somos a cada momento e a todo instante transformados para melhor em outros , novos e diferentes homens e mulheres. Assim caminha a humanidade. Tal o progresso humano e natural de comunidades em vias de crescimento material e espiritual, físico e mental, emocional e sentimental. Avançamos a cada hora, minuto e segundo modificando as nossas condições de vida e trabalho, saúde e educação, transporte e moradia, cultura e lazer, arte e esporte, sempre criando novas e diferentes possibilidades de melhoria de nossas relações com o mundo e a vida, de oportunidades de emprego e de outras tendências positivas para a nossa jornada cotidiana de sucessos, créditos e prosperidade. Progredimos. Somos melhores a cada instante. Evoluimos a todo momento. Tal realidade afeta a nossa consciência de valores e princípios bem estabelecidos e bem consolidados com o tempo. Parece que vamos adiante nos orientando mais e melhor para a vida e a realidade de toda hora. Resolvemos melhor os nossos problemas. Damos soluções mais sensatas para as nossas dificuldades. Os conflitos do dia a dia começam a ser superados com saúde mental e o bom-senso das coisas. Não mais perdemos a cabeça como outrora. Estamos mais equilibrados. Tal estado de consciência transformada e transformadora de atividades cotidianas nos faz agentes de uma história que se faz melhor a cada minuto. A todo segundo evoluimos para melhor.

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Em meio a um cotidiano onde as coisas se misturam, os fenômenos do dia a dia parecem confundidos, os acontecimentos diários e noturnos se vêem desordenados, os ambientes desorganizados e a vida de todos e cada um notadamente sem disciplina ética e espiritual, surge então, como uma herança nos deixada pelos gregos da Antiguidade clássica, a razão humana com a missão de ordenar o caos da existência, disciplinar a inteligência e organizar a nossa realidade de conhecimentos e idéias, sentimentos e experiências, valores e virtudes, princípios e normas de vida pessoal e social. É a racionalidade humana e natural aquela que tem a vocação de arrumar a casa, endireitar as coisas, colocar no devido lugar o cotidiano da nossa vida de cada dia, noite e madrugada. Assim é a vida. O caos reina com a ordem. A disciplina procura ajeitar as complicações das mentes e das emoções e fazer nascer o sol da boa ética e da boa espiritualidade. O Império da confusão cede lugar à organização das idéias desenvolvida pela mente humana desejosa por liberdade, fonte da verdadeira felicidade. Deste modo, acontece a história dos homens e das mulheres. Convivemos com contrários. Estamos entre o dia de sol e a noite das trevas da realidade humana. Nesse intervalo, ocorrem as mudanças e as transformações do tempo que caminham para a eternidade. Somos metamorfoses ambulantes.

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O Lema de Lavoisier “Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” parece ser uma realidade em nosso meio histórico e temporal, muitas vezes marcado por sintomas de causa e efeito, ou por situações de acaso, ou por circunstâncias onde a surpresa dos fenômenos e o indeterminismo dos fatos e a indefinição dos acontecimentos tornam possível o movimento real e sempre atual de passagem de uma consciência obscurecida para uma mente sadia e luminosa, confirmando o contexto segundo o qual a realidade cotidiana sempre evolui, progride saindo de condições de pobreza e miséria espiritual para um clima de boas virtudes praticadas, riqueza de conteúdos de conhecimento, qualidade de vida sustentável, excelência de atitudes que buscam a fraternidade universal e a solidariedade entre os povos, refletindo assim o ambiente globalizado em que vivemos, o que como disse faz-nos superar a ignorância do saber e mergulhar em ações de repertório cultural elevado, ultrapassar momentos de fraqueza e medo e se situar em instantes de coragem, força e energia psicológica e social, e ainda transcender as barreiras de valores ultrapassados e princípios antigos e tradicionais e procurar outras, novas e diferentes orientações para uma boa vida social e familiar, onde todos se acham em paz com suas consciências e de bem com a vida. Tal migração de uma consciência escura para uma razão de luz caracteriza o processo histórico em que vivemos. O Tempo é progresso mental e espiritual dentro de uma realidade sempre transformadora, em mudança permanente ainda que com elos de estabilidade nas áreas política, social e econômica, e mesmo cultural. A Vida nos demonstra ser estabilidade e crescimento. Tal a razão da temporalidade. O Sentido da historicidade. Essa a metamorfose e suas metas e resultados em um universo de migrações contínuas, onde as normas também mudam e as raizes da inteligência igualmente sofrem os efeitos das transformações da realidade. O Cotidiano se desenvolve assim. Na clareza depois de um contexto de instabilidades, transtornos mentais e distúrbios emocionais. A Realidade se processa de modo que o progresso seja das trevas para a luz.

