segunda-feira, 1 de junho de 2009

Indeterminação

Fundamentos do Discurso Indeterminista

1. “Apeíron”,
o Princípio da Indeterminação

No séc.VI a.C. da Antiguidade Grega, um filósofo pré-socrático chamado Anaximandro da Escola de Mileto afirmou e defendeu a tese de que a ARKÉ, o princípio da vida e de tudo e de todos, era o ÁPEIRON, um elemento da natureza de configuração indefinida e realidade indeterminada, o responsável pela origem dos seres e das coisas no universo, gerador da realidade cotidiana, das vivências humanas e das experiências naturais e culturais, sociais e ambientais, políticas e econômicas praticadas pelos homens e pelas mulheres de seu tempo e momento histórico.
Tal entendimento produziu uma certa PAIDÉIA entre os gregos, que então tinham atitudes, idéias e valores comuns e se comportavam de acordo com essa teoria filosófica indeterminista que apologeticamente Anaximandro sustentava, fazendo muitos adeptos e seguidores de tal modo que diversos grupos de pessoas, assumindo a sua proposta idealista, transformavam suas vidas em “ÁPEIRON”, razão de suas ações e paixões e fonte de seus desejos, anseios e necessidades.
Aos poucos, cresceram os indivíduos simpatizantes com a idéia de Anaximandro, que se propagou pelo mundo inteiro até os dias atuais.
Hoje, o “ÁPEIRON” de Anaximandro deu origem à corrente indeterminista da história, a qual tem influenciado diferentes comportamentos políticos e sociais, culturais e econômicos em todo o Globo Terrestre.
Assim o Indeterminismo é uma ideologia hoje acompanhada por teorias como o niilismo, o ceticismo e o relativismo, assim como o ateísmo e o individualismo, construindo ora realidades tipicamente transitórias, inconstantes, céticas, relativas, indefinidas, instáveis, provisórias e indeterminadas capazes de modificar as consciências de algumas personalidades, transformar o pensamento público e popular e metamorfosear mentalidades diferentes e culturas novas e tradicionais.
Pensar indeterministicamente significa não possuir regras de conduta, não seguir dogmas estabelecidos nem assumir padrões absolutos ou ideais estáveis e constantes.
O Indeterminista quer ser livre, e faz dessa liberdade de alternativas e possibilidades a sua verdadeira felicidade.

2. O Princípio da Indeterminação
O Fluxo das coisas indefiníveis e o
complexo dos seres indetermináveis

Ideologias tais como o relativismo, o ceticismo, o niilismo, o indeterminismo, o individualismo e o ateísmo contribuem efetivamente para entender o universo da indeterminação, visto que influenciam com seus discursos carregados de matéria aberrante para a sua propagação entre os meios sociais, políticos e econômicos do mundo inteiro.
De fato, o mundo da indeterminação envolve conceitos aparentemente alienantes, mas que identificam uma filosofia de vida própria assumida publicamente por seus adeptos e seguidores espalhados por todo o globo terrestre.
Assim, o nada e o vazio niilistas; a relativização dos seres e das coisas, ignorando idéias absolutas, de cunho relativista; a dúvida e a incerteza que caracterizam as definições ceticistas; as indefinições dos conceitos, das teorias e das práticas próprias do indeterminismo; o egoísmo de indivíduos e grupos, com seus momentos partidários, excludentes e divergentes, que identificam o individualismo; e a ausência de Deus, substituído por símbolos, ídolos, figuras e objetos, que possam garantir segurança em suas vidas, defendida pelo ateísmo – eis, com efeito, o império das coisas indefiníveis e dos seres indetermináveis, que, atualmente, tem derrubado teorias da estabilidade, modelos de autoridade competente, quadros permanentes de culturas e mentalidades aparentemente seguras e inabaláveis, situações de ocorrências constantes, com seus momentos até aqui bastante definidos e com suas circunstâncias até agora muito bem comportadas.
Verdadeiramente, o princípio da indeterminação aqui e agora no meio de nós está desenhando uma nova história da humanidade, uma nova visão da realidade, uma nova interpretação dos seres e das coisas, um novo olhar sobre as sociedades humanas, um novo modo de observar os fatos cotidianos e os acontecimentos do dia a dia.
Deste modo, a partir do conceito de indeterminação e em função de sua racionalidade bastante real pode-se configurar novos modelos de Deus, de homem e mulher, de cultura e sociedade, de tempo e história, de realidade e racionalidade, de teoria e prática, de consciência e experiência, de interesses e intencionalidades.
Indeterminados, somos eternos e infinitos, plurais e universais, globais e diferenciais, gerais, particulares e singulares.
Indefinidos, superamos as barreiras do conhecimento, ultrapassamos os obstáculos dos preconceitos e superstições, transcendemos os limites da aparência e da essência.
Somos então de fato substancialmente pessoas indefinidas e indeterminadas.
Tal é o nosso outro, novo e diferente momento real, racional e intencional da atualidade presente da humanidade de hoje.

3. A Crise dos Modelos
de Autoridade Competente

Em nossa sociedade moderna, temos assistido diariamente os conflitos e as discórdias aparentemente estabelecidos entre autoridades e seus subordinados, professores e alunos, médicos e pacientes, advogados e clientes, patrões e empregados, banqueiros e bancários, empresários e funcionários, comerciantes e comerciários, juizes e serventuários da justiça, pais e filhos, padres e fiéis, e outros, o que reflete e nos revela verdadeiramente a atual crise dos modelos de autoridade competente, fruto de pensamentos indeterministas e teorias relativistas, céticas e niilistas, que questionam tais paradigmas tradicionalmente absolutos, em nome de ideais como liberdade, individualismo, ateísmo, finitude temporal, instabilidade histórica, inconstância ética e religiosa, irreverência moral, inconsistência psicológica, desordem mental, indisciplina racional e desorganização dos conhecimentos até então adquiridos, transformando as garantias e seguranças desses modelos em algo efêmero, transitório, parcial, relativo, inconstante, sem estabilidade social, política, econômica e cultural, criando ao contrário por outro lado realidades cujos fundamentos não existem, bases sem bases, princípios ausentes em sua sustentabilidade, um mundo sem regras e sem dogmas, cuja essência é a eternidade de seus valores mutáveis, a mudança constitucional e institucional, o nomadismo de pensamentos e atitudes, a metamorfose ambulante, o movimento perene de construção de contrários, que se alternam permanentemente e se mobilizam infinitamente, e que tornam suas vivências e experiências cotidianas momentos de novas e diferentes possibilidades, abrindo o ser, o pensar e o existir para outras alternativas de liberdade e felicidade.
A Crise contemporânea desses modelos demonstra a necessidade que temos de certas mudanças para melhor, para o bem e a paz das sociedades humanas espalhadas pelo mundo inteiro.
Mostra-nos sobretudo que somos nômades.
Sim, estamos na era do movimento.
E tal movimento social e seu processo constante de mudanças destroem para sempre o desejo de modelos e autoridades permanentes, as teorias e ideologias absolutas e estáveis, dando origem pois a partir de agora aos pensamentos descartáveis, aos sentimentos relativos e aos comportamentos indeterminados.
É a indefinição da vida que se faz presente, visto que essa é a sua essência, o seu mundo de possibilidades e o seu universo de alternativas, sempre novas e diferentes.
Com efeito, a indeterminação é a nossa liberdade.
Indefinidos somos felizes.
Eis a nova visão das realidades vividas pela sociedade dos dias de hoje.