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O Processo histórico da realidade humana e natural cotidiana, como vimos acima, é feito a partir da realização dos desejos de homens e mulheres envolvidos com seus trabalhos e famílias, lazeres e entretenimentos, atividades sociais e políticas, econômicas e culturais, e da satisfação de suas necessidades básicas naturais, elementos que possibilitam a dinâmica das sociedades, o movimento de grupos e indivíduos, a mobilidade de comunidades, que buscam o seu progresso físico, mental e espiritual, a sua evolução em todas as áreas do conhecimento humano, o desenvolvimento de seus sentimentos e experiências construtores de saúde coletiva e bem-estar social, da fraternidade entre os povos e da solidariedade entre as nações, da interatividade de conteúdos de saber e compartilhamento de suas riquezas culturais, sobretudo no campo científico e tecnológico, na arte e no esporte, e em outras regiões da consciência humana e seus derivados morais e religiosos, ambientes de formação e informação, culturas e mentalidades surgidas a partir da geração de carismas e talentos, da criatividade de vocações e profissões liberais e demais serviços da sociedade. Deste modo, a história e o tempo da humanidade se produzem por desejos e necessidades, motores do desenvolvimento, matrizes produtoras da metamorfose das populações e sua gente interessada em qualidade de vida, riqueza de conteúdo e excelência de virtudes. Assim caminha a humanidade. Desta maneira, crescem os humanos e suas ações de bem-comum dentro de suas comunidades e sociedades. A Vida é progresso.

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Do nascimento à morte a vida se processa, e nesse intervalo a humanidade caminha, o mundo evolui, o tempo e a história se desenvolvem, as sociedades progridem assumindo um compromisso responsável com a saúde de seus cidadãos e o bem-estar e o bem-comum de seus grupos, indivíduos e comunidades. Nesse meio, muitos talentos surgem para fazer a diferença no cotidiano, ou diversos carismas aparecem para definir os acontecimentos da realidade, neles determinando suas visões de homem e de mulher, de Deus, de natureza e de universo, seus pontos de vista transformadores para melhor das estruturas sociais e políticas, econômicas e culturais, e suas interpretações positivas e otimistas que fazem o crescimento das gentes, povos e nações do mundo inteiro, e assim a realidade de todos os dias e todas as noites vai se tornando mais dinâmica e globalizada, vendo-se possuida pelo movimento de metamorfose constante de seus cotidianos, produzindo na existência humana temporal e eterna mais qualidade de vida para as pessoas, mais riqueza de conteúdo cultural para as sociedades e mais excelência de virtudes para os cidadãos e cidadãs interessados em uma boa ética e espiritualidade natural, responsáveis fundamentalmente pela boa vida e ótima historicidade daqueles e daquelas que sustentam suas famílias e trabalhos, organizam suas atividades e comportamentos, disciplinam suas experiências de cada dia e de toda noite, e ordenam suas consciências e experiências de auto-estima elevada, ótimo astral, positividade e otimismo, condições de uma história de sucesso, prosperidade e crédito para todos e cada um. Nesse ínterim, a criatividade de quase todos contribui para a felicidade geral de todas as sociedades, isto em nome da liberdade, portal de construção de uma realidade de sorriso e alegria universais. Nesse processo, vocações se fazem e profissões se realizam. Cada qual favorece o bom cotidiano em que vivemos.

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O Trabalho humano e seu poder de transformação para melhor da realidade cotidiana constitui um dos grandes sentidos da história e do tempo dos homens e das mulheres, a razão do progresso dos povos, o otimismo das sociedades que evoluem no corpo, na mente e no espírito, o equilíbrio das pessoas que fazem do seu desenvolvimento o caminho para a saúde individual e coletiva, e o bem-estar das comunidades, e o bem-comum de toda a coletividade. É o trabalho que intervém no crescimento da cidadania, na luta pelos direitos humanos, na busca por mais dignidade interpessoal, mais qualidade de vida social, riqueza de conteúdo cultural e excelência de virtudes éticas e espirituais. O Trabalho modifica a natureza, transforma o universo, interfere na positiva metamorfose da criação. Com ele, a ciência, a arte e o esporte, a tecnologia e a informática, o computador e a internet, o rádio e a televisão, o dia a dia convertido em coisas boas e fenômenos de ótima qualidade política e econômica, enfim, a vida mudada para o bem e a paz por meio da atividade empenhante e do esforço humano em trabalhar com alegria, fazer tudo direito e realizar bem todas as circunstâncias antes sonho mas agora realidade. O Trabalho é o fundamento da temporalidade e o princípio da historicidade. Sem ele, nada é possível, tudo é inútil e sem significado algum. A Vida é trabalho. Trabalhar é existir. Somos atividade.

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O Processo humano de viver se faz a partir da estrutura familiar onde o cidadão ou cidadã de determinada sociedade aprende e apreende os princípios éticos e espirituais e os valores morais e sociais orientadores de sua trajetória dentro da realidade cotidiana, lugar e tempo em que constrói sua existência baseada no bem que deve fazer e na paz que precisa praticar a fim de que possa estar em harmonia com seu convívio no interior de uma realidade em mudança permanente, de transformações constantes e de metamorfoses locais, regionais e globais. Assim, através da família, a pessoa humana gera sua jornada cotidiana, produz suas idéias e conhecimentos, sentimentos e experiências ideológicas e psicológicas, sociais e culturais, políticas e econômicas, o que reflete o seu papel no tempo e a sua função na história dos homens e mulheres deste mundo em que vivemos real e atualmente. Com a família, somos educados para a vida, aprendemos o direito e o respeito, crescemos com responsabilidade social, cultural e ambiental. Sem a família, faltam-nos as raizes da existência, as normas de uma vida onde a liberdade deve ser o fundamento da felicidade. De fato, a família é a base de uma sociedade ordeira e pacífica, livre e feliz, equilibrada e sensata, alegre e otimista, caminho para uma humanidade de bem com a vida e em paz com sua consciência. Na família, a nossa estabilidade, segurança e tranquilidade. Nela, Deus se faz, tem voz e tem vez. Por ela, a vida, a paz e a ordem, o amor e o bem, a bondade e a concórdia, a convergência e a unidade, e a consciência de que estamos bem, tudo pode dar certo, e a certeza da vitória sobre as fontes da violência e da agressividade em nosso entorno. A Família nos garante e nos sustenta historicamente, no tempo e para a eternidade.

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No tempo, entre o dia da Vida e a noite da Morte, os acontecimentos e os fenômenos da realidade cotidiana se manifestam ora misturados com a claridade das consciências ora confusos com o discernimento dos espíritos humanos. Nesse jogo de indefinições físicas e mentais, faz-se igualmente a indeterminação dos ambientes sociais, dos contextos político-partidários, das estruturas econômicas em desequilíbrio e das culturas e mentalidades geradas sem a sensatez da racionalidade e o otimismo das pessoas que vivem em sociedade. Assim ocorrem entre nós o desejo de ordenar todas as coisas e a necessidade de impor limites à história a fim de garantir a voz da natureza que tudo comanda e o grito do universo pedindo socorro diante do império da dúvida e da incerteza que muitas vezes quer abalar a estabilidade das comunidades, grupos e indivíduos interessados em paz espiritual, disciplina social e organização de suas consciências e experiências cotidianas. Nasce assim a imprescindível aspiração por uma ética e uma espiritualidade baseadas na concórdia de princípios e convergência de valores que possam orientar os humanos e terrestres no caminho de uma vida mais fraterna e solidária, ordeira e pacífica, otimista e equilibrada, saudável e agradável. Como vemos, ao lado dos transtornos psicológicos e dos distúrbios ideológicos aparecem a consciência humana que tudo organiza, a sua racionalidade disciplinadora de suas atitudes e a sua inteligência que ordena o caos que ora foi instalado. Nesse binômio de controvérsias, faz-se a história e se caminha para a eternidade mais além.

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