4. Na Berlinda da Existência,
os Autoritarismos de Estado, os Dogmatismos Filosóficos e os Absolutismos Científicos

Em função da ascensão do pensamento indeterminista atualmente em nossas sociedades locais, regionais e globais, aqui e agora, observa-se não só a crise das instituições como ainda a queda de regimes políticos antes sustentados pelo critério da estabilidade, o desprezo por filosofias e ideologias de cunho dogmático e a relativização das “verdades” científicas, outrora consideradas absolutas, intocáveis e seguras, todavia hoje perdem o seu significado eterno para se inserir no rol dos discursos verdadeiros mas relativos, transparentes porém transitórios, autênticos entretanto provisórios, sujeitos às instabilidades da experiência real cotidiana, aos limites da história e dos acontecimentos e às finitudes temporais cujas circunstâncias diárias e noturnas refletem a insegurança dos relacionamentos humanos e seu convívio sem garantias estáveis com problemas sociais e culturais, políticos e econômicos.
Desde então, na berlinda dos valores existenciais sem sustentabilidade segura e fundamentada, a vida social se vê questionada em seus momentos aparentemente carregados de garantias psicológicas e ideológicas, tornando assim o ambiente de relações e negociações algo descartável, mutável, irrisório, inconstante e muitas vezes irreal e irracional.
A Sociedade moderna está na berlinda da existência.
Vive hoje a sua própria metamorfose ambulante e circunstancial.
Suas transformações aparentes e essenciais a levam a um novo modelo de vida sustentado agora pela estrutura da instabilidade, provocando-lhe diferentes experiências voltadas ao bem que deve fazer e à paz que deve viver, se esse for o estado de existência ou o caminho que então abraçado certamente a ajudará a ser mais livre e feliz, ordeira e pacífica, fraterna e solidária.
As mudanças agora propagadas e que vem se consolidando no terreno social apontam para novos paradigmas de vida e outros e diversos modelos de existência cujas bases fundamentais são a eternidade dos pensamentos instáveis, a estabilidade das mutabilidades temporárias e a constância de ideologias e experiências sempre em movimento contínuo de superação de si mesmas, ultrapassando de acordo com a situação e o momento temporal e histórico os seus limites reais e transcendendo ao mesmo tempo as suas fronteiras e bloqueios de ordem social e cultural, política e econômica.
Urge buscar outros fundamentos baseados na idéia da instabilidade de valores, símbolos e vivências, todavia que seja sustentada e garantida por princípios racionais bem orientados cuja essência seja a sua durabilidade permanente.
Precisamos da instabilidade estável.

5. A Queda das Teorias
de Estabilidade

O Contexto histórico atual nos mostra que os modelos de instituições ou de estruturas e sistemas baseados na estabilidade estão caindo, isso porque as sociedades humanas modernas, em mudança permanente, vivem o contrário em seu cotidiano de vida: o caos das ruas, a instabilidade de idéias e valores, a insegurança existencial e espiritual, a falta de garantias econômicas e financeiras, o desemprego e a ausência de trabalho, a fome e a miséria, a turbulência urbana e rural, a crise moral e religiosa, o desvio de comportamento por causa de alterações no caráter ou aberrações na personalidade, a ignorância e o analfabetismo, a confusão mental, a desordem social e política, a ética sem transparências, a relativização das certezas absolutas, a indisciplina racional, a desorganização dos conhecimentos obtidos, a violência nos campos e nas cidades, os conflitos trabalhistas e familiares, os relacionamentos discordantes e antagônicos, as situações de indiferença e insensibilidade de uns em relação aos outros, a má conduta de grupos e indivíduos, a corrupção dos poderes, o vazio da vida e o nada da existência, o desrespeito às autoridades constituidas, a irresponsabilidade e as atitudes sem compromissos de muitas organizações corporativas, o amor carente de diversos casais, a ausência de fraternidade entre as pessoas e de solidariedade entre os povos, as amizades contraditórias e a generosidade hipócrita, enfim, um complexo de circunstâncias adversas que comprovam a insistência do indeterminismo coletivo em inúmeras populações e suas comunidades de moradores e trabalhadores, antes sustentadas por ideologias estáveis e teorias seguras que punham na estabilidade de paradigmas a sua força de permanência no meio da sociedade.
Hoje, os modelos de instabilidade já são uma realidade entre nós.

6. Sociedades Temporárias,
Culturas Transitórias e Mentalidades baseadas na Instabilidade

A Era das mudanças permanentes ou dos movimentos de metamorfoses constantes, que caracteriza o nosso instante atual, em todos os locais e regiões do Globo Terrestre, aqui e agora, vem construindo uma outra, nova e diferente cultura em nosso meio de vida e existência, como também uma diversa mentalidade baseada em alternativas e oportunidades que tendem a possibilitar valores, virtudes e vivências e experiências em torno da bondade e concórdia nos relacionamentos de cada dia, o que propicia para todos nós uma sociedade maior e melhor, certamente superior ao modelo de sociedade anterior, em que se viabilizam simultaneamente o progresso dos povos e o desenvolvimento das nações ricas e pobres, emergentes e em evolução temporária, o seu crescimento interior e exterior, físico e mental, material e espiritual, proporcionando assim aos seres humanos em geral mais saúde individual e coletiva, e mais bem-estar interpessoal, interdependente, onde a interatividade de pensamentos, sentimentos e comportamentos e seu compartilhamento de conteúdos de conhecimento de qualidade e excelência, geram maior dignidade humana e qualidade de vida comprovada no convivio social e cultural que estabelecem grupos e indivíduos diferentes e as novas e antigas comunidades de moradores e trabalhadores, que fazem as sociedades humanas caminharem nesse processo contínuo de transformações reais e atuais, temporais e históricas.
Esse quadro de instabilidade que hoje se verifica no meio de nós é o responsável pela construção de novos e diferentes olhares sobre a realidade, pela criação de diversos modelos de sociedade e paradigmas alternativos para o fluxo cultural que temos e o complexo de mentalidades cujo intercâmbio nos oferece oportunidades para produzir uma boa vida cotidiana e uma ótima existência fundamentada em bases psicológicas e espirituais bem consolidadas.
Hoje, o campo está fértil para o surgimento de categorias de vida e padrões de existência que encontrem no modelo de instabilidade a pedra fundamental para a construção de seu edifício físico, mental e espiritual, sustentado pelas garantias aparentemente seguras das sociedades móveis com suas mudanças estáveis e transformações mutáveis, que identificam o movimento moderno de metamorfoses ambulantes e seu processo de geração de condições de vida e trabalho, saúde e educação bem desenvolvidas.
Aqui e agora, abre-se o mundo para a renovação de suas estruturas de vida e a libertação de seus sistemas antes apegados ao absolutismo de suas representações mentais, institucionais e constitucionais.
Atualmente, um momento de abertura,
um instante de renovação interna e externa,
um cotidiano libertador de diferentes possibilidades e alternativas e oportunidades para todos e cada um.
Eis a Época da Instabilidade com seu indeterminismo cético e relativo, niilista e individualista.
Um tempo realmente de geração de novos modelos de Deus, de homem e mulher, de mundo e cultura, de sociedade e história, de natureza e universo, de vida e existência.

7. A Teoria Indeterminista

A Consciência dos Fenômenos
Indefinidos e a Realidade das
Experiências Indeterminadas

Sem teto e sem chão
Sem portas e sem janelas
Sem tempo e sem lugar

A Ordem do Caos
A Lógica do Concreto
A Eternidade das Realidades Infinitas

Um Mundo sem limites
Um Dia a dia sem fronteiras
Um Universo sem garantias
Uma Vida sem fundamentos
Um Cultura sem princípios
Uma Mentalidade sem origens
Uma Área sem seguranças
Uma Realidade sem bases
Uma Consciência sem fontes
Uma Natureza sem sustentáculos

8. A Cultura do Descartável

Em nossos tempos atuais, assistimos cotidianamente ao império de uma filosofia de vida cujo centro de atenções é o que é útil, agradável e interesseiro; à predominância de uma mentalidade onde o que é mais importante é a rapidez dos negócios, a velocidade das informações e a aceleração de atitudes e comportamentos; ao privilégio de uma cultura tipicamente descartável em que o que existe aqui e agora já não existirá amanhã ou em outro momento e lugar.
Então, o que vale é o instante, a situação momentânea, as circunstâncias aparentes e contingentes, a instabilidade do que é transitório e provisório, deixando-se de lado total ou parcialmente os valores permanentes, a constância das ações éticas e espirituais, a estabilidade dos trabalhos, o equilíbrio da mente e das emoções, o controle da consciência e o domínio de si mesmo.
É a cultura do descartável.
Na política, os deputados e senadores mudam de partido a todo instante caracterizando a chamada infidelidade partidária.
Na economia, o intercâmbio de capitais valoriza o dinheiro mais forte, aquele que tem mais poder, o que configura maior influência social, desprezando os baixos salários, o desemprego e as más condições do exercício do trabalho.
No casamento, passando pelo namoro e a paquera até chegar ao noivado, prevalece a mulher descartável, que o homem hoje arranja na rua e no dia seguinte está dentro de casa. E, dali a um mês, ambos já se encontram separados, partindo pois para novas uniões e novas separações, cada qual defendendo seus próprios interesses e privilégios, e garantindo o melhor lugar no mercado de amores e desejos, paixões e traições.
Nas Universidades, nas escolas de ensino médio e no ensino fundamental prioriza-se a didática da velocidade onde o tempo de ensino é dinheiro e a economia do conhecimento é a palavra mais forte na hora das avaliações dos alunos e alunas, sem falar nos testes de curto alcance e no baixo repertório de conteúdo proporcionado pelas provas presenciais e online, dentro e fora da sala de aula, nas pesquisas rotineiras e nos debates em que há mais gritaria do que raciocínio ou argumentação de idéias.
Na área de saúde, os médicos e enfermeiros e quase todos os agentes sanitários preferem vez ou outra o mercado da doença, o lucro que os remédios podem propiciar, o crédito oferecido pelos planos de saúde, a sua carreira profissional e a qualidade dos salários que podem usufruir, negligenciando o lado humanitário da enfermidade, a consideração que se deve possuir em relação ao doente ou paciente, o conteúdo de conhecimentos que a ciência, a tecnologia e a medicina em geral oferecem diante de tantas pragas e vírus, bactérias e moléstias as mais diversas e contraditórias, as condições ambientais dos hospitais, emergências e clínicas de saúde e ambulatórios, ignorando-se inclusive a prevenção profilática em nome de paliativos que não resolvem nem atingem a raiz dos problemas.
No campo da tecnologia, observa-se o constante troca-troca de telefones celulares, rádios e televisões, assim como a mudança permanente de automóveis novos e usados ou a compra e venda de imóveis, casas e apartamentos com uma rapidez e ousadia que nos impressiona e nos deixa surpresos.
No trânsito das cidades, ou até mesmo na aparente tranqüilidade dos campos e meios rurais, nota-se a urgência de atitudes, a emergência de comportamentos, a “falta de tempo” das pessoas, o descontrole dos horários e a falta de alternativas diante da hora curta e do pouco espaço de tempo e lugar, o desequilíbrio do tráfego com engarrafamentos e congestionamentos, acidentes de carros ou atropelamentos, a “hora do rush” quando tudo fica parado, trancado e engarrafado no vai e vem de ônibus, trens e barcas, autos e metrôs, navios e aviões.
Nas ruas e avenidas das Cidades, as pessoas não se olham mais, há uma correria exagerada para fazer as coisas, falta diálogo nas empresas e escritórios, os namorados esquecem-se até de beijar na hora da despedida, os transeuntes andam apressados superando o tempo escasso e o ambiente alienante e alienado onde se acham naquele momento.
Enfim, a cultura do descartável na mente das pessoas faz todos correrem, serem velozes e acelerados, driblando a disciplina necessária na hora dos compromissos ou ignorando a responsabilidade diante da indispensável maneira de assumir as coisas, os trabalhos e as tarefas do dia a dia.
Também no esporte – o comércio dos jogadores e atletas nacionais e internacionais – como na arte e na filosofia sobressaem a mentalidade de quem produz conteúdos descartáveis e o ambiente de negócios desqualificados, incompetentes e sem a transparência ética devida perante o mercado do que é útil e rápido, incoerente e instável, inconstante e veloz.
Sim, hoje o mundo é descartável.
Nesse universo, reinam os espertos e caem as pessoas direitas e de respeito.
Imperam os malandros.

9. Nomadismo

Sem tempo e sem lugar,
a experiência e a consciência
de atividades cotidianas
em permanente movimento

Mundo Polivalente,
Multifuncional e Pluridimensional

Observa-se hoje em dia, como fenômeno social emergente nas sociedades contemporâneas, aqui e agora, em áreas locais, regionais e globais, a presença de um novo comportamento vivencial, experiencial e existencial, temporal e histórico, real e atual, ao qual denominamos de Nomadismo, em que o homem e a mulher, na moderna era científica e tecnológica, crítica e dialética, informática e insofismática, dentro de sua experiência real cotidiana, age, vive, atua, trabalha e se movimenta constantemente, ultrapassando mesmo o tempo necessário para realizar suas atividades ao mesmo tempo em que ignora a fixação de lugares e a imobilidade de endereços fixos, então pensando idéias e ideais realistas, sentindo sentimentos sérios, autênticos e verdadeiros, comportando-se rapida e velozmente, otimista e positivamente, com bom alto-astral e auto-estima elevada, favorecendo diferentes tendências, abrindo-se a novas possibilidades, renovando-se interior e exteriormente, libertando-se de preconceitos e superstições, progredindo material e espiritualmente, evoluindo mental e fisicamente, crescendo economica e financeiramente emergindo social e coletivamente, emancipando-se politicamente, desenvolvendo-se natural, cultural e ambientalmente, superando limites, ultrapassando barreiras e transcendendo obstáculos, criando novas amizades, apaixonando-se por novos amores, crendo mais em Deus, confiando mais em si próprio, acreditando nas boas coisas da vida, na vitória do bem sobre o mal, da paz sobre a violência, da luz sobre as trevas, do amor sobre o ódio, da vida sobre a morte, abraçando pois a cultura do bem e da paz, e a mentalidade baseada na fraternidade, na solidariedade e na generosidade, agindo com mais juizo e bom-senso, buscando mais a sua saúde pessoal e o bem-estar dos outros, desejando mais a sua liberdade e a felicidade alheia, respeitando para ser respeitado, assumindo um compromisso responsável com sua ética comportamental, com sua espiritualidade natural, com sua nova mentalidade cultural cujos valores, normas e princípios fundamentam-se na prática da ordem e da justiça, do direito e da verdade.
Tudo isso, enfim, aponta para o Fundamento de todos os fundamentos, Ele, Deus e Senhor, o Criador, o Autor da Vida.
De fato, atualmente temos uma nova visão de Deus, um novo olhar sobre o homem e a mulher, uma nova interpretação da realidade.
Todo esse complexo humano, natural e cultural de limites, tendências e possibilidades caracterizam o Nomadismo, a nova humanidade dos tempos de hoje.

10. O Reino dos fluxos indefiníveis e o
Império dos complexos indetermináveis

A Filosofia indeterminista e seu mundo de ideologias sustentadoras de uma outra, nova e diferente realidade, identificada com o valor das indefinições e das representações indeterminadas, é responsável hoje pela crise de modelos de estabilidade, pela origem de opiniões céticas onde se acham a incerteza dos conhecimentos e as dúvidas sobre as verdades construídas, pelo niilismo existencial em que se verificam o nada da existência e o vazio espiritual, pela relativização dos fenômenos da experiência real cotidiana onde se privilegiam culturas descartáveis e mentalidades sem fundamentos concisos, a falta da essência na geração dos acontecimentos e dos relacionamentos e o cultivo das relações aparentes, sem substâncias filosóficas, que ignoram uma boa ética comportamental e uma ótima espiritualidade natural, assim como idéias sem sentido algum, raciocínios sem lógica nenhuma, símbolos confusos e imagens complicadas, valores sem consciência e consciências sem valores, atitudes sem respeito e irresponsáveis, juízos irreais e ausência de bom-senso nas atividades, a irracionalidade das ações e a inconsciência dos sentimentos vividos, pensamentos alienados e teorias alienadoras da realidade, distúrbios mentais e desequilíbrios emocionais, a violência e a agressividade nos intercâmbios entre as pessoas, a carência afetiva e o descontrole da cabeça com parcial domínio de si mesmo.
Esse reino de indefinições vividas revela a crise atual em que estamos.
Esse império de comportamentos indeterminados parece sugerir-nos a necessidade de buscarmos a partir de agora um novo modelo de sociedade e diferentes paradigmas de vida onde se gerem outras visões de Deus, de homem e de mulher, de tempo e de história, de mundo e de realidade, de natureza e de universo, de matéria e espírito, de corpo e de mente, de consciência e de experiência, de racionalidade e acontecimento.
De fato, o indeterminismo tem seu lado negativo porém nos apresenta um mundo de possibilidades e alternativas capazes de produzir diversas oportunidades para todos e cada um, além de nos propiciar esperanças de um mundo melhor e uma vida e existência mais pacíficas e fraternas, baseadas no bem pessoal e na solidariedade coletiva, condições de uma humanidade mais livre e feliz.
Assim, o momento presente é de expectativa para o que possa surgir de novo.
Quem sabe um novo céu e uma nova terra.
Talvez o paraíso que todos almejamos.
Possivelmente, um caminho aberto para a satisfação dos nossos desejos e anseios e realização dos nossos sonhos e necessidades.
Eis uma nova estrada de diferentes possibilidades.
Mergulhemos pois no novo.
Vivamos a diferença que agora está diante de nós.
Será a nossa liberdade que se aproxima ?
Pode ser.

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